Olhos sanguinários +18

Cercados

*Sn on*

Era o alvorecer da manhã seguinte quando cheguei na borda verdejante e sombreada da floresta.

O céu ainda estava escuro, exceto por faixas em lilás e rosa que cortavam a imensidão negra desde o leste. Estava particularmente frio, mas minha calça de couro e a túnica grossa de linho eram o suficiente para me aquecer. Eu poderia ter optado por usar minhas roupas de batalha, mas elas chamariam atenção demais.

E, nessa missão em particular, era imprescindível que nada chamasse atenção... 

Tobirama já me esperava lá. O manto felpudo estava alocado em seus ombros largos. Os pelos  brancos roçavam suas bochechas pálidas, bem próximos das cicatrizes pintadas de vermelho. Seus cabelos estavam bagunçados e livres na testa. Ele não usava a bandana de Konoha. 

Com os olhos vermelhos e atentos, o Senju imediatamente me notou chegar. 

Em completo silêncio, ele me observou ir de encontro a si. Seu rosto, com a expressão séria de sempre, mas nas íris tinham um brilho de diversão, como se Tobirama estivesse prestes a ter o dia mais empolgante e divertido da sua vida.

Eu, por outro lado, era o puro retrato do mau humor, como se estivesse sendo arrastada para uma obrigação detestável. Eu odiava acordar cedo, talvez fosse isso. Ou talvez fosse o albino intoxicante e eletrizante na minha frente. Talvez fosse o fato de que eu passaria os próximos três dias com ele. E só com ele.

Tobirama - Olá, parceira. - Sussurrou, em seu tom cadente e rouco de voz. Seu lábio repuxou para cima: um sorriso torto. - Estava te esperando ansioso. 

E por mais que eu quisesse interpretar suas palavras como pirraça ou ironia, só consegui enxergar pura sinceridade nelas. Só pude ouvir transparência na forma quente e ambígua que seu tom saiu dos seus lábios. 

S/n - Tenho certeza que estava. - Ralhei ao rolar os olhos.

Tobirama ergueu uma sobrancelha ao me dar um risinho convencido. Ele deu um passo na minha direção e pegou a ponta da minha trança, enrolando os fios soltos do final. Ele se inclinou um pouco, o suficiente para que seus olhos ficassem na altura dos meus. Então sussurrou:

Tobirama - Mas posso apostar que você ainda estava mais ansiosa que eu. Ansiosa para ser só minha pelos próximos dias. 

Minha.

Minha pele enrubesceu quando uma pontada aguda torturou meu baixo ventre. Tive vontade de contrair as coxas, sem nem entender o motivo.

Tobirama ergueu a mão. Com o polegar, ele desenhou suavemente o contorno da minha bochecha vermelha e quente. 

Tobirama - Você, corada assim, quase não parece ser capaz de cravar uma kunai na minha garganta. 

Eu bati em sua mão. Ele abriu os lábios e seus dentes brancos faiscaram num sorriso de presunção. Pura presunção ao ver que tinha me afetado. 

S/n - Pare de brincadeirinhas, albino. Quero fazer isso o mais rápido possível, para me ver livre de você o quanto antes. - Grunhi. 

Tobirama deu de ombros ao se afastar. 

Tobirama - Se você diz...

Olhei ao redor, procurando por um possível companheiro de viagem que seria muito mais agradável do que o Senju. 

S/n - Onde está o Luphe? 

Tobirama me olhou sobre o ombro, enquanto ajeitava as alças da pequena mochila que ele tinha no ombro. 

Tobirama - Patrulhando à distância, verificando os arredores que ficaram para trás. Pedi para que ele fizesse isso caso...

S/n - Caso alguém tivesse me seguido. - Completei.