Já era de noite, e o padrasto de Jade tinha acabado de chegar do trabalho.
Ela já tinha me falado um pouco sobre ele, e não foram coisas nada boas. Os dois pareciam ter uma relação bem complicada e difícil. E Jade, certa vez até já tinha fugido de casa, por causa dele.
Jade mantinha contato sempre com seu pai biológico, e adorava ele. Porém, pelo fato dele morar longe dela, em outro estado, eles se viam bem pouco, e só estavam sempre se comunicando pelas redes sociais. E quando ela entrava de férias, todo ano, ela ia passar um tempo maior com ele.
Ela também me contou que tinha uma irmã e um irmão mais velhos, por parte de pai, e eles eram muito legais com ela também. Jade até queria morar com o pai biológico, mas o problema era que Jade não confiava muito em deixar sua mãe sozinha com seu padrasto... E o motivo? Bom, isso foi uma coisa que ela ficou bem tensa, e preferiu não me contar.
Eu e Jade nos abrimos sobre tantas coisas e sobre tantos dos nossos dramas familiares uma com a outra, mas sempre quando o assunto chegava no padrasto dela, ela travava em diversos momentos, parecia com medo de falar, e com um ódio visível em seu olhar toda vez que falava no nome dele: "Gregory Walters", ou apenas "Walters".
- Preparou o jantar? - Ele questiona, um tanto autoritário e grosso, e indo direto pra cozinha, sem nem notar ou então, ignorando a minha presença ali com Jade.
- Não deu tempo, mas quando eu voltar, preparo. - Jade fala, já me levando pra porta de saída da casa, às pressas aparentemente. Não entendi nada, mas fui. Até pensei em cumprimentar antes o padrasto dela, mas...
- Vai pra onde, a essa hora, Amelia?! - ele exclama bravo, após acender um cigarro e dar um trago nele.
- Vou levar minha amiga na ferrovia, Walters, que saco! - ela exclama, brava também. - Vem, Leigh. - Ela pega em minha mão, e me puxa indo até a porta e a abrindo agressivamente pra sair.
- Se demorar, vou buscar você, sua pirralha vagabunda!! Não faz nada o dia inteiro nessa maldita casa, mas vai fazer o meu jantar, tá me ouvindo?!
Jade e eu já tínhamos saído da casa, e ela já tinha fechado a porta, mas mesmo assim conseguimos escutar o que ele falou, e eu esbugalhei meus olhos, completamente chocada com a forma com que ele a tratou.
Jade olhou pra mim, e depois apenas saiu andando, cabisbaixa. A segui rapidamente, enquanto falava:
- Jade, espera!
Me aproximei chegando ao lado dela, e falei, num tom de voz mais baixo desta vez:
- Eu vi claramente agora, o porquê você não gosta dele...
- Odeio ele. - ela sussurra de repente, ainda sem olhar pra mim.
Enquanto íamos andando, algumas pessoas da vizinhança de Jade a cumprimentava, ao vê-la passando comigo pela calçada das ruas. Todos acenando e sorrindo pra ela. E Jade, ainda parecendo sem ânimo, apenas forçava um sorriso pra todos, acenando de volta, mas sem dizer nada.
Eu já tinha notado isso na nossa ida até a casa dela hoje pela tarde, mas agora eu estava confirmando... Jade parecia ser popular não só dentro do colégio, mas fora dele também. Todos amavam ela.
- Você é muito querida fora do colégio também, pelo visto. - falei, tentando descontrair um pouco com ela, enquanto caminhavamos e já até estávamos bem perto da ferrovia.
- Como assim? - ela sussurra, sem emoção, olhando pra mim.
- Eu vi como toda sua vizinhança fala com você pelas ruas, todos conhecem você e parecem gostar muito de você também. - sorri pra ela, tentando anima-la.
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Half Of Me
FanfictionUma jovem ter um alter ego que tem vontades próprias, e fala o que quer, e quando quer, em sua cabeça, é algo normal? Pra muitos, pode se dizer que não, que isso é loucura. Mas pra Leigh-Anne Pinnock... Essa resposta era diferente.