Uma pitada de verdades

51 6 1
                                    


EVAN


Nem sempre a imortalidade é uma benção, as vezes é uma maldição. Me sinto um amaldiçoado. Como se todos os meus anos de vida, e todos que terei pela frente, pesassem sobre mim de uma vez. O pior de tudo, é que não tenho forças para lutar.

Quando eu era mais novo, achava que amor era babaquice porque cresci vendo as desavenças entre os meus pais, o fato de meu pai ser infiel e minha mãe ser distante. A junção de todas essas coisas fez com que eu criasse um escudo de proteção contra sentimentos que durou alguns bons anos. Mas as pessoas mudam, e pessoas mudam pessoas.

Corinne era a única garota que parecia ser ingênua suficiente para acreditar naquilo que eu me esforcei tantos anos para negar, com tanta veracidade e certeza, que fez com que eu também acreditasse no amor. Talvez, tenha sido isso que fez com que ela parecesse tão diferente das outras.

Contudo, agora, ela parecia tão ruim quanto as outras. Toda a imagem que eu criei da Corry, desabou quando vi aquelas malditas fotos. Não era de se admirar que ela ficaria com o Haynes na primeira oportunidade, esse sempre foi seu sonho, eu fui seu empecilho. Jamais tive a intenção de ficar com Corry na noite do seu aniversário por vingança ou por ganância, eu fui tomado pelo desejo até me dar conta do que nós dois tínhamos feito. Ela era a maior vítima, sempre foi. Porém, decidiu se vingar e convenhamos, foi muito astuta.

-Senhor?-Cooper perguntou. Despertei de meus pensamentos distantes.

-Ahn?

-Eu estava falando sobre o balancetes da semana e algumas parcerias, o que acha?

Santo Dracúla, eu não ouvi absolutamente nada do que meu funcionário me disse, não faço idéia de que parcerias ou balancetes ele está falando. Assenti como se tivesse compreendido algo.

-Preciso decidir isso com mais calma. Deixe os papéis aqui, por favor.

Cooper ergue a sobrancelha como se estivesse nítido a minha ingenuidade no assunto, mas não contesta e me entrega os papéis. Assim que ele sai, suspiro aliviado -ou parcialmente aliviado-.

Meus pensamentos estavam direcionados para qualquer coisa, menos meu próprio trabalho. Travei uma verdadeira batalha interna para sair da cama hoje, porém era melhor do que encarar Corry em casa.

Desde que tudo aconteceu, ela fica no quarto de hóspedes e sai raramente, sempre evita me olhar enquanto eu faço o mesmo. A verdade é que eu tenho atrasado esse divórcio mais que o necessário, falei para o advogado não ter pressa nenhuma. Não faço idéia do por quê fiz isso, quem sabe uma parte de mim ainda ame Corry, apesar de tudo, e queira ficar por mais um tempo.

Qualquer que fosse minhas razões, eu tinha que nega-las agora e me fixar no que aconteceu no presente. Queimei as fotos porque era uma tortura olhar aquilo.

-Senhor?- Outra pessoa me chama, dessa vez minha secretária.

-A Srta. Esther quer entrar, mas eu disse que o senhor...

-Eu venho aqui quase sempre, não preciso mais de permissão. -Esther já adentrou a sala, deixando a secretária com cara de paisagem. Ali eu soube que não importasse o que eu fizesse, Esther ficaria na sala e não sairia enquanto eu me recusasse a contar meu problema.

-Pode nos deixar a sós. -Dispensei a secretária que claramente estava irritada com Esther, a mesma ignorou os olhares ruins e sentou a minha frente.

-Vou me sentir ofendida cada vez que vier aqui e seus seguranças me barrarem.- Esther colocou os pés na mesa. Outras pessoas odiariam o ato, mas era Esther, e eu não tinha como odiar qualquer coisa que ela fizesse. Tentei sorrir.

Como Se Livrar de um Vampiro ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora