XII. Garotinha perdida

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2 HORAS ANTES

Ver sua mãe e irmão brigar havia sido assustador, como um choque para a Ellen. A garota não era tão desenvolvida igual as outras de sua idade, muito devido ao seu problema auditivo que a impediu de se socializar com muitas meninas e fazer novas amizades. Por viver uma vida mais caseira e próxima de sua mãe, a garota teve uma maturação mais tardia, e ainda hoje apresenta comportamentos considerados infantis para sua idade. Esse impulso de correr quando confrontada com algo chocante era comum para  garota, que repetia este padrão de comportamento diversas vezes, sempre que sua mãe ou irmão a confrontavam por algum motivo. A garota fazia isto na inocência e sempre que sua mãe a tentava confrontar, ela começava a chorar em desespero, como se houvesse cometido um crime terrível.

Ellen no entanto, era muito boa em esconder segredo de sua família. A menina sofria muito bullying devido ao seu problema auditivo. Um dos maiores praticantes de bullying contra a garota, era Maverick, o mesmo colega de Leon. Isso acontecia com certa frequência, já que a escola especial em que a menina estudava ficava próxima a casa do rapaz que nunca perdia a oportunidade de atormentar as crianças especiais. Entretanto, quando o garoto descobriu que Ellen era irmã de Leon, começou a intensificar ainda mais a prática de bullying como uma espécie de provocação para Leon.

Leon nunca soube sobre estes problemas que a garota passava, haja vista que ela sempre os escondia, assim como todas as piadinhas que assistia os outros fazerem, como fazer caretas e provoca-la bem em suas costas ou assusta-la a todo momento. E mesmo sofrendo tudo isso, a menina não perdia a inocência em seu olhar e ainda desejava fazer seu ensino médio na mesma escola que Leon, mesmo que isso viesse sendo causa de grandes discussões na casa daquela família.

Após certa distância percorrida, a garota parece retornar sua consciência e começa a refletir sobre o quão longe havia fugido durante sua crise de desespero. Ellen começa a olhar para seu redor, tentando reconhecer o local onde estava, sem sucesso. Era algumas casas que se afastavam cada vez mais, dando espaço para árvores que se retorciam com os ventos que começavam a trazer a chuva para aquela cidade. O pior de tudo era que nestas casas próximas, não parecia haver ninguém disposta a ajuda-la. Era como se todas as pessoas estivessem reclusas dentro do seus lares sem se importar com o que quer que estivesse passando pelo lado de fora, deixando Ellen sem muitas opções além de tentar escolher uma das casas para bater e pedir ajuda.

Do seu lado esquerdo, na mão onde tinha um pequeno e delicado relógio de ponteiro que contavam ser de seu bisavô, havia uma grande casa com o estilo padrão americano. Uma enorme casa sem qualquer muro de proteção, rodeada pela floresta e com um jardim de gramado, com algumas árvores tomando o espaço e enchendo o chão de folhas que o vento conseguia arrancar.
Devido a esta fachada simpática, Ellen se sente motivada a se dirigir até a porta desta residência, afim de pedir ajuda. A garota torcia para que, quem quer que morasse ali conseguisse se comunicar com linguagens de sinais, uma vez que ela ainda estava com dificuldades de entender a linguagem comum.

A menina vai a passos lentos, sentindo a atmosfera da tempestade a atingindo e as primeiras gotas de chuva se chocando contra sua pela, a molhando lentamente. A menina, tímida, sentia cada passada como se aproximasse do corredor da morte e não tivesse outra solução a não ser chegar até o fim dele.  "Porque os donos não saíram ainda?" Ela pensava consigo, imaginando estar fazendo barulho o suficiente para atrair a atenção deles. E conforme a menina ia, sentia toda a atmosfera ao seu redor parecer avisa-la de algo.

Enfim, a menina chega frente a frente com a porta da casa. Tudo parecia vazio e a menina começava a se perguntar se haveria alguém ali. Apesar destes pensamentos, ela decide logo soltar um grito para chamar os donos daquela casa: "Olá, tem alguém?" era dito pela garota, junto com um coro de palmas que para ela soariam altas o bastante. Quando a garota batia suas mãos tão fortes ao ponto de causar uma leve ardência, ela sabia que aquilo significava um som alto. Mas, apesar de todo o esforço da garota, nada havia se manifestado do outro lado. "Talvez eles tenham falado algo de dentro?" Pensava a garota sem entender o porque dos donos não se manifestarem. Então, ela decide novamente bater palmas naquela casa, de forma insistente e intensa.

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