Segundo

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Muitos anos antes
Egito

Era noite quando Ele se encontrava sentado em seu trono de ouro.

Pensativo o homem encarava o lugar em que frequentava, o ilustre e gigantesco salão do palácio, tudo em ouro e pedras preciosas, tudo muito expansivo.

Uma música suave, ressonava no salão onde algumas poucas pessoas importantes para o seu governo se concentravam.

Não era como se ele estivesse infeliz ou feliz, estava apenas entediado, mesmo que dentro de si, ele sentisse que algo iria vir, um sentimento de ânsia por algo, ele não soube distinguir, e ele não gostava daquele sentimento.

Ele era Ramsés, o único, o faraó abençoado por um Deus, o único em que havia conseguido esse marco...o que ele deveria temer então? Nada, ele não deveria temer coisa alguma.

Seu olhar captava perfeitamente de quem dos seus servos era fiel e quem era infiel em seus atos, era nítido para ele, logo, ele tomaria uma providência perante aquilo, lentamente, de forma em que eles nem sequer notassem que tal pessoa fora expurgada pelas mãos do faraó.

Contudo, ele se encontrava entediado, não era como se ele não pudesse ter qualquer mulher em sua cama no momento em que ele piscasse, mas, ele não gostava de lidar com elas, todas buscavam ser sua rainha, sua concubina, não haveria uma concubina...nunca existiria uma rainha durante o seu reinado.

Herdeiros? Não, não existiria herdeiros, para que herdeiros se ele não iria morrer? Não havia a necessidade e ele não queria crianças, eram insuportáveis.

Aos seus vinte e quatro anos, Ramsés não era reconhecido por sua bondade, não mesmo, Ramsés era o Terrível, o Horror. Todos os povos em sua volta foram instituídos como seus, a terra de sua nação estava se expandindo em cada dia que se passava...tudo era seu.

Tudo estava aparentemente ao seu favor, a não ser por Seth, que tem estado em silêncio durante esses breves tempos, o silêncio do Deus era o que de certa forma o deixava em constante alerta, o seu silêncio poderia ser algo ruim, mas, também poderia ser algo bom...ele tinha que esperar para ver.

- Meu senhor, temos belas dançarinas para compor o vosso vigor, desejas que as permita entrar? - um de seus servos mais antigos o questionava com respeito, Abraxas, seu Vizir, seu amigo íntimo...o único em que conseguiu um pouco de sua confiança, além do fato de que Seth também o citou em suas conversas mais antigas.

Vendo a moção de seus servos em querer se saciarem com mulheres, ele permitiu que elas adentrassem com um aceno de sua cabeça.

Com tecidos caros, joias e véus, um grupo de dez mulheres adentravam o salão do faraó, dançando e encantando com o seu corpo os homens ali presentes, todos caiam facilmente nessa, sempre se deleitavam com a presença de mulheres.

Ramsés não via algo de interessante na cena, cada qual com uma mulher, no entanto, elas olhavam o faraó, não queriam seus chefes de estado, queriam ele, o glorioso e belo faraó...não era nada mais do que a própria luxúria e desespero, ele se deleitava com aquilo, rindo internamente com o desespero daqueles em que presenciavam.

Abraxas continuava ao seu lado, atrás de seu trono, ele era um homem da lei e de princípios, não era como se ele fosse se dar para qualquer mulher real, não, ele já tinha sua escolhida e sua escolhida estava crescendo lindamente ao lado de sua serva de companhia.

- Meu faraó, creio de que tais homens virão a profanar seu salão real se continuarem a tocar as damas de forma tão desconfortável - o vizir dizia analisando a movimentação em sua volta.

- Sim, irão - o homem tinha seu queixo sendo segurado pelos seus dedos, seus olhos vermelhos como sangue analisavam as circunstâncias, haviam dois...dois em que haviam a possibilidade de que ele retirasse de sua carnificina.

- Mate-os, filho...seus herdeiros o servirão de melhor forma - a voz grossa Dele soava em seus ouvidos, ele concordava com o que o faraó iria vir a fazer.

- Órion, retire Evan e Canopus do salão - o faraó ordenou com seu tom duro e certeiro, o seu conselheiro real caminhava em meio aos homens profanos em busca dos dois perdidos na parte mais afastada do salão.

- Meu senhor - Abraxas tinha o mesmo olhar de seu faraó, sabendo exatamente o que ele iria fazer, Ramsés não queria ter conselheiros amaldiçoados...ele já era o suficiente por todos eles.

Não dormindo, realizando feitiços mortais e matando como um ceifador que roubava a vida de todos que o tocassem...não, ele já era condenado o bastante para que sua alma nem chegasse a tocar o limbo.

Cansado, de certa forma ele estava cansado, ele se sentia sugado, cada vez mais sugado pelo seu poder.

- Meu senhor, os dois já foram retirados do palácio - Órion afirma ao se ajoelhar perante o homem em que servia.

- Queimem todos, não permita que escapem sob hipótese alguma - o faraó se levanta de seu trono andando em direção a saída principal de seu palácio.

Os panos pesados de suas nobres vestes junto ao seu cabelo preto longo e liso, suas joias que reluziam aos olhos alheios.

O faraó se encontrava fora do seu palácio quando viu a silhueta de uma mulher perto de uma das entradas do Rio Nilo...apenas um faraó poderia frequentar o Rio abençoado.

Ele caminha para perto da silhueta escura e misteriosa.

Próximo à ela, a Lua se regulou em seu eixo e as nuvens foram afastadas, seu brilho o revelou...revelou os olhos verdes e os cabelos de fogo...ela tinha cabelos ruivos como os dela.

A mulher mais bela em que ele já viu em toda a sua vida...cabelos de fogo eram almadiçoados para os egípcios, não havia uma pessoa ruiva sequer em suas terras.

Mas, ela, parecia uma Deusa...linda em um vestido diferente, que a fazia parecer flutuar em sua vista...como podia tal rosa do deserto fugir de seus olhos? O faraó estava parada enquanto seu antigo palácio herdado de seu pai pegava fogo em suas costas, alienado em seus pensamentos e na figura que refletia em sua frente.

- Pegue sua Néftis, meu filho - a voz do Deus o abala como uma brisa suave do qual ele nunca havia sentido nos anos em convivência com ele.

A Alma do Faraó - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora