2%

633 50 8
                                    

Se tivessem de escolher entre duas opções, passar o Verão a engordar na cama ou ir para um centro de treino militar, qual escolheriam?

Pois.

Eu também.

Contudo, graças à minha adorada turma, a primeira opção já não seria possível. Depois de perceber que ia ficar sem fast food durante 3 meses e depois de passar pela dor de chegar à conclusão de que ia ficar sem ver Anatomia de Grey uns bons tempos, decidi ler a programação inteira do centro de treino militar.

O primeiro - e mais estúpido - tópico falava de objetivos. Na minha opinião único objetivo era matar-me, mas não era isso que o papel dizia. Aliás, alguns dos pontos sobre os quais o tópico dos objetivos incidia eram disciplina, agilidade, vida saudável e equilíbro mental e físico.

Boa! 

Tudo o que eu não tenho!

A vida de militar era dura, mas isso não era novidade, e íamos ter de cumprir todas as regras severas que nos iam ser impostas. E imaginem: eu não estava preparada para elas de nenhuma forma. Só me conseguia a imaginar a rebolar na lama ou a fazer flexões à chuva.

As atividades propostas assustavam-me ainda mais. Caminhar? Mal conseguia caminhar até à cozinha sem ficar cansada. Escalar paredes? Levantar-me de madrugada? Comida saudável?! Nah. Isto não é definitivamente a minha ideia de umas boas férias de verão. 

Íamos ter de respeitar horários e treinar juntamente com os militares. Treinar com militares? Só a ideia de me aproximar de alguém fardado aterrorizava-me. Já percebia o choque dos meus colegas.
Quando passei os olhos pelo vestuário obrigatório, quase me parti a rir. A Lisa devia estar à beira de um ataque de nervos. Metade da roupa que ela possuía não era permitida naquele local. 

Para acabar em grande, o horário. Pelos vistos partiríamos no dia seguinte às 5 horas da manhã. Quem não lá estivesse a horas estava chumbado e expulso da escola. 

Admito que fiquei, por vários minutos, a ponderar se repetir o ano não seria bem melhor do que um local daqueles.

Não era. 

Assim, fiz as malas.

                                                                                            »»»»


Eram 5 horas da manhã e eu estava sentada num banco do autocarro sozinha. Em vez de ser um daqueles assentos almofadados, não. Tinham escolhido o pior autocarro possível, com direito a pastilhas elásticas coladas nas costas das cadeiras e outros objetos impossíveis de identificar colados ao tecto.

O silêncio povoava aquele meio de transporte, já que toda a gente se encontrava a dormir, com fones postos e embrulhada em mil casacos e mantas de forma a se protegerem do frio que já se começava a sentir naquela zona do país. Se houvesse sempre aquela calma e silêncio na minha turma não era necessário sermos mandados para o outro lado do mundo para andarmos aos saltos ao lado de um lado para o outro e a fazer flexões à toa, mas só depois de algo assim ter acontecido é que eles queriam saber.

Os solavancos do autocarro acabaram por me embalar e, aos poucos, voltei a adormecer. Tentei convencer-me de que estava preparada para o que quer que acontecesse assim que acordasse. Talvez não fosse assim tão mau...

Não sei a que horas acordei; o telemóvel dizia que eram 10 horas da manhã, mas acordei tão assustada que quase caí do banco, levando o telemóvel comigo. Só ouvia berros à minha volta; apesar de distintos, estes ecoavam pelas árvores e penetravam o vidro do autocarro, fazendo-os facilmente chegar até mim. Os meus colegas acordaram igualmente estremunhados e assustados. Que raio se passava? 

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 04, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

[editing] military madness > harry stylesOnde histórias criam vida. Descubra agora