PESARES DE UMA NÃO RELAÇÃO

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-Mãe posso te fazer uma pergunta? -meu filhote fala a mesa na hora do almoço.

-Claro que pode, o que está te preocupando?

-O Victor é o seu namorado, a senhora brigou com ele?

Tento lhe sorrir, mas não consigo evitar a tristeza em meus olhos ao lembrar dele e de como nossa não relação mudou depois da nossa discussão, mesmo explicando, pedindo desculpas, está me evitando e só continua falando por mensagens.

-Filhote eu e o Victor somos ótimos amigos e não brigamos, apenas estamos muito ocupados nesses últimos dias, por que está perguntando?

-O pai falou que a senhora não pode namorar, para eu ficar de olho, mas eu gosto do Victor.

Ele diz na sua inocência, penso antes de falar, não as palavras certas, mas as que ele possa compreender.

-Lucas, seu pai é casado porque você acha que a mãe não pode namorar? Estou perguntando à você e não a opinião do seu pai.

-Se for o Victor eu deixo, ele é legal.

-Obrigada filhote, não estou namorando o Victor ou outro homem, mas quando a mãe namorar eu te aviso e não der importância quando seu pai falar esse tipo de coisa, porque ele não é nada meu ele é só seu pai entendeu?

Ele acena que sim, continuamos conversando sobre seus desenhos que com o apoio do Victor ele está mostrando seu talento, preciso usar minha psicologia de mãe e um pouco que aprendi no meu curso de serviço social, para que meu filho aprenda a se defender dos ataques do pai.

Como falar para uma criança de oito anos que seu pai está lhe usando para magoar sua mãe? Ou seu pai não tem poder sobre ele de decidir o que você gosta ou o que quer ser da vida? Seus questionamentos estão a cada dia maiores e o que o pai fala, deixa de falar, ou fazer por ele é motivo para lhe deixar triste, principalmente quando percebe que trata suas irmãs de modo diferente dele.

Resolvi passar a tarde lhe dando atenção, lendo e pintando seus livros de pintura. No fim da tarde o Lucas me dá um desenho para enviar para o Victor, feito com as canetas e estojo de pintura que ele deu. Esperava que ele respondesse de imediato, mas não foi o que aconteceu. Só a noite ele postou um áudio para o meu filhote porém não mencionou meu nome.

Não sei por que senti tristeza, por ele não querer falar comigo. Sento em minha cama após revirar de um lado para outro e não conseguir dormir, pego meu laptop para pesquisar algum assunto do curso, iniciei o quarto período, estou tendo um pouco de dificuldade, por isso decidi esse fim de semana dedicar mais tempo para estudar e não aceitar nenhum bico.

"Inferno, me deixa em paz homem!" Murmuro após um tempo por não conseguir concentrar na tela. Os gemidos que o Victor faz quando o toco não sai do meu pensamento. Desisto e vou até a cozinha tomar água, quase onze horas. "Melhor deixar para amanhã os estudos."

"Você é minha não tem que ficar me lembrando dele!" Reclamo com minha casa. Pareço maluca falando sozinha no meio da noite. Minha cozinha, meu sofá fazem lembrar dos nossos beijos.

Passo na porta do quarto do meu filhote para olhar para ele, sorrio quando vejo adormecido e um dos gibis que o Victor deu está ao lado da cama e outros espalhados pelo chão.

-Perdão filho, no meu egoísmo de ser mulher independente, não lhe dei um pai. -sussurro para ele.

Arrumo seus gibis, dou um beijo cobrindo seu corpinho magrinho. Dou mais uma olhada e vou para o meu quarto. Há tempos não sentia esse sentimento de culpa dentro de mim.

-E você porque esta sentindo falta dele também sua traidora. -falo para minha cama lhe dando um chute fraco.

Jogo meu corpo nela, sentindo‐me frustrada por constatar que todo meu corpo sente saudades dele. "Não posso permitir que o Victor bagunçe minha vida e meus sentimentos."

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