Conto quatro : Às sete melodias de Felícia

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Já se passaram nove anos desde o dia que ela foi tirada de mim. Espero que ela esteja orgulhosa por eu ter amadurecido e me tornado uma grande mulher como a minha mãe e as minhas tias . Aposto que a Felícia esperava que eu realmente me casasse com o seu irmão Diogo , mas já fazem quase sete anos que eu descobri aquela traição , e hoje estou a quase dois anos com o Ben.

Podem ter passado nove anos , mas eu ainda me lembro como tudo aconteceu no dia 25/10/2011 cinco dias antes de eu fazer 15 anos .

O dia estava um pouco frio mesmo para New York agora as ruas estavam revestidas de tons dourados , vermelhos e castanhos , eu e a Felícia a minha melhor amiga e fiel companheira tínhamos acabado de sair de uma loja onde eu faria a retirada do meu vestido de 15 anos , quando nós começamos a receber um atentado à mão armada. Estávamos rodeadas por 16 homens de preto , todos encapuzados, todos tinham estampado nas suas camisolas uma cobra real verde esmeralda , todos eles faziam o mesmo apontavam as suas armas apontadas para mim , mas só um atirou . Por breves segundos eu sabia que iria levar um tiro, mas ela cometeu um erro fatal , ela meteu-se na minha frente. E eu só consegui manter os olhos fechados por todos os segundos que mais pareciam horas .

Quando eu abri os olhos eu a vi no chão, toda ensanguentada aos meus pés. Já haviam chamado o socorro e eu coloquei a sua cabeça no meu colo na esperança de ter chance de a salvar. Mas salvá-la não era uma coisa que eu pudesse fazer, infelizmente.

Felicia : Minha menina, eu já não vou ficar aqui por muito mais tempo , eu só te peço uma coisa . Nunca percas esse teu brilho desses teus olhos verdes .

Alguns segundos depois vi o seu olhar desfalecer nos meus braços , eu queria gritar , chorar , pedir por ajuda mas nada saia da minha garganta . O seu corpo foi levado pelos médicos e eu só consegui ficar calada sem saber o que fazer , alguns longos minutos depois eu fui levada para casa pelo meu pai .

Alguns dias se passaram e o seu funeral foi realizado , o dia estava mais cinzento que o normal , chuvoso e a tristeza pairava no ar , a cada segundo que passava o ar ia ficando mais inebriante . Como se a cada segundo eu fosse ficando mais sem ar .

Todos da minha família se encontravam naquele cemitério que em grande parte pertencia a minha família , como várias outras partes da cidade .

Dentro daquele caixão eu vi o que sempre havia temido, a morte da minha melhor amiga Felícia Rasmussen . Mesmo depois de vários dias ela continuava com as suas feições brancas como a neve , os seus longos cabelos castanhos chocolate e aquela tatuagem no pescoço que dizia " I am a rebel " . Num piscar de olhos , o seu caixão começou a descer e eu desfiz-me em lágrimas , tentei abraçá-la uma última vez , mas fui tirada daquele lugar pelo Nathan mesmo contra a minha vontade eu saberia que não aguentaria mais um segundo com aquela visão .

Nathan: Tu tens de ter calma , chorar não a vai trazer de volta nem aliviar a tua dor . Eu entendo o que estás a sentir .

Eu: Nós estávamos no lugar errado a hora errada . A culpa é toda minha

Nathan : Não a culpa , não é tua . Não teve a menor culpa de ter sofrido um atentado à mão armada .

Eu: Eu nunca me vou conformar que isto aconteceu .

O Nathan simplesmente deu-me um abraço e fomos obrigados a voltar para casa .

Os anos foram passando e a cada segundo tudo ficava mais estranho , os meus poderes iam ficando cada vez mais descontrolados e destruidores . Eu sonhava com ela todos os dias e ia recebendo mensagens seja uma flor , uma folha , uma sombra ou simplesmente uma palavra num livro , então para aliviar a dor , a depressão , e a perturbação eu escrevi este texto em que pude depositar um pouco da minha eterna dor.

Apenas alguns contos aleatóriosOnde histórias criam vida. Descubra agora