HAPPILY ━ CORBYN! ✓

01.

PASSADO

01 — melanie

   Deixei o sentimento de orgulho inflamar meu corpo quando ouvi o nome de Mock sendo chamado por nossa professora após a mesma dizer que anunciaria a protagonista da nossa peça da primavera. Ela havia conseguido!

Bati as palmas uma contra a outra, sorrindo de ponta a ponta com orgulho de minha melhor amiga, logo soltando um breve grito de felicitação.

— Parabéns! Você merece — a parabenizei quando ela retornou ao assento do meu lado.

— Valeu, Melly. Nem acredito. Tenho certeza de que você também vai pegar um papel maneiro.

— Na real, eu não vou participar da peça desse ano. Falei com a Senhora Daphne e ela entendeu. Vou me dedicar para um papel em um musical que vai ser gravado em breve — a conto.

— E você não me conta as boas novas? Que tipo de melhor amiga você é? — ela me empurra levemente, indignada, e eu rio.

— Estava esperando a confirmação sobre a audição. Não queria criar expectativas.

— Quem já sabe sobre seus respectivos papéis, pode sair — a professora avisa a classe e nós obedecemos, passando pelo corredor após sair da sala.

— Aliás, nem sei se tenho talento suficiente para estrelar um filme — digo, caminhando lado a lado com Heidi.

— Melanie Welch, você é a pura definição de talento. Nem venha com esse papo para cima de mim — ela me repreende. — Você já se viu atuando?

— An, não? — rio da sua pergunta. — Como alguém se vê atuando?

— Foi uma pergunta retórica — a vejo revirar os olhos.

Escuto passos pesados ao nosso lado e logo noto quem andava ali.

— E aí, esquisitinha! — a voz de Corbyn Besson chega ao meus ouvidos. — Como vai?

— Vai se ferrar, playboyzinho — mostro meu dedo do meio para ele.

— Obrigado pelo carinho, amor — ironiza e logo lança um beijo no ar, continuando seu caminho.

Eu não consigo medir meu ódio por Besson. Não sei exatamente quando e de onde surgiu.

Talvez foi naquele dia em que ele me deixou cair de uma altura consideravelmente alta em um musical no qual éramos coadjuvantes e ele foi obrigado a participar para ter nota.

Ou talvez quando ele começou a me chamar de esquisitinha do teatro por ter caído – o que foi culpa dele. Ou quando ele vinha junto com sua namorada – ex-namorada, atualmente –, vendo ela me humilhar em frente à escola toda e fingia nem mesmo ser meu vizinho.

Ah, e teve a vez em que estávamos na minha casa – era um churrasco da vizinhança – e ele jogou ketchup na minha roupa favorita. Aquele garoto era uma peste!

Mas eu nunca me deixei ser rebaixada por aquele playboyzinho. Sempre que vinham tentar fazer algo comigo, eu ajeitava a coluna, respirava fundo, e soltava uma pequena – tá bom, uma grande – série de xingamentos contra ele. Quando eu estava de bom humor, apenas o mostrava o dedo do meio.

— Esse menino te odeia mesmo, não é? — Heidi bufou.

— Não tanto quanto eu odeio ele.

🎸

Heidi lia o pequeno roteiro que eu havia feito para minha audição enquanto andava de um lado para o outro de meu quarto, agitada.

— Melly, isso tá ótimo! Mas... cadê a canção? — ela me questiona e solto um suspiro. — É um filme musical!

— Por favor. Não me lembre disso — me jogo na cama e encaro o teto cheio de pequenas estrelas que eu e Hed havíamos colado quando pequenas.

— Amiga, eu até poderia te ajudar. Mas você sabe como são as minhas habilidades para compor.

Solto um gemido baixo e tento pensar em uma solução.

— Mas... deixa pra lá, acho que você não vai se interessar por isso.

— Eu estou aceitando qualquer coisa no momento — me sento para ouvir sua sugestão.

— Você poderia pedir ajuda a Corbyn. Ele escreve ótimas músicas. A banda dele pode confirmar isso.

— Eu não estou tão desesperada a esse nível!

— Mas, amiga... — ela se arrasta até a cama.

— Não, Hed. Não, não e não! Não suporto aquele garoto.

— É sua única saída.

— Eu vou conseguir escrever uma música, você vai ver. Ainda tenho duas semanas.

— Vou confiar em você. Agora preciso ir, gata. Tenho ensaio para a peça hoje. Alias, você viu quem ficou como Peter Pan? Aquele gato do Chad!

— Você vai arrasar. Te amo — digo e ela já está na saída do quarto.

— Te amo, Mennie! — ela exclama de volta já descendo as escadas e logo escuto o som de algo se chocando contra o chão. — Droga! Desculpa, Kyla. Eu vou comprar um vaso de plantas novo pra você.

Rio da minha amiga desastrada e depois caio na cama novamente. Observo as estrelas no teto, analisando as opções que tinha. Mal pisco e percebo que já estava na janela de meu quarto, desesperadamente tentando chamar a atenção de meu vizinho irritante.