Oitavo

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Hope se vê paralisada em seu lugar, ela havia escutado direito? Ela pensara que na verdade, aquilo fora um delírio de sua mente, não era verdade, certo?

- Oh puta merda - ela deixa escapar quando seu cérebro absorve por completo a informação, seu corpo vai ao chão, ela geme de dor com a queda brusca, o homem a encarava sem entender o que fora dito, no entanto, estava claro de que ela sabia alguma coisa sobre ele.

- Levante-se, rosa do deserto - o homem estende sua mão para perto do rosto desorientado de Hope, a ruiva a aceita vacilante, ele a puxa rapidamente, a firmando em seus próprios pés novamente, o que ela poderia fazer? Ela não sabia se auto responder, era um campo perigoso, muito perigoso - diga-me o que a incomoda em meu nome de nascença...talvez uma lembrança ou um fato futuro? - Tom indaga, sempre tão certeiro em seus apontamentos, Hope era como um documento real em que ele já havia lido muitas vezes e que poderia citar cada uma das suas emendas e regras.

- Não, não há incômodo - ela tenta miseravelmente afastá-lo de sua verdade, o que a faz obter uma mão em sua cintura que a puxa de volta para perto do corpo alto e forte do homem obscuro.

- Então - seus olhos vermelhos a cercavam como um destemido e ousado caçador experiente - chame pelo meu nome...chame pelo meu nome, Hope - sua voz era tão rouca que a pequena mulher sentira seu sangue combustar e pela misericórdia de Néftis, ela estava nervosa, como poderia escapar daquela situação? O chamar pelo nome? Sim, era apenas isso.

O analisando bem, a pequena ruiva, sorri genuína, ela tinha apenas que dizer...chamar pelo nome dele...o nome do seu maior inimigo, o nome daquele em que tentou a matar com tudo o que tinha, ela tinha que manter sua dignidade ao menos o que ainda restava dela.

- Ramsés - ela afirma e ganha um sorriso de canto do homem de escuros cabelos pretos reluzentes, tão brilhante e...excitante, ele era como uma máquina de luxúria, atrativo e furtivo como ninguém.

- Feiticeira, creio que talvez sua memória esteja levemente comprometida com sua viagem entre os tempos, talvez...apenas precise se sentir mais viva do que nunca para que sua memória seja reforçada - ele estava sendo informal, as coisas só pioravam para Hope...falar informalmente para um faraó era como se ele a declarasse alguém importante, alguém de muita importância.

- O-oque? - ela sente quando ele a pegou em seu colo e a colocou em sua grande cama, era diferente da cama em que possuía no cômodo em que havia acordado - você vai me matar? E-eu...eu não o fiz porque queria...eu juro...eu não queria - Hope sabia que aquilo viria a acontecer, ela tinha a certeza de que aquilo viria a acontecer, fazia dois anos em que ela não havia falado sobre a guerra e principalmente, sobre ele - e-eu...eu só queria...só queria ter crescido em paz, sem ter que estar predestinada a matar alguém - Hope chorava, o faraó via as lágrimas transparentes e insistentes descerem dos olhos verdes incomuns da sua linda rosa - eu queria ter brincado, ter namorado e...e ter sido feliz, me perdoe por matá-lo, eu tentei, juro que tentei não ter matado você, eu juro...por favor, por favor, não me mate, e-eu - ela tentava limpar as lágrimas de seus olhos, estava desesperada.

Ramsés via o caos, ela estava muito mais magoada do que ele pensava, ela havia matado alguém com aquelas mãos pequenas de fadas? As mãos que o tocaram com tanta gentileza, seus olhos cintilantes parecia ter passado muito tempo sem brilho, seu corpo esteve lavado pelo sangue até que ela surgisse das águas sagradas do Rio dos Deuses.

Ele via a rosa, frágil como ele havia pensado em que ela seria mesmo que seus espinhos o espetassem quando a segurou em seus braços, Ramsés sorriu quando a viu quem ela era de verdade, ela não era a petulante viajante no tempo, era sua dócil rosa que precisava ser cuidada pelas mãos firmes de um faraó para que a protegesse como sua eterna deusa, e ele faria aquilo, era o seu presente inestimável.

- Não me importo - Ramsés a empurra em sua cama, se colocando sobre o seu pequeno corpo esparramado sobre sua imensa habitação, Hope para de chorar quando seus olhos focam na presença sufocante do faraó - não me importo se me apunhalas em minhas gerações futuras, não me importo se me torturou até o meu padecer, até prefiro, porque significa que agora, tu serás unicamente a rosa do deserto de Ramsés, o único, ficará ao meu lado, me abraçará em minhas noites mal dormidas, me esperará quando me retirar para guerrear em vosso nome, padecerá em minha companhia se eu vier a fracassar, defenderá o Egito como a única dama presente em minha companhia...digo honestamente linda rosa, irei lhe dar uma vida digna de uma rainha e você estará disposta a me dar o vosso coração para protegê-lo sobre o juramento de Seth? - Ramsés estava sério, suas sobrancelhas estavam moldadas em linha reta, sua boca entreaberta e seus olhos em confusão como um eterno ciclone, estava pronto para o que viria como resposta.

- Ramsés...Ramsés - Hope não entendia, se sentia como um peixe em uma rede ainda dentro do mar, respirando, mas, por pouco tempo - não posso lhe entregar o meu coração, você o destroçaria - a pequena ruiva se livra do aperto sobre a cama e enfim, assim como havia chegado naquele lugar, ela havia partido...em silêncio.

O homem permanece em seu lugar, sentado em sua cama, encarando o nada, ele pensava naquele diálogo tempestuoso, ele a destroçaria? Essa pertinência o atingia em cheio, em busca de respostas, o homem passara sua primeira noite em claro, adormecendo apenas quando o sol quente surgia sobre o céu, na mesma constância em que outra pessoa se recolhia para os seus aposentos pessoais, olhos vazios e almas despedaçadas, eram cacos, cacos que poderiam serem colados em uma perfeita obra de arte...bastava unicamente...se aproximar.

A Alma do Faraó - Tom RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora