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Não consigo evitar que as lágrimas escorram pelo meu rosto quando chego à escada. Odeio a faculdade, e as aulas ainda nem começaram. Por que não fiquei com uma colega de quarto mais parecida comigo? Eu deveria estar dormindo àquela hora, preparando-me para a segunda-feira.

Festas não são minha praia, e meu lugar não é com essas pessoas. Até gosto da Anahí, mas não quero ser exposta a esse tipo de situação, nem a pessoas como Christopher. Ele é um mistério para mim. Por que precisa ser tão babaca? Então me lembro de suas prateleiras de livros... por que tudo aquilo? É impossível que um cara grosso e todo tatuado como Christopher tenha algum apreço por aqueles livros. A única coisa que consigo imaginálo lendo é o rótulo de uma garrafa de cerveja.

Enxugando as lágrimas, me dou conta de que não faço a menor ideia de onde fica a casa, nem de como voltar para o campus. Quanto mais penso nas decisões que tomei nessa noite, mais frustrada e estressada fico.

Eu deveria ter pensado melhor; é exatamente por isso que planejo todos os meus passos, para não acabar em uma situação como essa. A casa ainda está lotada e a música está altíssima. Eddy não está por perto, nem Pablo. Seria melhor procurar um quarto vago e dormir no chão? Tem pelo menos uns quinze quartos lá em cima, será que consigo dar a sorte de encontrar um vazio? Apesar dos meus esforços para esconder minhas emoções, falho, e não quero descer e permitir que todo mundo me veja desse jeito. Dou meia-volta, encontro o banheiro para o qual levamos Anahí e me sento no chão, colocando a cabeça entre os joelhos.

Ligo para Noah de novo, e dessa vez ele atende no segundo toque.

— Dul? É tarde, está tudo bem? — ele pergunta com um tom de voz meio atordoado.

— Sim. Quer dizer, não. Vim para uma festa idiota com minha colega de quarto e agora estou presa em uma república sem ter onde dormir e sem saber como voltar para casa — digo em meio ao choro. Sei que não é uma questão de vida ou morte, mas estou muito chateada para ter uma ideia mais clara da situação.

— Uma festa? Com aquela menina de cabelo castanhos? — Ele parece surpreso.

— Pois é, com Anahí. Mas ela está apagada em um dos quartos.

— Por que você saiu com ela? Ela é tão... Não é o tipo de pessoa com quem você andaria — Noah diz, e o tom de bronca em sua voz me irrita. Eu queria que ele me dissesse que vai ficar tudo bem, que amanhã é outro dia. Queria que me encorajasse, e não que me julgasse.

— Isso não importa, Noah... — Solto um suspiro, mas nesse momento alguém tenta abrir a porta, e corrijo minha postura. — Só um minuto! — grito para a pessoa do lado de fora e passo papel higiênico ao redor dos olhos, mas isso só faz com que o delineador fique ainda mais borrado. É exatamente por isso que não uso esse tipo de coisa. — Ligo pra você daqui a pouco, tem gente querendo usar o banheiro — digo para Noah e desligo antes que ele possa reclamar.

A pessoa do lado de fora começa a esmurrar a porta, e eu solto um grunhido enquanto vou até lá abrir, enxugando os olhos mais uma vez.

— Eu disse só um min...

Mas me interrompo ao notar os olhos pretos que me encaram fixamente.

After Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora