Capítulo 2

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Após alguns minutos de caminhada a garota a minha frente para de andar.

- Chegamos.

Olho em minha volta e não tem... Nada.

- Você tá de brincadeira comigo, né? Aqui não tem nada.

- Não idiota, aqui embaixo. - Ela aponta para uma pequena porta de madeira ao chão.

- Pera, seu esconderijo é embaixo da terra?

- Sim, algo contra?

- Nada, só é meio impressionante...

A garota apenas desvia o olhar e abre o alçapão mostrando algumas escadas que ela começou a descer, eu observo a escada por alguns segundos até a Rebelde de repente parar.

- Ei garota suicida, você vem? Não me diga que é claustrofóbica.

- Não se preocupe, estou logo atrás de você.

- Hm... espero bem que sim, se não...

- Você irá me caçar até nas maiores chamas do inferno. Eu já entendi rebelde, não precisa repetir.

- Hm, ainda bem.

Ela então volta a andar e eu a sigo. Não era boa ideia fugir, aquela garota mostrava cada vez mais que sua promessa de me perseguir até á morte se eu fugisse era a maior das verdades. Acho que por enquanto vou ter que ficar com ela...

Após alguns segundos descendo encontramos mais uma porta que a Rebelde abre com uma pequena chave, assim me dando a conhecer ao seu esconderijo.

De todo não era um lugar confortável. E por ser de baixo da terra aparentava ser um lugar muito úmido... Mas em compensação o abrigo tinha luxos que após o início do apocalipse eu pensei que nunca mais veria.

Um grande fogão se encontrava em uma parte do esconderijo. Até tinha uns pratinhos de porcelana em um canto.

- Você também tem talheres?!

- Hm? Ah, sim.

A ideia de voltar a comer uma refeição que não fosse cozinhada em uma fogueira improvisada e ainda comer com talheres me entusiasmou. Mas eu temia que a Rebelde usasse o argumento de "Você usou meus utensílios então deve ficar comigo mais tempo pra pagar essa dívida" se eu conseguisse pagar o favor á garota. Por isso comer comida cozinhada num fogão e com pratos e talheres teria que se manter em meus sonhos...

- Certo. Garota suicida, arrume os suprimentos pra mim.

Ela então abre a mochila me dando a mostrar alguns corpos de animais mortos e a coloca perto de meus pés tendo o cuidado de tirar as facas que haviam nos bolsos da mochila.

- O armazém da comida fica ali.

Ela aponta para uma porta avermelhada e logo depois me deixa com a mochila.

Por maior que a minha vontade fosse de mandar ela para um certo lugar eu tinha que me controlar. Por isso apenas resmungo para mim mesma e sigo para onde ela tinha indicado e arrumo os suprimentos em seus devidos lugares.

Ao voltar eu percebo que a Rebelde tinha despejado o conteúdo da minha mochila para o chão e estava investigando cada objeto que eu tinha lá dentro com cuidado.

- E-Ei! O que você tá fazendo?!

- Você me deve um favor, se alguma coisa dentro desta mochila o puder pagar talvez eu te deixe ir.

Eu acabo engolindo meu orgulho mais uma vez e apenas observo a forma que ela manuseava e testava cada objeto, rapidamente os botando de lado ao perceber que pouca utilidade tinham.

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