Sabe aquela sensação de abandono? Foi isso que eu senti quando cheguei em casa e vi que minha mãe não estava.
Não haviam bilhetes em casa e nem mensagens no meu celular, dizendo onde ela tinha ido.
Aproveitei para fazer o que eu sempre faço: me acabar em musicas.
Peguei meus fones, subi as escadas, tirei a roupa e me joguei na cama.
Jack Bugg: Slide. Não tem nada melhor do que essa música pra quem quer ter depressão.
Depois de alguns minutos escutando minha musica favorita, acabei dormindo.
Acordei com o barulho da porta do meu quarto se abrindo.
- Filha acorda, se não você vai se atrasar pra escola - Dei um pulo da cama.
Como assim? Eu dormi tudo isso? O mais impressionante é que eu ainda estava com sono.
Olhei no relogio e quase tive uma parada cardiaca, ja se fazia tarde.
Peguei minhas calças pretas, um moleton cinza com vermelho e meus all stars. Pronto, agora eu só tinha o tempo de ir pra escola.
Inglês. Não há aula melhor que essa. Peguei meus livros no armario, e fui pra sala de Inglês, onde a Emma tinha me mostrado no dia anterior.
Entrei na sala e encontrei um lugar perfeito. A ultima carteira da ultima fileira do canto da parede.
Me sentei lá e meus olhos rodaram a sala, até encontrar Emma e uma menina sentada ao seu lado, deduzi que era a Samantha.
A aula começou com um tema não muito legal para mim: Os sentidos da Vida.
Todos prestavam a atenção na aula, enquanto o professor falava sobre os sentimentos, emoções, e outras coisas desse tipo.
Até ele parar no meio da explicação, fazendo todos o olharem confusos.
-Sr. Bradley, já que as minhas teorias não lhes parece interessar, venha até aqui e nos diga as suas sobre o assunto.
Meus olhos se fixaram nele. Ele se levantou e olhou para mim, e eu abaixei a cabeça.
- Não sei se sou a pessoa mais certa para ressaltar principios de vida, mas nesses 18 anos, eu vim levando e aprendendo essa passageira e louca viagem a terra. Posso contar quantas vezes me senti bem por ter abraçado alguém, ou por me sentir bem ao lado de alguém. Isso parece solitário e infeliz, mas é como me sinto - eu levantei minha cabeça e o encarei, olhando em seus olhos e me identificando cada vez mais com oque ele falava - Talvez a vida não faça sentido. Nos dedicamos, fazemos amizades, conhecemos pessoas, nos apaixonamos e nos magoamos. No final tudo sera em vão, pois nascemos para morrer.
Como pode alguem dizer, sem saber, tudo o que sentimos?
- Okay Oliver, ótimo ponto de vista, pode ir se sentar- Mauricius, o professor, falou
Oliver fez um breve aceno com a cabeça para o professor e se sentou. Apoiou os braços carteira e encostou a cabeça, ele parecia triste.
No mesmo segundo, ele olho pra atrás na minha direção e sorriu, sorri de volta.
O professor continuou a materia, até o sinal bater e todos sairem da sala.
Educação Fisica era a proxima, e eu tinha que vestir as roupas da aula.
Fui para o vestiario feminino, e vesti os shorts curto, e uma blusa branca que ficou um pouco apertada, eu estava parecendo uma daquelas vadias ridiculas. Mas tinha que usar, era uma das normas da escola, assim como a roupa que era dada pela mesma.
Saí de la, direto para a quadra, aonde encontrei Emma, e fui em sua direção.
- Hey - eu disse lhe chamando a atenção, pois ela estava de costas pra mim.
-Heeey! Ah meu Deus Valentina, como você esta gataaaaa! - Ela disse estericamente, pulando- Nem parece você. Tá parecendo uma daquelas meninas do filme Means Girls! - continuou e eu ri.
- Para com isso, eu já estou me sentindo horrivel com esta roupa- eu disse e ela riu.
- Valentina, esta é Sam. Sam esta é a Valentina- ela apontou pra mim e depois para Sam com a outra mão.
Sam era uma garota baixa, porem mais alta que Emma. Era asiática, ou descendente, mas ela muito bonita.
- Oii, eu estou muito feliz em te conhecer. Finalmente alguém vai me ajudar a aguentar a Emma. - Ela disse sorrindo, e em suas bochechas faziam covinhas.
-Obrigada, também estou muito feliz em te conhecer. - eu disse.
Por um momento, me esqueci de todos os dias que passei sozinha, de como me sentia quando era excluida e humilhada.
Me senti acolhida, e senti bem lá no fundo de toda a imensa escuridão que me cerca, um pingo de felicidade.
- Então Valentina, temos que achar um apelido pra você, tipo assim o meu é Sam, e o da Emma é Emy. - Samantha disse.
- É verdade Sam. Que tal Valery?- indagou Emy
- Eu adorei! - eu e Sam dissemos juntas.
- Oi meninas - ouvi uma voz falando atrás de mim, perto o suficiente para me fazer arrepiar.
- Oi Oliver - as meninas falaram juntas, e eu só consegui me virar, ficando de frente para ele.
- Oie Valery - ele disse sorrindo para mim. Em minha cabeça só se passava o possivel gosto de seu beijo, a senção do seu toque.
- Oi, Oliver - eu disse sorrindo e levantando uma das sombrancelhas.
- Meninas, vocês tem que escolher um time para jogar volei - ele disse ainda olhando para mim.
Olhei em direção de onde o resto pessoal estava, e vi um time de cada lado da rede, e todos nos olhavam.
-Vamos gente - Emy disse e começou a andar em direção a professora.
Ficamos as três paradas entre os dois times, enquanto Oliver foi para o time azul.
- Samantha Parsons e Emma Kolks, para o time vermelho. - a professora disse
- Valentina - ela me olhou sorrindo - Time azul.
Ah não que merda, é serio que eu tenho que ficar perto dele? Só pode ser Karma.
- Bem, vamos lá pessoal, quero um jogo com formação completa, sem disputa, apenas joguem - a Sra Lumaris disse.- A bola começa com o time vermelho.
Ela lançou a bola e um dos garotos pegou e foi sacar. A bola fez uma curva e veio em minha direção, uma garota que estava do meu lado, se meteu na minha frente e soltou a mão na bola, a mesma caiu no meio do outro campo.
A garota me olhou com cara de desdem, arqueando uma das sombrancelhas extremamente desenhadas.
- Se você não sabe jogar vai la pra tras - ela disse
Virei as costas para ela e fui até o fim da quadra e fiquei ao lado de um garoto
Desta vez foi a vez do meu time jogar, e um vadia foi sacar. Ela mirou, porem a bola foi com muita força e acabou saindo da linha
Outra vez, o time vermelho foi jogar um garoto bem grande, sacou a bola para cima e soltou o braço, que veio outra vez na minha direção atingindo minha cabeça.
Cai no chão zonza, e desmaiei.
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All I Want
ChickLitO que leva uma pessoa a tentar contra a própria vida? Uma rota de fuga da dura realidade? Talvez a falta de uma razão para continuar? Falta de paz? Amor? Afeto? Tudo que eu sempre quis foi ser feliz, feliz do jeito que eu via as outras pessoas sendo...