6
Mais tarde, quando meus cachos já estão perfeitos, prendo um grampo de cada lado da cabeça, para evitar que caiam sobre meu rosto.
— Quer usar minha maquiagem? — oferece Anahí, e eu me olho no espelho.
Meus olhos sempre pareceram grandes demais para meu rosto, mas prefiro usar o mínimo de maquiagem, em geral só um pouco de rímel e batom.
— Talvez um pouco de delineador? — digo, ainda insegura.
Com um sorriso, ela me entrega três: um roxo, um preto e um marrom. Fico passando os três por entre os dedos, tentando decidir entre o marrom e o preto.
— O roxo vai combinar com seus olhos — ela sugere, mas abro um sorriso e balanço a cabeça negativamente. — Seus olhos são tão diferentes... quer trocar? — ela brinca.
Anahí tem olhos azuis lindíssimos; nem de brincadeira deveria dizer que quer trocá-los pelos meus. Pego o lápis preto e faço o contorno mais fino possível em torno dos olhos, ganhando em troca um sorriso orgulhoso de Anahí.
Seu celular vibra, e ela pega a bolsa.
— Eddy chegou — ela avisa. Apanho minha bolsa, dou uma alisada no vestido e calço minha sapatilha branca. Ela olha, mas não comenta.
Eddy está esperando em frente ao prédio, com um rock pesado tocando bem alto dentro do carro com as janelas abertas. Dou uma olhadinha ao redor para ver se tem alguém incomodado por causa do som. Mantenho a cabeça baixa e, quando levanto os olhos, vejo Christopher se ajeitando no banco da frente. Ele devia estar agachado. Argh.
— Senhoritas — cumprimenta Eddy.
Christopher me olha feio quando entro no carro atrás de Anahí e me acomodo no assento bem atrás dele.
— Você sabe que estamos indo pra uma festa, e não pra igreja, certo, Dulce Maria? — ele pergunta.
Olhando para o retrovisor lateral vejo um sorrisinho de deboche em seu rosto.
— Por favor, não me chama de Dulce Maria. Prefiro Dulce — aviso. Como ele sabe meu nome, aliás? Dulce Maria me faz lembrar do meu pai, e prefiro não ser chamada assim.
— Como quiser, Dulce Maria.
Eu me recosto no assento e reviro os olhos. Melhor não ficar discutindo com ele; não vale a pena.
Olho pela janela e tento absorver a música ruidosa enquanto nos dirigimos para a festa. Eddy estaciona em uma rua movimentada, com casas grandes e aparentemente idênticas. O nome da fraternidade está pintado em letras pretas, mas não dá para ler por causa das trepadeiras que crescem na lateral do casarão. Pedaços enormes de papel higiênico estão pendurados na fachada branca da casa, e o barulho forma a imagem perfeita de uma fraternidade universitária.
— Olha o tamanho disso... Quanta gente será que tem lá dentro? — pergunto, engolindo em seco.
O jardim da frente está cheio de gente com copos vermelhos na mão, alguns até dançando, bem no meio do gramado. Definitivamente não é minha praia.
— Está lotada, vamos logo — Christopher responde e sai do carro, batendo a porta atrás de si.
Do banco de trás, vejo um monte de gente cumprimentar Eddy, ignorando a presença de Christopher. O que me surpreende é que ninguém mais ali tem o corpo coberto de tatuagens como ele, Eddy e Anahí. Talvez eu até consiga fazer algum amigo na festa.
— Você vem? — Anahí abre um sorriso, abre a porta e desce.
Balanço a cabeça afirmativamente, mais para mim mesma do que para ela, enquanto saio do carro, tomando o cuidado de dar uma última alisada no vestido.
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After Love (Vondy)
FanfictionDulce, de 18 anos, sai de casa, onde mora com a mãe, para ir para a faculdade. Até então sua vida se resumia a estudar e ir ao cinema com o namorado doce que conheceu ainda criança. No primeiro dia na faculdade, onde ela passa a dividir um quarto...