Cap 41

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< Lalisa >

Acordando com alguns resmungos do Marco, encarei o rosto sereno da Jen. Mesmo no meu peito e comigo falando como não sairia do seu lado, ela levou boas horas para finalmente pegar no sono. E, sinceramente, eu não a julgava.
Sentindo como seu corpo estava completamente relaxado sobre o meu, a envolvi carinhosamente, deixando um beijo na sua testa.
Pegando meu celular em cima da cômoda, mandei uma mensagem para o Matt, pedindo que trouxesse o Dylan e a Chloe para casa. Já estava na hora de tê-los ao meu lado.

Com cuidado e muita calma, afastei a Jen do meu corpo e me levantei. Esticando o edredom sobre seu corpo, tirei seu celular da cama, e deixei mais um beijo na sua testa. Pegando o Marco no bebê conforto, sorri ao ver seu sorriso quase banguela.

- Você, meu lobinho, me puxou. Sempre iremos acordar primeiro que as princesas da casa.

Passando em frente ao quarto do meu pai.. bom, o antigo quarto do meu pai, não segurei a vontade que senti de entrar. Não era mais seu quarto, mas tinha deixado cada coisinha que ele havia escolhido a dedo. Como uma estante de madeira antiga que ficava perto da janela cheia de livros.

Eu tinha a ideia de vender tudo ou doar, mas a Jen não deixou. Em suas palavras: "Amor, você irá se arrepender futuramente. Sei que é difícil lembrar de cada momento feliz com seu pai, mas não pode simplesmente se desfazer dessas coisas. Não agora."
Eu sempre soube disso, mas agora eu aceitava, Jennie tinha razão em muitas coisas, principalmente nisso.

Assim que entrei no quarto, sorri quando uma lembrança me atingiu em cheio.

< Flashback On >

Encarando as árvores balançando com o vento, as folhas molhadas grudando no vidro da minha janela, e ouvindo os estrondosos trovões e relâmpagos, sabia que o mundo estava acabando. Cobrindo meu corpo, deixei apenas metade da minha cabeça para fora, mantendo meus olhos atentos em qualquer movimento do lado de fora.

Eu só conseguia pensar em uma coisa: "como as pessoas sobreviveriam a isso?"

Se não bastasse os sustos que levava a cada vez que trovoava, ou quando os galhos batiam na minha janela, ouvi barulhos vindo da cozinha. Com meus dedos, comecei uma contagem de: vou ou não vou. O que foi sorte. Caindo ‘não vou’ no meu último dedo, me senti completamente relaxada. Porém, minha curiosidade era maior que meu medo da tempestade, já que vesti meu casaco e calcei minhas pantufas de gatinho.

Em silêncio e pisando cautelosamente, peguei o Léo no colo quando ele fez menção de descer primeiro do que eu. Se fosse alguém invadindo minha casa, pelo menos conseguiria salvar meu gato.
A cada passo que dava e ficava mais próxima da cozinha, sentia meu corpo tremer, e uma vontade de correr e gritar pelo papai. Parando no arco que separava a cozinha da sala de jantar, soltei o Léo com cuidado e encarei papai séria. Com o corpo encostado no balcão, papai tinha seu livro na altura dos olhos, vestia seu roupão azul marinho, e usava suas pantufas de elefante que eu havia dado no Dia dos Pais.

- Não consegue dormir? - abaixando seu livro, me aproximei quando estendeu os braços para mim.

- Está caindo o mundo!

- Está com medo da tempestade?

Assentindo, me aproximei e ergui os braços para que me sentasse no balcão. Enquanto esperávamos seu chá ficar pronto, papai me contava sobre suas aventuras nas tempestades.
Contando como eu iria me apaixonar ao sentir a terra molhada nas minhas patas, a chuva molhando meus pelos, e minha conexão pura com a natureza, me perguntei se realmente iria me apaixonar. E se eu não me apaixonasse? E se eu odiasse meu lado lobo assim como odeio meu lado vampiro?

Eclipse G!P - JenLisa & ChaeSoo Onde histórias criam vida. Descubra agora