Cap 19

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<Lalisa>

Assim que parei em frente a todos, senti minhas mãos soarem, minhas pernas fraquejarem, minha respiração ficar irregular e uma sensação de estar presa dentro de uma caixa com um pequeno buraco para respirar. Tirando meu blazer e desabotoando dois botões da minha camisa, respirei fundo e pensei rapidamente o que eu poderia dizer. Eu nunca me imaginei nessa situação, muito menos pensei na possibilidade de viver sem meu pai, o que é uma loucura, já que ele não era imortal.

- Eu não sei se todos tiveram a oportunidade de trocar pelo menos uma palavra com meu pai, mas eu posso garantir que ele era muito mais do que mostrava.

Fechando minhas mãos, fechei os olhos rapidamente ao sentir minhas unhas cortarem minhas palmas.

- Eu acho que nunca conheci alguém que almejava tanto a paz entre os clãs, como ele. Eu cresci ouvindo-o falar como era importante respeitar os outros clãs, como éramos iguais, mesmo com nossas diferenças.. Ele era um bom homem, mas que infelizmente foi pego no meio dessa guerra.
Uma pessoa me lembrou que se eu tivesse o levado para outra cidade ou pedisse que ficasse em casa, ele daria um jeito de fugir e lutar. Que ele deu sua vida para que nossa geração e a geração futura vivêssemos em paz. Eu já tinha entendido e aceitado isso, mas em sua memória, farei de tudo para que sua vontade de paz prevaleça por muitos anos. Por ele e todos os que morreram.

Assim que terminei de falar, todos aplaudiram, alguns até mesmo gritaram “Por ele e todos que se foram”.
Em meio a aplausos e choros, o corpo do meu pai foi solto no rio. Pegando o arco, coloquei a ponta da flecha na pequena tocha que fizeram e arrumei minha postura para lançar em direção ao seu corpo.

- Que em paz você deixe a terra, que no amor você encontre o próximo. Faça uma passagem segura nas suas viagens até nossa última jornada em terra firme. Que nos encontremos novamente... Que consiga encontrar a mamãe novamente e descanse em paz.

Junto com a flecha lançada, minhas lágrimas caíram sem permissão. Ver o corpo do meu pai em chamas foi ainda mais doloroso que vê-lo deitado em volta de flores e sem vida. Em silêncio, observávamos os outros corpos serem lançados na água e seus entes queridos lançarem as flechas.

Se organizando em uma fila única, todos os clãs vieram me cumprimentar e dar seus pêsames. Alguns até mesmo contaram um momento feliz que tiveram com meu pai, me fazendo sorrir.
Em pé debaixo de um sol, com apenas uma maça e muito álcool no meu organismo, sentia que minha cabeça iria explodir a qualquer momento. Eu só precisava voltar para casa... Como viverei na nossa casa? Eu lembro do dia exato que me levou para conhecer e como ficou apreensível esperando minha resposta. De como montamos e escolhemos nossos moveis, como pintamos aquela parede cinza ou como ajudei a plantar algumas flores.

Sentindo uma mão gelada entrelaçar na minha, me forcei a não deixar minhas lágrimas caírem ou desmoronar nos seus braços. Jennie havia saído do meu lado duas vezes apenas, quando chegamos e fui cercada por algumas pessoas, e quando precisei falar na frente de todos. Porém, era a primeira vez que me tocava desde que saímos do carro.

Assim como eu, Jennie parecia cansada, com sono e um pouco estressada. Forçando um sorriso em sua direção, deixei um beijo na sua cabeça e pedi licença.
Indo até Jenevivi e o Sr. Lupin, agradeci a ajuda e avisei que estava indo embora.

- Se precisar de algo, pode contar comigo, Lalisa. - me envolvendo em seus braços, Jenevivi deixou um beijo na minha bochecha e se afastou.

- Obrigada! Mais uma vez, obrigada pela ajuda.

Voltando até onde Jennie estava, a chamei para irmos embora. Assim que nos despedimos, voltamos para o carro e o mesmo rapaz que havia nos trazido, nos esperava para nos levar de volta. Dando o endereço da casa que meu pai havia comprado, pedi que nos deixasse lá.

Eclipse G!P - JenLisa & ChaeSoo Onde histórias criam vida. Descubra agora