Capítulo 11

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Fechei as torneiras do chuveiro, mas não ia desfilar seminua até os armários. No entanto...

Ela gosta de mim. Sorri comigo mesma. Imagino se ela...

Meu celular tocou. Antes que eu conseguisse pensar, Wan falou:

— Deixa que eu atendo.

Enquanto secava minha cabeça na toalha, ouvi-a dizer:

— Quem? Não, desculpe. Para que número você ligou?

Dei uma olhada no meu corpo arrepiado e enrolei a toalha em volta dele, um pouco mais baixo do que de costume. Agarrando meu maiô molhado no chão, caminhei até os bancos, perguntando:

— Quem era? Minha mãe?

— Engano. — Wan me observou de cima a baixo e deixou escapar um suspiro. Ela levantou de repente e disse: — Preciso de um café. Tenho que voar.

Caí no banco me sentindo envergonhada, exposta. Idiota. Comecei a me vestir.

(...)

No caminho até o jipe, na hora do almoço, quando íamos para o McDonald's, Nebula falou:

— Ah, mudando de assunto, Natasha, o Bruce. Sábado à noite está cancelado. O Peter terminou comigo.

Estaquei no meio do estacionamento.

— Ah, não, Nebula. O que aconteceu?

— A coisa mais engraçada. A mãe dele não me aprova. Disse que sou velha demais para o Peterzinho. Acho que os boatos de que sou uma vadia, chegaram até os ouvidos dela. — O olhar cortante dela me atravessou.

Quê? Eu nunca...

— Ah, desculpe — ela acrescentou. — Uma piranha.

— Nebula! — protestei. Depois, mais calma, falei: — Eu sinto muito.

E sentia mesmo. Ela parecia péssima. Nem sequer usava maquiagem hoje, o rosto estava pálido e manchado.

Ela fitou o horizonte.

— Nunca consigo fazer nada direito. — Os olhos dela se encheram de lágrimas. Estiquei os braços para abraçá-la, mas ela subiu no banco traseiro do jipe, se arrastando para o lado mais afastado e mantendo o olhar à frente.

Carol e eu trocamos olhares. Acho que Carol já sabia. Ela se acomodou do lado da Nebula e deu um tapinha no joelho dela. Acho que sentia sua dor mais do que eu.

— Sábado à noite? — Bruce falou ao meu lado. — O que tinha no sábado à noite?

Ops. Acho que esqueci de contar a ele.

— Nada. Não importa agora. — Ele ia dizer alguma outra coisa, mas eu o cortei dando-lhe as chaves do carro. — Você dirige. — Normalmente Bruce ia no banco do passageiro, mas hoje ele havia trazido Clint, então pensei que gostaria da oportunidade de exibir a testosterona.

O McDonald's estava apinhado de crianças pequenas, berrando e correndo atrás umas das outras no Playland. Enquanto nós cinco ocupávamos uma cabine nos fundos, falei para Nebula:

— Quer que eu vá à sua casa hoje à noite? Pra conversar?

— Não. Estou bem. Ele é o filhinho da mamãe. E daí? De qualquer modo, já estava me dando nos nervos. — Ela enfiou um canudo pela tampa da Coca diet. — Então, sua amiga sapa vai enviar a proposta para uma Aliança Gay e Hétero? — Ela perguntou.

— Não — respondi, sentindo uma queimação se espalhar pelas minhas vísceras. — Não a chame assim, ok? O nome dela é Wan. — Levei o Big Mac até minha boca. — Ela não quer uma aliança, quer só um clube gay. — E mordi.

Don't tell our secret (Wantasha)Onde histórias criam vida. Descubra agora