XIV. Pânico

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Um forte zumbido era misturado com gritos ecoando desesperados que cada vez pareciam mais distantes a medida que a consciência parecia fugir do corpo de Oliver. Atingido por um forte caco de vidro, o pescoço do rapaz derramava uma quantidade assustadora de sangue, enquanto o garoto afogava naquela poça do líquido escarlate. Os gritos eram desesperadores e autênticos, e foram reproduzidos em coro por quase todos os presentes naquele refeitório que testemunharam a horripilante cena de um galho de árvore que atravessara o local estilhaçando vidros para todas as direções, uma delas sendo exatamente o pescoço do garoto.

Melissa havia corrido em desespero para gritar a professora, com um pânico tão visível que seus olhos quase saltavam de seu rosto com algumas lágrimas relutando em escorrer. O rosto e roupas da garota estavam agora tingidos de sangue, o que facilmente poderia ser interpretado com o visual de um assassino impiedoso. Enquanto Melissa gritava desesperada para alguém que pudesse ajudar o garoto, Leon havia se ajoelhado ao lado do amigo, tentando tampar o sangramento com sua camiseta. O rapaz agonizava em desespero, se contorcendo não de dor, mas de relutância em aceitar sua morte que parecia cada vez mais eminente. O caco de vidro ainda estava preso em seu pescoço, o que acabou ajudando a segurar a pressão do sangramento. Por sorte, remove-lo não parecia ser uma tarefa tão difícil, mas seria extremamente delicada para que não cortasse ainda mais a pele do rapaz. Se, talvez as veias e artérias de sangue do corpo do rapaz tivessem ciência do dano que estavam causando a vida do rapaz, iriam segurar o fluxo de sangue, para que evitasse que o mesmo se espalhasse ainda mais pelo chão, já tingido da cor escarlate.

O improviso que Leon havia feito com sua camiseta pareceu ajudar em evitar o sangramento, pelo menos pelo tempo em que a professora Ruth e o policial Sam vieram em desespero para ver o que acontecia. O policial Sam estava na diretoria a grande parte do tempo, enquanto trabalhava no caso do desaparecimento de Peter e relia cautelosamente o depoimento das meninas. Sua presença ali havia vindo a calhar anteriormente e agora o homem estava dando um bom suporte em ajudar Ruth em segurar os alunos dentro da escola, além de proteger e reforçar as vidraças e entradas da escola. Infelizmente, o homem ainda não havia chegado na cantina, ou o resultado poderia ter sido totalmente diferente.

Contudo, após uma rápida olhada no jovem, Ruth e Sam se olham, compartilhando a mesma expressão de pânico e desespero que todos os outros adolescentes ali estavam fazendo:
- Vamos leva-lo para a enfermaria - Fala Ruth para o policial e compartilhando os olhares com Leon ao mesmo tempo.
- Mas, as enfermeiras não estão aí hoje - Fala Emily, vindo de fora se juntar a conversa.
- Se acalmem, por favor - Fala Ruth analisando o grande ferimento de Oliver - Precisamos ajudar o colega urgentemente, e claramente não vamos contar com o serviço de emergência, não com esta tempestade.
- Anda logo, vamos leva-lo - Fala o policial segurando o garoto de forma confortável, para que não o expusesse a riscos, ainda mais devido ao seu ferimento.
- E quem vai cuidar dele? - Fala Leon desesperado - Ele vai morrer
- Nada disso, se acalme - Fala Ruth acompanhando o policial.
- Eu tive um treinamento de emergências médicas na polícia - Fala Sam - Eu consigo ajudar o garoto
- Mas, ele perdeu muito sangue, está inconsciente - Fala Leon preocupado.
- Vou fazer o possível - Fala o policial - Não se preocupem, o amigo de vocês está em boas mãos.
- Vamos logo - Fala Ruth puxando o policial para a sala de enfermaria, que apresentava duas camas hospitalares e alguns equipamentos médicos. Havia um pequeno refrigerador que guardava alguns remédios e bolsas de soro, que são rapidamente pegas pela Ruth. A mulher em seguida, fecha a porta, cerrando a visão dos estudantes.

Do lado de fora, próximos o suficiente da sala, Leon e Melissa começam a ouvir de relance o teor da conversa da sala. Ruth parecia estar segurando na mão do rapaz e o acalmando, quando a voz de Sam ecoou em um tom legítimo, dizendo "Vou fazer a retirada, e em seguida começar a costurar, que Deus nos abençoe". Alguns segundos depois, o som do vidro sendo começando a ser retirado, com o som da carne se retorcendo para se livrar daquele objeto eram ecoados pelo ambiente.

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