- Você está indo muito bem Harry. Mas, eu não posso ficar lhe segurando o tempo todo, vamos lá.
Harry estava em sabe se lá qual sessão de fisioterapia.
Já se passaram um pouco mais de dois meses desde que o moreno havia sido baleado. Dois meses desde que ele voltará a morar, mais uma vez, no apartamento dos seus amigos. Dois meses desde que ele estava constantemente enfurnado em médicos, em hospitais e em clinicas quase que reaprendendo a andar e se mexer. O moreno se sentia em um processo de evolução motora parcial de um bebê. Havia momentos em que ele queria apenas chorar em posição fetal, coisa que ele mal faria por motivos de dor, e ignoraria a sua existência e os acontecimentos dos ultimos seis meses talvez.
- Não me enrole, se segure e se mantenha firme.
Mais uma vez a voz da fisioterapeuta o fez pensar que tudo o que ele queria era ficar bem, estável e sei la, não ter precisado de ajuda de alguém para ir ao banheiro depois dos 30. Mas, Harry apenas colocou um enorme foda-se mental e continuou com o maldito exercicio. Ficou de ponta de pé e esticou o braço pensando em como aquela reles movimentação lhe cansavam e assim ele ficou por mais 15 minutos até algumas batidas na porta lhe tirarem um pouco a atenção dos proprios pensamentos mórbidos do moreno. Ele estava impecável como sempre, as bochechas levemente rosadas, provavelmente pelo frio pensou Harry, um terno preto,daqueles feitos sob medida por debaixo de um sobretudo. O celular apertado entre a orelha e o ombro enquanto Draco falava em uma língua que o moreno não entendia um la com cra e por fim os olhos cor de tempestade que focavam no moreno aliados a um leve sorriso e uma ligação finalizada.
- Boa noite Julia falta muito? - Draco perguntou para a fisioterapeuta.
- Ele já teria terminado, mas quis me enrolar nas repetições e eu fiz ele fazer mais. - ela disse sorrindo olhando para o moreno que suava enquanto terminava as malditas repetições. - Mas, ele está bem melhor, disse que está sentindo menos dores e mexendo mais o braço, então é um grande avanço.
Draco aguardou que Harry terminasse as repetições, se despediu de Júlia, a fisioterapeuta, saiu da clinica e ajudou o moreno a entrar no seu carro. O moreno estava calado, com uma respiração leve e os cabelos crescendo depois de ter raspado a cabeça a cerca de 15 dias. O advogado odiou o fato de Harry ter raspado a cabeça, não porque ele amava o cabelos semi compridos e bagunçados do namorado, mas sim pelo motivo que levou o moreno a raspar a cabeça.
O platinado encontrou o moreno sentado no chão do quarto de Hermione, com uma maquina de cortar cabelo jogada ao seu lado, com os punhos cerrados e chorando com tanto ódio que ele jurou ver uma veia se partindo no meio da testa do moreno. Ele descobriu que Harry não aguentava mais os seus cabelos caindo nos olhos, não aguentava mais ter que pedir pra tirarem o cabelo dele dos olhos, não aguentava mais não ter forças pra fazer sei lá, um rabo de cavalo talvez? E acabar pedindo para Ron ou Hermione. O moreno não só chorava de ódio, mas de desgosto de si mesmo. 10 minutos depois, Draco estava raspando o cabelo de Harry. Foi estranho para o platinado. Ele nunca havia feito isso, não tinha sido um adolescente rebelde e muito menos trocava de barbeiro, seu cabelo era alinhado e bem tratado desde criança. Durante todo o processo, ele teve medo de machucar a cabeça do outro e quando Draco finalmente terminou, olhou para Harry pelo reflexo do espelho, que tinha o rosto inchado do choro, com vários fios de cabelos presos pelos trilhas deixadas pelas lágrimas. Draco passou a ponta dos dedos pelos curtos fios negros de Harry.
O moreno levantou o olhar e encontrou o de Draco pelas imagens refletidas do espelho.
- Você está lindo. - disse o platinado arrancando um meio sorriso do moreno.
E agora ambos estavam no carro, ainda em silêncio. Coisa aquela que Draco estava prestes a acabar, até que ele reparou o outro ao seu lado levando a mão até o ombro e fazendo uma careta de dor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Obsoleto e em Desuso (DRARRY)
FanfictionTer de enfrentar situações complicadas na vida não é fácil para ninguém. Quando as pessoas se prendem a outras que sempre estão ali para suportar tudo com você, a sua válvula de escape já é pré-determinada. No entanto, quando essas pessoas se cansam...