Fredão É Casado

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Dias depois de sair do hospital Cristina foi a cidade comprar algumas coisas para o bebê, enquanto olhava algumas vitrines uma das amigas de escola foi se aproximando depois de reconhecer.

- Cristina? Minha nossa há quanto tempo que não te vejo, me disseram que tá casada, é verdade?

- Sim, eu casei faz umas semanas.

- Mas não acreditei com quem você é casada, o maior mulherengo da região te engravidou menina.

- Eu e Frederico estamos casados, mas não é pra tanto, ele agora é um homem de família.

- Mas antes ele era de família, foi genro de meia cidade e a outra metade foi caso passageiro.

- Passageiro, sim eu entendo _ sorriu sem jeito _ mas agora ele é bem casado!

- Tomara que você de um jeito nele, porque ninguém conseguiu _ disse a gargalhadas.

- Eu preciso ir, mas foi um prazer te encontrar _ ela falou tão rápido que nem deu tempo da amiga falar e ela já tinha entrado no carro pra voltar para casa.

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Assim que Cristina chegou em casa atendeu o telefone e a voz do outro lado manhosa e debochada perguntava por Frederico o que ela não gostou e desligou na hora, no mesmo momento encarou o marido que acabava de chegar.

- Oi eu vou subir pra tomar um banho _ foi passando por ela sem muito ânimo.

- Tem algo pra me falar? _ encarou Frederico com cara de poucos amigos _ fala logo e deixa de tá fugindo de mim.

- Como? Cristina tá bem? _ disse sem entender aquele questionamento.

- Tá me traindo e suas amantes tão me ligando, feliz com isso?

- São coisas da sua cabeça, eu só ando trabalhando muito _ passou por ela como se nada e continuou o que fazia _ a gravidez te faz ficar maluca.

- Recebi a ligação de uma mulher, disse que estava com saudades do seu Fredão, me disse que queria ver você em breve _ se mordia de ciúmes e segurou na frente dele.

- Fredão? _ parou e sorriu lembrando de quando era solteiro e sem compromisso _ certeza que foi isso?

- Pelo sorriso na cara você conhece quem ligou e posso apostar que é uma das suas ex vagabundas, acertei? _ pegou o telefone e jogou pela janela.

- Tá doida Cristina!? _ tentou impedir mas levou um pisão e se afastou _ como vão ligar?

- Não vão mais, quero que troque de número e que as chamadas sejam restritas e com um reconhecedor de número,assim eu verei quem liga sempre.

- Você...olha você... _ respirou fundo pra não perder a cabeça _ não tá pensando bem, vamos esquecer isso por agora e depois conversamos ok?

- Estou ótima, quero trocar de número e vou começar a ser mais rígida, porque eu quero que nosso casamento dê certo.

- Cristina!? _ pensou que aquelas palavras eram só pelo calor da discussão _ sejamos civilizados e conversamos depois.

- Não Frederico, você vai ser pai e não quero nossa filha atendendo ligação de vagabunda que se acha no direito de ter liberdade com você me entendeu?

- Olha eu não sei o que pretende com isso, mas não vou entrar nesse joguinho de filho e blá blá blá...

Pra ele era difícil falar de ser pai, nunca quis nada parecido com uma família, mas por trauma que por querer viver a vida despreocupada de solteiro. Não deixou Cristina falar, virou de costas e foi direto pro escritório pegar um copo encher de tequila e beber lembrando que nunca foi amado por seus pais.

Mas Cristina por sua vez foi curiosa e foi atrás de Frederico trancando ambos no escritório, olhou o homem com os ombros caídos e a cabeça baixa murmurando palavras de lamento, não se sentiu bem ao ver ele daquele jeito.

- Se conversar comigo suas penas vão ser compartilhadas e vai doer menos Rivero.

- O problema são meus pais, pra ser sincero meu passado pesa.

- Como era seus pais? Bom você não fala muito deles e fico curiosa, eles seriam bons avós?

- Não... _ levantou e foi até a janela olhando a paisagem _ nem bons pais foram, não lembro de ser amado.

- Olha se não quiser falar eu entendo _ disse compreensiva _ sei que é doloroso.

- Olha eu preciso desabafar, quero ser um bom pai pra esse bebê _ colocou a mão no ventre dela e sorriu _ a história com os meus pais é complicada, quer mesmo ouvir?

- Queremos, esse bebê já te ama muito Fred! _ disse toda boba.

- Bom eu primeiramente nunca me achei parecido de fato com os meus pais, os dois tinha olhos azuis e enquanto ela tinha cabelo loiro ele era ruivo, mas meio calvo e ambos baixinhos, eu sou alto olhos verdes e porte atlético, nunca entendi porque quando eu comecei a tomar conciencia nos mudamos pra essa fazenda tão distante do passado.

- Já tentou conversar e perguntar a Cande o porque dessa mudança?

- Ela não fala, diz que existe uma promessa entre ela e meus pais e isso a impedi de falar já que foi um juramento no leito de morte.

- É verdade que seus pais pegaram uma gripe tropical?

- Na verdade era tuberculose, meu pai costumava ir aos bordéis e lá pegou, muito doente passou pra minha mãe, nessa época estávamos duros de grana e eu tive que ajudar eles em tudo, aguentei até o enterro de ambos e depois cai doente, Candelária me ajudou junto a um irmão do meu pai que eu nunca conheci pessoalmente, ele sem demora vendeu a fazenda dos meus avós e me passou o dinheiro pra reerguer essa aqui de novo.

- E o cofre que você tem no quarto? Não pega dinheiro só guarda _ aproveitou a curiosidade e peguntou de vez.

- Um dia eu irei devolver aquele dinheiro ao irmão do meu pai e assim sanar nossa dívida em completo.

- Agora eu entendo seu trauma, mas pode ter certeza que você não é um homem ruim, vai ser o melhor pai do universo pro nosso bebê.

- É o que mais desejo, uma família de verdade _ segurou suas mãos e as beijou _ mas entenda que preciso de um tempo, não é fácil pra mim.

- Não se angustie com isso ok? _ segurou o rosto dele e o beijou _ mas ainda vai trocar o número do telefone de casa _ seu tom mandão retornou.

- Ma...mas!? _ ficou sem entender, mas não iria contra esposa _ ok vou pensar nisso.

- Vou guardar as coisas do bebê meu "Fredão" só meu entendeu? _ ele balançou a cabeça rindo e viu ela sair rebolando.

JÁ NÃO POSSO NEGAR... QUE TE AMOOnde histórias criam vida. Descubra agora