10
Não consigo evitar que as lágrimas escorram pelo meu rosto quando chego à escada. Odeio a faculdade, e as aulas ainda nem começaram. Por que não fiquei com uma colega de quarto mais parecida comigo? Eu deveria estar dormindo àquela hora, preparando-me para a segunda-feira.
Festas não são minha praia, e meu lugar não é com essas pessoas. Até gosto da Anahí, mas não quero ser exposta a esse tipo de situação, nem a pessoas como Christopher. Ele é um mistério para mim. Por que precisa ser tão babaca? Então me lembro de suas prateleiras de livros... por que tudo aquilo? É impossível que um cara grosso e todo tatuado como Christopher tenha algum apreço por aqueles livros. A única coisa que consigo imaginálo lendo é o rótulo de uma garrafa de cerveja.
Enxugando as lágrimas, me dou conta de que não faço a menor ideia de onde fica a casa, nem de como voltar para o campus. Quanto mais penso nas decisões que tomei nessa noite, mais frustrada e estressada fico.
Eu deveria ter pensado melhor; é exatamente por isso que planejo todos os meus passos, para não acabar em uma situação como essa. A casa ainda está lotada e a música está altíssima. Eddy não está por perto, nem Pablo. Seria melhor procurar um quarto vago e dormir no chão? Tem pelo menos uns quinze quartos lá em cima, será que consigo dar a sorte de encontrar um vazio? Apesar dos meus esforços para esconder minhas emoções, falho, e não quero descer e permitir que todo mundo me veja desse jeito. Dou meia-volta, encontro o banheiro para o qual levamos Anahí e me sento no chão, colocando a cabeça entre os joelhos.
Ligo para Noah de novo, e dessa vez ele atende no segundo toque.
— Dul? É tarde, está tudo bem? — ele pergunta com um tom de voz meio atordoado.
— Sim. Quer dizer, não. Vim para uma festa idiota com minha colega de quarto e agora estou presa em uma república sem ter onde dormir e sem saber como voltar para casa — digo em meio ao choro. Sei que não é uma questão de vida ou morte, mas estou muito chateada para ter uma ideia mais clara da situação.
— Uma festa? Com aquela menina de cabelo castanhos? — Ele parece surpreso.
— Pois é, com Anahí. Mas ela está apagada em um dos quartos.
— Por que você saiu com ela? Ela é tão... Não é o tipo de pessoa com quem você andaria — Noah diz, e o tom de bronca em sua voz me irrita. Eu queria que ele me dissesse que vai ficar tudo bem, que amanhã é outro dia. Queria que me encorajasse, e não que me julgasse.
— Isso não importa, Noah... — Solto um suspiro, mas nesse momento alguém tenta abrir a porta, e corrijo minha postura. — Só um minuto! — grito para a pessoa do lado de fora e passo papel higiênico ao redor dos olhos, mas isso só faz com que o delineador fique ainda mais borrado. É exatamente por isso que não uso esse tipo de coisa. — Ligo pra você daqui a pouco, tem gente querendo usar o banheiro — digo para Noah e desligo antes que ele possa reclamar.
A pessoa do lado de fora começa a esmurrar a porta, e eu solto um grunhido enquanto vou até lá abrir, enxugando os olhos mais uma vez.
— Eu disse só um min...
Mas me interrompo ao notar os olhos pretos que me encaram fixamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
After Love (Vondy)
FanfictionDulce, de 18 anos, sai de casa, onde mora com a mãe, para ir para a faculdade. Até então sua vida se resumia a estudar e ir ao cinema com o namorado doce que conheceu ainda criança. No primeiro dia na faculdade, onde ela passa a dividir um quarto...