17- A bola de Preston Miles

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Um dia depois de receber o bilhete de Clara Vaughan, eu resolvi que não iria contar ao Evan sobre isso, afinal ela tinha pedido sigilo.

Iria na mansão Vaughan depois da faculdade e eu estava preparando meu psicológico pra até lá.

Fui para a faculdade com Evan, que passou a caminho inteiro dizendo como estava bravo com Esther e queria saber como ela conseguiu roubar seu celular e a chave do carro. Respondi para ele que não era tão difícil assim, já que até eu tinha conseguido roubar, o que o fez resmungar o resto do caminho.

Assim que adentrei o campus avistei Kay, que veio na minha direção.

-Olha só, se não é a nova mamãe do pedaço. -Ela me abraça.

Santa Rosa Madalena, eu ainda não avisei pra ela.

-Sobre isso...

-Vem, vamos entrar logo.- Ela me puxa pelos corredores.

-Kay! Tenho que te contar uma coisa, na verdade duas.- Parei para pensar melhor. Minha amiga parou. Reuni toda a coragem para dizer que eu não estava grávida, mas ao invés disso, contei sobre o Joshua.

-Eu vi o Joshua.- Confessei. Kay faz cara de nojo ao ouvir seu nome.

-E então? Você encheu ele de tapa?

-Para ser sincera, ele é quem quis me bater. Também vi ele entrando com uma nova namorada. Ele com certeza não vai assumir nenhum compromisso com Emma, temos que avisar ela. -Falei pensando no estado de Emma. Sei como ela se sente, já estive assim. Porém, infelizmente Joshua não tem maturidade como Evan, e prefere continuar vivendo normalmente. Kay não parece tão surpresa e nem tão furiosa quanto eu pensei que ficaria.

-Hum, previ que isso ia acontecer. Realmente, não dá para confiar em homens.- Ela me guia para o refeitório.

-Previu?

-Sim, e já tomei as devidas providências. -Diz. Parei no meio do caminho de novo, cruzando os braços para encarar minha amiga.

Era óbvio que Kay não ia ficar sentada esperando alguém por acaso tombar com Joshua por ai e resolver tudo, ela tinha um plano. Pena que fui idiota por não ver isso.

-Kay, o que você fez?

-Fiz o que devia ser feito.-Ela fala com frieza, mas sei que no fundo está tao descontente quanto eu.

-E o que devia ser fe...-Meu cérebro começar a funcionar de novo, me recordo do dia em que encontramos Emma chorando no banheiro. Também me recordo o que Kay propôs naquele dia.

-Ah, Kay, me diz que você... Não, não pode ser.

-É. Eu paguei para a Emma fazer aquela cirurgia do pseudo hímem.- Novamente fala com naturalidade. Tive que esconder a boca com as mãos para conter a surpresa.

-Kay, isso é perigoso! Essas coisas são clandestinas.

-Eu sei. Só que eu não ia deixar Emma sofrer por aquele filho da puta, e isso nem era para ser clandestino porque essa maldita cirurgia nem seria necessária se fôssemos uma cidade comum.- Ela esbraveja.

Uma cidade metade humana e vampiro está longe de ser normal.

-Isso é verdade, somos uma cidade do século XXI, com mentalidade de milênios atrás.

-Tudo culpa daqueles mortos vivos que não saem do mesmo cargo político. -Kay abre a porta do refeitório. -Mas isso vai mudar. Vou me candidatar a um cargo.

-O que?!- Fiquei surpresa de novo. Encarei Kay nos olhos.

-Isso é sério?

-É sim.- Ela sorri. Nunca tivemos nenhuma mulher ocupando cargos na política por aqui, porque as votações são sempre movidas a dinheiro ou a velhice dos vampiros. Nem posso descrever como estou feliz por Kay.

Como Se Livrar de um Vampiro ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora