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Bárbara Muniz, Point of View.
Los Angeles — Califórnia.

Acordo pela manhã ansiosa, o dia seria longo e eu terei uma longa rotina pela frente

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Acordo pela manhã ansiosa, o dia seria longo e eu terei uma longa rotina pela frente. Confesso que não é fácil ser uma brasileira dançarina em LA mas o que eu posso fazer se dançar é tudo o que eu sou.

Escovo os meus dentes e arrumo o meu cabelo em um rabo de cavalo, logo após colocando minha Legging, um top preto e um tênis esportivo para que ajude em meus ensaios.


Mal posso esperar pra semana que vem onde eu irei me apresentar na frente de um olheiro, e finalmente ganhar mais reconhecimento, não que ser professora na Hollywood Arts seja algo ruim mas eu precisava de mais, eu quero tudo que estiver ao meu alcance


Ouço meu celular tocando enquanto pego uma maçã da fruteira e prontamente atendo .


— Cadê você, Bárbara? - Joe grita do outro lado da linha e murmura algumas coisas em inglês muito rápido para que eu não consiga entender

— Estou saindo agora do meu apartamento, por Deus, se acalme, estou no horário - explico para o meu amigo/chefe que estava uma pilha de nervo.

Tento equilibrar o celular na minha orelha enquanto eu tranco a porta, e assim que eu consigo começo a descer até a garagem. Ouço Joe falar sobre os planos para a semana, que temos uma apresentação importante para as crianças na quinta-feira e que ajudaria muito se eu chegasse mais adiantada.

Desde que eu conheci o Joe ele sempre foi acelerado assim, tudo tem que ser do jeito dele, no tempo dele e como ele quer, mas apesar disso ele é uma ótima pessoa e me ajudou muito, ele me tirou da carreira de garçonete em uma lanchonete de uma conhecida e me deu a vaga de professora de dança e eu sou extremamente grata por isso.

Mas naquele momento estava impossível enquanto eu ouvia mais e mais sílabas e palavras ditas por telefone enquanto descia rapidamente as escadas equilibrando a minha bagunça.

— Joe, eu vou desligar, assim que eu chegar eu preparo todo mundo e vou deixar elas prontas para quinta-feira, beijos - dito isso eu desligo o telefone ligando o motor do meu carro.

Jogo minha bolsa, maçã e a chave de casa no banco do carona, coloco meu cinto e aperto um dos botões fazendo o portão da garagem se abrir.

Ligo o rádio em uma estação qualquer e assim que ouço algumas batidas, sinto meu corpo relaxar. Eu sou feita pra música, e ela é feita pra mim, não consigo imaginar minha vida sem a dança, sem sentir cada batida fazendo parte do meu corpo e de mim.

Estaciono na frente do meu serviço e travo o meu carro andando rapidamente pra dentro.

— Finalmente Babi - Joe me abraça — Estou tão ansioso, essa apresentação vai ser importantíssima, um dos representantes do estúdio irá vir assistir.

— Calma Joe, vou colocar as crianças na posição e iremos começar o treinamento - digo caminhando para a sala

— E você? Não está ansiosa para a apresentação com o olheiro de sábado? - Joe pergunta me relembrando e eu sinto o meu corpo se estremecer

—Ansiosa é pouco, é a chance da minha vida, você tem noção que se ele me aprovar eu saio de tour... sei lá com a Beyonce? - pergunto e ele ri

— Ele te coloca em qualquer tour que você quiser querida - Joe pisca pra mim — Vou sentir sua falta

Ele me aperta novamente até eu ficar sem ar, Joe quebra essa paradigma que Estatunidense é frio, ele é a pessoa mais doce que eu conheci em toda a minha vida.

Entro correndo na sala após Joe fazer um pequeno discurso do quanto eu sou uma mulher forte e que tem orgulho de quem estou me tornando.

— Bom dia queridos - digo entrando na sala vendo que só a metade dos alunos tinham chegado

— Bon dia Pofi - eles responderam em uníssono meio atrapalhados mas mesmo assim muito fofos.

Trabalho no período da manhã com meus pequeninos de faixa etária de 5/6anos, o período da tarde são adolescentes de 14/15 anos e dedico o período noturno para os meus ensaios e estudos.

Assim que todos os meus pequeninos adentraram na sala eu ligo o som para darmos o início dos ensaios. Trabalhar com eles é incrível, saber que serei uma das primeiras fluências deles no mundo da dança é gratificante e também muito trabalhoso já que por serem crianças perdem a concentração rapidamente, tento sempre manter uma boa dinâmica para que eles se sintam à vontade e não dispersem tanto.

O sinal toca e todos os pequenos correm para fora dando pequenos tchauzinhos, retribuo todos eles e pego minha garrafa de água virando rapidamente.


— Partiu comer? - Joe pergunta pendurando o seu rosto na porta

— Estou morrendo de fome

Caminhamos até o Dunkin Donuts que havia do outro lado da rua, peço um Donuts e um café gelado para o atendente que sorri a todo instante.

— Então será um Donuts de chocolate e um The Charli? - o atendente moreno pergunta para confirmar e eu franjo o cenho, concordo com a cabeça sem mais perguntas e ele logo entrega o que eu pedi.

— The Charli? Que porra é essa? - pergunto para o Joe que joga o pescoço para trás soltando uma gargalhada sincera

— É uma tiktoker famosa - Joe explica e eu finjo entender, porque diabos uma tiktoker teria uma bebida no Dukin? — Você sabe, tá bombando entre os jovens e tals.

— Meu Deus, eu sinto uma velha falando sobre esse aplicativo, não sei absolutamente nada - explico comendo e Joe da mais uma risada

— Não é tão relevante - ele encerra o assunto e eu concordo com a cabeça

Entramos em um profundo diálogo sobre as novas fofocas da academia, uma professora de outro turno foi pega dando em cima de um dos pais e deu o maior bafafá, Joe contava todos os detalhes empolgado com o assunto e a cada nova informação eu abria a boca em choque.

Voltamos do nosso café da manhã e os meus alunos do segundo turno entraram, iniciando mais outra fase de ensaios.

Diferente dos meus pequeninos os meus alunos da tarde são mais focados, cheios de garra e determinação, converso com muito deles que me falam todos os dias sobre o perrengue que passam com os pais por eles não entenderem o sonho de dançar.

Graças a Deus meus pais sempre me apoiaram nesse sonho e me deram um super apoio para que eu pudesse vir pra cá.

Saio dos meus pensamentos para focar no ensaio vendo que todos estavam arrasando na coreografia.

Just a Fuck Boy - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora