ARIZONA ROBBINS
Eu queria que isso acabasse agora
Mas sei que ainda preciso de você aquiNove Meses Depois...
(...)
Submersa em meus pensamentos, o garfo em minha mão direita deslizou pela lasanha em meu prato e tive mais uma vez que me segurar, em vão, para não pensar nela. Os últimos meses foram os mais terríveis possíveis.
Depois daquela noite, a qual não me recordo nada, Callie tinha jogado a nossa aliança no lixo, a primeira aliança que comprou quando me pediu em casamento, com todos nossos amigos reunidos. Lembrar daquele dia era muito pra minha cabeça.
Ajeitei minha postura, e coloquei a mão direita sobre a mesa. Meus olhos foram diretos para meu dedo, onde a aliança de noivado brilhava, na mais bela prata. Sim, ainda usava a aliança, mesmo Callie não usando a dela.
— Mom? – a voz da minha filha, agora com cinco anos, se fez presente.
— Oi, amor. – larguei o grafo sobre o prato, e voltei minha atenção para Ella.
— A senhora não comeu nada? – a pequena olhou para o meu prato. – porque a senhora não comeu?
— Estou sem fome – falei.
— Oh – a menor colocou a mão na boca e sorriu – quando a Mamá vem me buscar para irmos ao parque? – suspirei.
Eu tentava a todo custo não transparecer minha tristeza. Eu, assim como Callie, não queríamos que a pequena notasse nada. Era difícil, afinal, minha cria era muito esperta. Ella sempre perguntava o porquê de Callie não dormir comigo, o porque nós não a levava juntas ao parque. Eu tentava explicar de modo simples, para não confundir sua cabeça, que aquilo era coisa de adultos e que uma hora se resolveria. Mais quando? Bom, essa era a pergunta, talvez a mais impossível de responder no momento. Pois, não tinha resposta alguma.
— Ela... – escutamos uma buzina, Ella saiu correndo, e eu fui atrás, vendo a menor parada na porta emburrada. Olhei para o carro e vi o motivo da sua mudança de humor. A nova namorada da Calliope, era isso mesmo, minha Calliope tinha outra. Ella não gostava nenhum pouco da mulher, que se chamava Erica Hahn – Vai lá filha. – peguei no seu ombro.
— No – passou os braços nas minhas pernas e ficou agarrada a mim.
— Filha, sua mãe está chamando. – tentei me soltar do seu agarro, mais Ella não queria. Callie saiu do carro, deixando a loira lá, e veio até nós.
— Ei, amor... – Callie se agachou na altura da menina – tu não queria ir ao parque? Vamos!
— Quero, mais no com aquela mulher – falou nossa filha.
— Ella! – a mulher a repreendeu – Erica vai conosco!
— Então, eu no vou – falou emburrada. Em nenhum momento Callie olhou para mim, tentava evitar contato visual a todo custo. – vou ficar com a minha, Mom – foi então que Callie me olhou nos olhos. Tive a impressão que ela poderia me queimar a qualquer momento.
— Está feliz? – indagou com raiva.
— O que? – perguntei sem entender.
— Ella não quer ir ao parque comigo por sua culpa. – cuspiu as palavras
— Callie, eu não fiz nada... – tentei me explicar, mais a mulher que se dizia namorada dela, chegou logo atrás.
— Amor, tudo bem... – segurei a vontade de revirar os olhos – eu posso ir para casa e você leva Ella ao parque, não tem problema – a loira falava ao passo que Callie mantinha os olhos em mim. Eu queria muito saber o que se passava em sua mente. A mulher de olhos castanhos sorriu, aquele sorriso que era direcionado apenas a mim, mais agora era dado a outra.
— Vou deixar Erica em casa e depois venho pegar você – Callie beijou a testa da filha e saiu.
— Eu no gosto dela, Mom – Ella disse quando entramos
— Erica é namorada da sua mãe, Ella. Tem que aceitar. – eu também não gostava da mulher, mais o que poderia fazer? Proibir Callie de namorar só porque não me agradava? Eu não tinha esse direito.
— Porquê? – bateu o pé – porque vocês não estão mais juntas? Porque não somos mais uma família? – sentou no chão e começou a chorar.
De todas as dores que já senti, ver minha filha sofrer por minha culpa, era a maior dela. Sentei ao seu lado, e a puxei para meu colo.
— No, chore, mi amor. A vida dos adultos é muito complicada, você ainda não entende. Não tem muito o que fazer, tem certas coisas que acontecem e só precisamos de tempo.
— Mais já faz muito tempo, Mom. – falou entre soluços
— meu bem, é o tempo dela, eu não posso fazer nada. Olha... – segurei seu queixo. – eu e sua mãe estamos passando por um momento difícil, mais isso não impede dela conhecer outras pessoas, ela é livre e pode fazer o que quiser. Eu não posso fazer nada. Mais se lembre, isso não afeta você, sempre terá a nós, isso nunca vai mudar. – passei a ponta do dedo no seu nariz.
— e a senhora?
— O que tem eu? – limpei suas lágrimas e beijei cada bochecha.
— A senhora tem namoradinha? – perguntou
— No. – respondi.
Escutamos a companhia tocar e nos levantamos. Ella foi até a porta, e sorriu, pelo visto tinha conseguido o que queria. Apenas ela e a mãe.
— Estou de volta. – falou a mulher
— eu tenho uma surpresa pra senhora – a menor foi até o quarto. Abaixei a cabeça e sorri, Ella era esperta, queria me deixar a sós com Callie.
— fique a vontade – falei, e a mulher sentou no sofá – Quer algo pra beber, Callie?
— Não. – foi direta, simples e sem rodeios, e nem me olhava. Suspirei, e me acomodei no mesmo, mantendo uma certa distância, não porque queria, e sim porque ela certamente não me queria perto.
— Callie... Podemos... – tentei começar um diálogo
— Não começa, Arizona. Não temos nada para conversar, não tente se explicar, não há como explicar algo que vi com os próprios olhos. – ela me acertou em cheio.
— Durante esses meses ainda não tivemos uma conversa decente – falei
— E vai continuar assim, não estou disposta a escutar nada.
Fiquei calada, o que eu falaria? Nem eu sabia o que tinha acontecido naquela noite. Como provar minha inocência, se não me lembrava de nada, era impossível.
— Aqui, Mamá. – Ella entregou um desenho, onde éramos uma família novamente. Notei que os olhos castanhos ficaram levemente marejados, mais Callie sabia disfarçar muito bem suas emoções, quando queria.
— É lindo, amor. – falou. – vamos?
— Sim. – a menor pegou sua bolsa onde tinha alguns brinquedos.
— Trago ela antes das seis – falou sem me olhar nos olhos, aquilo estava se tornando frequente.
— Callie? – chamei, ela virou e esperou eu continuar – próxima semana tem reunião de pais e mestres, quem vai? Você ou eu? – perguntei.
— Depois decidimos, Arizona. Ainda tem tempo – falando isso, saiu com nossa filha nos braços. Me deixando sozinha.
Passei as mãos nos cabelos e olhei para um ponto qualquer, suspirei e peguei o celular. Mandei uma mensagem para minha irmã, não queria ficar sozinha pensando besteira.
Essa parte da minha vida estava sendo difícil a adaptação. O começo de outra fase.
Eitaaaa minino
Vamos ver esse desenrolar
Até a próxima.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Nova Vida - Constelação e o Florescer de Uma Primavera (Livro II)
RomanceLivro II Nessa segunda parte da história, veremos conflitos e o desdobramento de uma linda história entre duas mulheres tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Intrigas, brigas, ciúmes, superação e amor. Vamos acompanhar os laços que une essa l...