🍒 Últimos Momentos

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ARIZONA ROBBINS

Sim, você poderia ser o maior
Você pode ser o melhor

(...)

Já eram seis da manhã quando escutei a campainha tocar, olhei o alarme sobre a mesa de cabeceira e suspirei. Quem deveria ser?

— Amor! – escutei a voz de Calliope

— Deixa que eu vou, bem – calcei as pantufas e amarrei o cordão do robe. Ajeitei os cabelos e sai do quarto, direto ao andar de baixo. 

Ainda com dificuldade de enxergar, devido a claridade, abri a porta, dando de cara de Fiorella e uma mala vermelha.

— Da última vez nem deu certo vir, mas agora estou aqui – sorriu e entrou sem pedir permissão – como vai, querida?

Olhei para ela por alguns segundos, tentando assimilar sua figura diante de mim. "Acho que a inconveniência é de família"

— O que você quer, Fiorella? – fechei a porta, coloquei as mãos no bolso e fui até a cozinha, evitando olhá-la.

— Vou passar alguns dias aqui, com você e minha neta, mas não se preocupe, vou para um hotel. Fiquei sabendo que vai se casar – a última frase não disfarçou o desgosto em sua voz. Suspirei

— Já faz tempo, né Fiorella? Você sabe que vou me casar, ja tinha falado isso a muito tempo – falei, e coloquei água na chaleira

— Sim, mas depois dos últimos acontecimentos entre você e a Torres, achei que tivesse desistido. Sinceramente, não era pra você casar. – largou a mala e veio de encontro a mim

Dei uma risada.

— Fiorella, eu não sou sua filha para você achar que tem alguma autoridade sobre mim, e mesmo se eu fosse, você não teria o direito. Não é você que vai casar aqui, sou eu – falei, peguei a chaleira e despejei a água na xícara

— Você prometeu fidelidade à minha filha, deveria respeitar a memória dela. – falou

— Não acredito que veio a minha casa a essa hora da manhã pra falar isso, eu não tô acreditando – já estava começando a me exaltar

— Aquela mulher não é pra você – continuou, com ar de superioridade – se você se casar, vou entrar na justiça e pedir a guarda da minha neta

— Tá de brincadeira com a minha cara, é isso Fiorella? – a raiva já tomava conta de mim – Não fale assim da minha noiva. Eu fui casada com a sua filha por anos, eu amei mais que tudo nessa vida, tivemos uma filha linda, a qual dedico minha vida e tempo, e você não sabe de nada. Nada! – bati a xícara sobre o balcão – pensa que não sei que você não aceitava nosso relacionamento? Carina me falava tudo, foi por isso que ela decidiu sair de casa e ir morar bem longe de você, e foi a melhor decisão da vida dela. Mas foi só você saber quem eu era… uma chefe de cozinha, famosa e com dinheiro, que deixou sua homofobia de lado, né. O que as pessoas não fazem por dinheiro – sorri sem ânimo – não vai tirar minha filha de mim por um capricho ridículo, você... Fiorella… é uma mulher egoísta, narcisista e egocêntrica.

— Não fale… 

— Cala a boca, agora tu vais ouvir. Eu só convivi com você esses anos, por causa da Carina, só isso. Eu sempre falava pra mim "Fiorella, é uma pessoa boa, ela só é difícil de lhe dar, só isso" eu ficava me enganando, porque você era mãe da minha esposa. Mas já chega, chega de achar isso, você pode até ser uma pessoa "boa", mas você não tem direito de manipular as pessoas, usá-las como bem entender. Eu não sou nenhum fantoche pra você usar ou controlar, isso não funciona comigo. Carina não está mais aqui para entorpecer meus sentidos ao seu favor. Então… – guardei o pote de café – eu poderia até lhe oferecer um café, mas não vou. Você chegou uma hora dessas na minha casa falando bobagem, eu nem deveria ter aberto a porta pra você – destranquei a porta e dei passagem para ela passar – me der licença, eu tenho muita coisa pra resolver, e meu tempo é valioso demais para gastar com você.

Uma Nova Vida - Constelação e o Florescer de Uma Primavera (Livro II) Onde histórias criam vida. Descubra agora