OBS:O livro fica completo aqui até o dia 25 de fevereiro de 2022. Depois disso, somente capítulos de degustação. Para ler inteiro, somente na Amazon.
Dentro de nós é a parte final do primeiro livro: Dentro de mim.
Aqui reencontraremos Jordana e Vigg...
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Capítulo 14
Viggo
— Borboletinha tá na cozinha, fazendo chocolate para a madrinha, Poti Poti, perna de pau, olho de vidro e nariz de pica-pau, pau, pau!
Mel cantou alto, sua voz grossa e rouca enchendo a sala de música, sua cabeça balançando de um lado para outro enquanto batia com os dedos nas teclas do piano. Era desafinada, ainda não sabia quase nada sobre notas musicais, mas se divertia e ganhava ritmo aos poucos nas aulas de musicoterapia. O que melhorava muito a memória e a coordenação motora.
Riu ao terminar e bateu palmas, olhando ansiosa para nós, em busca de aplausos. Eu bati palmas sorrindo, apaixonado. Meu pai se levantou.
— Bravo! Bravo!
— Cantei e toquei tudo! — Pulou do banquinho ao lado do professor, que sorria e a incentivava:
— Em breve vai tocar Mozart!
— Vou tocar rock também! Viu, papai? Viu, vovô? — Pulou no colo dele, pedindo: — Hoje podemos glavar a gente cantando? Pro nosso canal? Enjoada de make!
Fez cara feia e meu pai riu, apertando-a mais. Claro que concordou.
Nós nos despedimos do professor e saímos da escola de música, Mel ainda no colo, falando sem parar. Eu prestava atenção, embora um pouco disperso.
As gravações ainda não tinham começado e eu tinha tempo de acompanhar minha filha nas aulas dela de musicoterapia, equitação, balé e natação. A semana era agitada, fora a escola e fisioterapia. Quando não dava, meu pai fazia aquilo. E mesmo em períodos que eu podia estar com ela, ele aparecia também. Os dois eram como carne e unha, se divertiam demais.
— Chamou seu pai para participar das gravações de hoje? — Ele a pôs sentada no banco detrás do meu carro e prendeu o cinto.
— Vai cantar com a gente? Vovô vai me ensinar música nova hoje, não é da borboletinha! — Olhou-me, em expectativa.
— Canto sim, meu bem. Vamos lá para casa, pai?
— Claro! Quero tomar café com pão-doce. A Mel prometeu que está uma delícia.
— Hum... docinho! — E ela desandou a falar dos pães que Nair comprou na padaria nova do bairro.
Eu me acomodei ao volante, meu pai ao meu lado. Peguei a estrada com Mel ainda como matraca, querendo contar tudo ao mesmo tempo, misturando com animação da aula, os elogios do professor, as ideias para os vídeos daquela tarde. Tinha momentos em que eu não conseguia me concentrar e deixava a mente vagar, como naqueles.