🍒 O Começo de Outra Fase

3.2K 171 88
                                    

ARIZONA ROBBINS

Eu queria que isso acabasse agora
Mas sei que ainda preciso de você aqui

Nove Meses Depois...

(...)

Submersa em meus pensamentos, o garfo em minha mão direita deslizou pela lasanha em meu prato e tive mais uma vez que me segurar, em vão, para não pensar nela. Os últimos meses foram os mais terríveis possíveis.

Depois daquela noite, a qual não me recordo nada, Callie tinha jogado a nossa aliança no lixo, a primeira aliança que comprou quando me pediu em casamento, com todos nossos amigos reunidos. Lembrar daquele dia era muito pra minha cabeça.

Ajeitei minha postura, e coloquei a mão direita sobre a mesa. Meus olhos foram diretos para meu dedo, onde a aliança de noivado brilhava, na mais bela prata. Sim, ainda usava a aliança, mesmo Callie não usando a dela.

Mom? – a voz da minha filha, agora com cinco anos, se fez presente.

— Oi, amor. – larguei o grafo sobre o prato, e voltei minha atenção para Ella.

— A senhora não comeu nada? – a pequena olhou para o meu prato. – porque a senhora não comeu?

— Estou sem fome – falei.

— Oh – a menor colocou a mão na boca e sorriu – quando a Mamá vem me buscar para irmos ao parque? – suspirei.

Eu tentava a todo custo não transparecer minha tristeza. Eu, assim como Callie, não queríamos que a pequena notasse nada. Era difícil, afinal, minha cria era muito esperta. Ella sempre perguntava o porquê de Callie não dormir comigo, o porque nós não a levava juntas ao parque. Eu tentava explicar de modo simples, para não confundir sua cabeça, que aquilo era coisa de adultos e que uma hora se resolveria. Mais quando? Bom, essa era a pergunta, talvez a mais impossível de responder no momento. Pois, não tinha resposta alguma.

— Ela... – escutamos uma buzina, Ella saiu correndo, e eu fui atrás, vendo a menor parada na porta emburrada. Olhei para o carro e vi o motivo da sua mudança de humor. A nova namorada da Calliope, era isso mesmo, minha Calliope tinha outra. Ella não gostava nenhum pouco da mulher, que se chamava Erica Hahn – Vai lá filha. – peguei no seu ombro.

No – passou os braços nas minhas pernas e ficou agarrada a mim.

— Filha, sua mãe está chamando. – tentei me soltar do seu agarro, mais Ella não queria. Callie saiu do carro, deixando a loira lá, e veio até nós.

— Ei, amor... – Callie se agachou na altura da menina – tu não queria ir ao parque? Vamos!

— Quero, mais no com aquela mulher – falou nossa filha.

— Ella! – a mulher a repreendeu – Erica vai conosco!

— Então, eu no vou – falou emburrada. Em nenhum momento Callie olhou para mim, tentava evitar contato visual a todo custo. – vou ficar com a minha, Mom – foi então que Callie me olhou nos olhos. Tive a impressão que ela poderia me queimar a qualquer momento.

— Está feliz? – indagou com raiva.

— O que? – perguntei sem entender.

— Ella não quer ir ao parque comigo por sua culpa. – cuspiu as palavras

— Callie, eu não fiz nada... – tentei me explicar, mais a mulher que se dizia namorada dela, chegou logo atrás.

— Amor, tudo bem... – segurei a vontade de revirar os olhos – eu posso ir para casa e você leva Ella ao parque, não tem problema – a loira falava ao passo que Callie mantinha os olhos em mim. Eu queria muito saber o que se passava em sua mente. A mulher de olhos castanhos sorriu, aquele sorriso que era direcionado apenas a mim, mais agora era dado a outra.

— Vou deixar Erica em casa e depois venho pegar você – Callie beijou a testa da filha e saiu.

— Eu no gosto dela, Mom – Ella disse quando entramos

— Erica é namorada da sua mãe, Ella. Tem que aceitar. – eu também não gostava da mulher, mais o que poderia fazer? Proibir Callie de namorar só porque não me agradava? Eu não tinha esse direito.

— Porquê? – bateu o pé – porque vocês não estão mais juntas? Porque não somos mais uma família? – sentou no chão e começou a chorar.

De todas as dores que já senti, ver minha filha sofrer por minha culpa, era a maior dela. Sentei ao seu lado, e a puxei para meu colo.

No, chore, mi amor. A vida dos adultos é muito complicada, você ainda não entende. Não tem muito o que fazer, tem certas coisas que acontecem e só precisamos de tempo.

— Mais já faz muito tempo, Mom. – falou entre soluços

— meu bem, é o tempo dela, eu não posso fazer nada. Olha... – segurei seu queixo. – eu e sua mãe estamos passando por um momento difícil, mais isso não impede dela conhecer outras pessoas, ela é livre e pode fazer o que quiser. Eu não posso fazer nada. Mais se lembre, isso não afeta você, sempre terá a nós, isso nunca vai mudar. – passei a ponta do dedo no seu nariz.

— e a senhora?

— O que tem eu? – limpei suas lágrimas e beijei cada bochecha.

— A senhora tem namoradinha? – perguntou

No. – respondi.

Escutamos a companhia tocar e nos levantamos. Ella foi até a porta, e sorriu, pelo visto tinha conseguido o que queria. Apenas ela e a mãe.

— Estou de volta. – falou a mulher

— eu tenho uma surpresa pra senhora – a menor foi até o quarto. Abaixei a cabeça e sorri, Ella era esperta, queria me deixar a sós com Callie.

— fique a vontade – falei, e a mulher sentou no sofá – Quer algo pra beber, Callie?

— Não. – foi direta, simples e sem rodeios, e nem me olhava. Suspirei, e me acomodei no mesmo, mantendo uma certa distância, não porque queria, e sim porque ela certamente não me queria perto.

— Callie... Podemos... – tentei começar um diálogo

— Não começa, Arizona. Não temos nada para conversar, não tente se explicar, não há como explicar algo que vi com os próprios olhos. – ela me acertou em cheio.

— Durante esses meses ainda não tivemos uma conversa decente – falei

— E vai continuar assim, não estou disposta a escutar nada.

Fiquei calada, o que eu falaria? Nem eu sabia o que tinha acontecido naquela noite. Como provar minha inocência, se não me lembrava de nada, era impossível.

— Aqui, Mamá. – Ella entregou um desenho, onde éramos uma família novamente. Notei que os olhos castanhos ficaram levemente marejados, mais Callie sabia disfarçar muito bem suas emoções, quando queria.

— É lindo, amor. – falou. – vamos?

— Sim. – a menor pegou sua bolsa onde tinha alguns brinquedos.

— Trago ela antes das seis – falou sem me olhar nos olhos, aquilo estava se tornando frequente.

— Callie? – chamei, ela virou e esperou eu continuar – próxima semana tem reunião de pais e mestres, quem vai? Você ou eu? – perguntei.

— Depois decidimos, Arizona. Ainda tem tempo – falando isso, saiu com nossa filha nos braços. Me deixando sozinha.

Passei as mãos nos cabelos e olhei para um ponto qualquer, suspirei e peguei o celular. Mandei uma mensagem para minha irmã, não queria ficar sozinha pensando besteira.

Essa parte da minha vida estava sendo difícil a adaptação. O começo de outra fase.























Eitaaaa minino
Vamos ver esse desenrolar
Até a próxima.

Uma Nova Vida - Constelação e o Florescer de Uma Primavera (Livro II) Onde histórias criam vida. Descubra agora