Propriedade de Billie Eilish

006

Todo mundo quer saber tudo sobre mim, sempre.

"Por que sua sobrancelha se contrai? Por que ela murmura para si mesma? Ela é perigosa?"

Billie nem mesmo olhou para a garota à sua frente. Sua voz estava clara quando disse não, mas a garota não estava se movendo.

"Billie, vamos lá" ela sorri "Eu acho você legal. Eu só quero..."

"Afaste-se de mim" Billie diz, sua voz baixa, ameaçadora

O sorriso da garota vacila e até eu recuo um pouco. Eu não vi Billie mostrando qualquer emoção desde que nos conhecemos, mas agora ela estava olhando furiosa, sua respiração óbvia enquanto respirava lenta e exageradamente.

"Não, vou ficar aqui", ela ri, pegando o telefone. Eu não acho que ela percebe que estou olhando para ela, porque começa a gravar. O jeito que ela está segurando o telefone faz parecer que ela não está, mas posso ver sua tela. Percebo imediatamente que ela está tentando fazer Billie perder a paciência e ter um episódio.

"Ei, Billie" digo docemente, algo no fundo da minha mente me dizendo para não fazer o que estava prestes a fazer. "Você pode querer sorrir, essa garota está gravando você."

E para minha surpresa, Billie sorriu. O medo explodiu em meu peito, indo fundo em meu coração como se uma flecha revestida de veneno estivesse alojada lá. Seu sorriso era cruel, sinistro. O tipo de sorriso que um assassino tem quando coberto com o sangue de suas vitimas.

"Você está... me gravando?" Ela ri, olhando para a câmera e piscando "Eu não dei permissão a ela para fazer isso. Mas está tudo bem, espero que você mostre aos seus amigos. Eu amo um público"

Billie de repente se levantou e se lançou sobre a mesa, com a mão no pescoço da garota, fazendo as duas voar para trás e cair no chão. Eu vacilei e recuei na minha cadeira, não querendo estar ao lado do caos.

"Você vai aprender a me deixar em paz quando eu disser" ela murmura, colocando a mão no bolso. O que quer que ela estivesse procurando, ela não conseguiu retirar porque os funcionários da escola puxaram Billie de cima da garota

Aproveito a oportunidade para interromper a gravação e excluir o video, certificando-me de que também não foi para lixeira.

"Ela é doida pra caralho! Eu só estava tentando ser legal! Ela e a porra da amiga dela são psicopatas!"

O diretor franze a testa, com a mão no ombro de Billie, o rosto dela estava completamente vazio de novo, como se nada tivesse acontecido.

Todos nós silenciosamente caminhamos para o escritório de principios. Billie fica ao meu lado o tempo todo cantarolando baixinho para si mesma. De repente, ela enfia a mão no bolso, colocando algo dentro dele e puxando o suéter por cima.

"Não toque, não mova, não olhe" ela murmura e acelera na minha frente. Sinto o peso dos objetos na minha perna e fico imediatamente preocupada, Sento-me no sofá em frente à longa mesa.

O diretor se senta em sua cadeira e faz com que todos expliquem o que aconteceu. Seus olhos percorrem todos os nossos rostos enquanto conversamos, sua expressão nunca mudando.

"Ela disse que ia me mostrar uma coisa... como deixá-la em paz, e enfiou a mão no bolso. Acho que ela tem uma arma" A garota choraminga. Não consigo lembrar o nome dela.

"Era uma ameaça vazia" Billie murmura.

"Ameaça vazia ou não, levamos essas coisas muito a sério. Por favor, levante-se e vire seus bolsos do avesso."

Billie obedece e minha garganta se fecha, o objeto em meu bolso de repente fica quente. Como se fosse queimar meu jeans e minha pele, caindo no chão para que todos vissem.

Seja o que for que Billie me deu, ela não queria que o diretor descobrisse. Eu tinha uma arma no bolso.

Eu me perdi completamente, sem nem mesmo sabe oque o diretor disse a Billie ou a outra garota depois que todos nós saímos.

Billie se esgueira por trás de mim, colocando a mão em meu suéter e roçando minha pele enquanto sua mão vai para o meu bolso, puxando o objeto e colocando-o de volta no dela, Estremeço com o contato pele a pele e antes de me afastar dela, sem querer dizer nada.

"O que era?", pergunto quando nos sentamos no ônibus.

"Uma faca" Ela diz, sua voz monótona. Ela o tira do bolso e o abre, a lâmina brilhante fazendo meu sangue gelar.

"Você não ia-"

"Claro que não" Ela murmurou "Ameaça vazia."

Eu relaxei em meu assento, deixando meus olhos fecharem e minha cabeça descansar em seu ombro. Claro, Billie estava confusa, Mas ela não era uma assassina. Todos ficamos bravos, todos temos nossos problemas, mas Billie não era assim. Ela não tiraria uma vida.

"Eu não sou um travesseiro" Billie resmunga, fazendo-me afastar dela. Murmuro um pedido de desculpas e ela começa a sussurrar para si mesma, sua sobrancelha se contraindo. Seus olhos percorrem a área do onibus, e eu sabia que ela não viu o que todo mundo viu.

Quando chegamos no nosso ponto, eu já estava me sentindo louca também. Seu sussurro constante me pertubando, estavam piores do que os resmungos da noite passada, estava bem perto do meu ouvido dessa vez, e seus sussurros eram ofegantes, eu praticamente podia ouvir sua lingua batendo no céu da boca para pronunciar certas palavras.

Seu irmão não estava aqui desta vez. Ela me levou até sua casa, sem parar de sussurrar. Ela passou por seus pais, mas eu ainda acenei. Eles sorriram para mim e me ofereceram comida, mas eu recusei educadamente.

Uma vez que estávamos no quarto de Billie, ela bateu a porta e jogou a mochila no chão, começando a andar pela sala. Seus olhos estavam arregalados enquanto ela sussurrava para si mesma. Eu não sabia o que fazer, como reagir. Eu apenas fiquei lá e observei a garota que eu tinha acabado de me tornar amiga se desfazer diante de mim com sua sanidade parecendo escorregar a cada sussurro.

"Billie" Eu tentei chamar sua atenção, e assim que seu nome saiu pelos meus lábios, ela gritou.