ᶜᵃᵖⁱ́ᵗᵘˡᵒ ¹³

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   Continuei a olhar a estante, tentando ignorar a presença do ser atrás de mim.

— S/n... — ouvi Cinco murmurar.

Percebi que ele queria falar, mas não sai nada de sua boca.
Não estava brava com Cinco, só talvez, magoada pela sua atitude.

Um silêncio se instalou pelo cômodo e ficou um pouco desconfortável.
Soltei um suspiro, como se estivesse rendida, e então me virei para ele.
Vi sua feição desanimada, e magoada, enquanto olhava para o chão com as mãos nos bolsos.
Até que ele correspondeu ao meu olhar.

— Desculpa por hoje mais cedo. — ele travou seu maxilar — E-eu só... — Cinco desviou o olhar e suspirou.

— Cinco. — o chamei, e ele me olhou de volta com um rosto um pouco magoado — Por que ficou daquele jeito? — dei um passo para perto dele.

— Nada de importante. — ele desviou o olhar de novo.

Peguei em sua mão e o puxei para minha cama.
Ele me olhava confuso igual das outras vezes.
Sentei-me ao seu lado, e o olhei nos olhos.

— Gostaria que respondesse minha pergunta, Número Cinco. — falei calmamente o olhando.

Ele suspirou e olhou para a porta do meu quarto, mas depois seu olhar voltou para mim.

— Acho que... Eu... — ele desviou o olhar coçando a nuca — Olha, quer saber, isso é muito idiota. Você acharia idiota. — ele riu de si mesmo, e logo se virou para frente colocando seus cotovelos apoiados nos joelhos e sua cabeça em suas mãos.

— Cinco. — coloquei minha mão em seu ombro — Pode me falar. — o incentivei.

Cinco suspirou e ajeitou sua postura, e se virou mais para mim, colocando sua perna direita um pouco mais em cima da cama, e olhou em meus olhos.

— Quando eu vi todos te abraçando... Eu acho que fiquei com um pouco de inveja. — ele falou e desviou o olhar, com seu rosto sério, e secretamente envergonhado.

— Por que? — perguntei.

— Porque, eu nunca recebi um abraço sequer deles. — ele falou cínico — Eu salvei eles, tentei impedir o apocalipse, fiquei naquele inferno de pós apocalípse por anos. — ele parou um instante e suspirou — Ninguém se importa comigo... — Cinco desabafou.

— Ei, Cinco. — coloquei minha mão novamente em seu ombro o chamando a atenção — Eu me importo com você. — sorri sem mostrar os dentes — E eu te abracei, eu vou te abraçar, sempre quando você quiser, ou precisar, eu vou estar aqui... Com você, e por você. — o olhei com um leve sorriso.

Percebi um sorriso escapar de seus lábios, mesmo sendo pequeno.

Ficamos nos olhando por um bom tempo, até eu perceber que ele começou a se aproximar de mim.
Cinco intercalou seu olhar para meus lábios, e depois para meus olhos, e acabei fazendo o mesmo, por impulso.

Comecei a sentir sua respiração ofegante, se colidindo com a minha, e ouvi as batidas de seu coração, que estavam um pouco aceleradas.

Então, senti seus lábios macios e quentes se juntarem com os meus, tinha um leve gosto de café, mesmo que ele tomasse sem açúcar, consegui sentir o doce de seus lábios.
Então ele se separou e me olhou, como se quisesse ver minha reação, se eu queria o beijar, ou não.

Mas não tive reação, apenas uma feição envergonhada, e um tímido sorriso em meus lábios.

Cinco soltou um sorriso e logo juntou nossos lábios de novo, mas antes colocou sua mão esquerda em meu rosto.
Seus lábios se moviam lentamente, até ele pedir passagem para a língua, o que não recusei.

Ele comandou o beijo como sempre.
Minha mão que estava em seu ombro, agora estava em seu pescoço, bem na curva.

Senti sua mão em minha cintura me puxando para mais perto dele.

Era tão bom finalmente sentir seus lábios nos meus, depois de meses, quase um ano sem vê-lo, ou senti-lô.
Isso me causava arrepios, e uma certa adrenalina.

Nos separamos apenas para pegar ar, que estava faltoso, mas nossos rostos ainda estavam pertos um do outro.
E então soltamos um sorriso, enquanto Cinco acariciava minha bochecha com o polegar.

Quando começamos a nos aproximar novamente para se beijar, fomos... interrompidos.

— S/n... — Allison abriu um pouco a porta que estava apenas encostada — Aí meu Deus! — ela arregalou os olhos surpresa por ver... esta cena.

Eu e Cinco nos levantamos rapidamente da cama.
Estava completamente envergonhada por ela ter visto está cena, mesmo que não teve nada pornográfico envolvendo, ainda sim é muito vergonhoso.

— Vocês... — ela falou em choque enquanto entrava no quarto — Aí meu Deus. — ela se perdeu em suas palavras — E-eu já v-vou... — ela saiu do quarto.

Desviei o olhar envergonhada, e mordi meus lábios inferiores.

— Acha melhor descermos? — Cinco perguntou ainda estático.

E logo olhei para ele.

— E-eu não sei. E você? — falei um pouco perdida.

— Melhor esperarmos. — Cinco ainda olhava para porta.

Não conseguia me mover, estava completamente envergonhada, e se ela tivesse entrado depois.
Ela teria visto nós nos beijando, seria muito mais vergonhoso.

Allison é como uma mãe para mim, então parece que minha mãe me viu beijando um garoto.
Me viu trocando salivas com um garoto, e ainda em meu quarto.

Isso nunca aconteceu antes, não sei como reagir, será que desço e peço desculpas, ou eu espero como Cinco disse.

Olhei para Cinco para talvez obter alguma resposta, ou uma opinião.
Mas o que consegui ver foi sua feição envergonhada, e suas bochechas ruborizadas, enquanto o mesmo olhava para a porta.

Com Klaus foi diferente, não fiquei com peso na consciência quando Klaus nos viu se beijando, eu apenas fiquei envergonhada, mas não a esse ponto como estou agora.

— Pode ter certeza que Allison não está brava. — Olhei para Cinco saindo de meus pensamentos, e o vi me olhando — Ela só deve estar, surpresa. — Cinco falou em um tom calmo — Acho que também não gostaria de ver dois adolescentes se beijando, principalmente em um quarto. — Cinco falou e riu, descontraindo o clima.

Não pude conter um riso e Cinco também não.

— Acho que também não gostaria. — falei enquanto direcionava meu olhar para a porta.

Ainda sim é estranho Allison ter me visto beijar, principalmente com seu próprio irmão, mesmo que ela fique me "intimidando" sobre eu gostar de Cinco, ainda é constrangedor.

— É, sempre fechar a porta. Vou anotar isso mentalmente. — Cinco falou, e logo o olhei um pouco desacreditada por sua fala, enquanto ele olhava para a porta com as mãos nos bolsos, e logo vi um sorriso sair de seus lábios. Sua fala me deixou envergonhada por algum motivo, e logo senti minhas bochechas esquentarem.

❛𝗡𝗢𝗦𝗦𝗔 𝗣𝗥𝗢𝗠𝗘𝗦𝗦𝗔❜ 𝖼𝗂𝗇𝖼𝗈 𝗁𝖺𝗋𝗀𝗋𝖾𝖾𝗏𝖾𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora