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A menina se vira e olha para mim. Tento mover os pés, mas estão paralisados.

— Quer alguma coisa? — ela rosna.

Christopher se senta na cama ainda debaixo dela. Seu rosto não tem nenhuma expressão — ele não parece estar nem um pouco incomodado.

Provavelmente faz esse tipo de coisa o tempo todo. Deve estar acostumado a ser flagrado, em festas, quase no ato sexual com meninas que nem conhece.

— Ah... não. Desculpe, eu... Estou procurando um banheiro, derrubaram bebida em mim — me apresso em explicar.

Que situação... A menina dá um beijo no pescoço de Christopher, e eu olho para o outro lado. Os dois formam um belo par. São tatuados e maleducados.

— Então vai logo encontrar um banheiro. — Ela revira os olhos, e eu concordo com a cabeça e saio do quarto.

Quando fecho a porta, encosto nela e respiro fundo. A faculdade não está sendo nem um pouco divertida. Não consigo entender como uma festa assim pode ser considerada diversão. Em vez de tentar achar um banheiro, decido ir até a cozinha e me limpar na pia. A última coisa que quero é abrir outra porta e encontrar estudantes cheios de hormônios montados uns sobre os outros. De novo.

Não é muito difícil encontrar a cozinha, mas está lotada, já que a maior parte da bebida fica em baldes de gelo sobre o balcão, e há pilhas de caixas de pizza. Para pegar papel-toalha e molhar na torneira, preciso desviar de uma menina morena que vomita dentro da pia. Quando esfrego no meu vestido, fragmentos do papel branco vagabundo se soltam, deixando a sujeira ainda mais visível.

Irritada, solto um grunhido e encosto no balcão.

— Está se divertindo? — Eddy pergunta, chegando mais perto. Fico aliviada ao ver um rosto familiar por ali. Ele abre um sorriso simpático e dá um gole em sua bebida.

— Não exatamente... quanto tempo costumam durar essas festas?

— A noite toda... e metade do dia seguinte. — Ele dá risada, e eu fico de queixo caído. Quando será que Anahí pretende ir embora? Espero que logo.

— Ei. — Começo a entrar em pânico. — Quem vai levar a gente de volta pro campus? — pergunto, notando seus olhos vermelhos.

— Sei lá... você pode ir com meu carro se quiser — ele responde.

— É muita gentileza sua, mas não posso dirigir seu carro. Se eu bater ou for parada pela polícia com menores de idade bêbados no carro, posso acabar me dando mal. — Não consigo nem imaginar a reação da minha mãe quando souber que vai ter que me buscar na cadeia.

— Não, não, é aqui pertinho... você devia ir com meu carro. Nem bebeu. Caso contrário, vai ter que ficar por aqui, ou eu vejo se arrumo alguém para...

— Não, tudo bem. Eu dou um jeito — consigo dizer antes que aumentem a música e tudo se perca ao som do baixo e dos versos, entoados praticamente aos berros.

Minha decisão de vir a essa festa está se revelando mais errada a cada minuto que passa.

After Love (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora