Capítulo 11

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- Você está mesmo se arriscando para proteger ele ? - Jimin estava deitado em meu sofá gritando para que eu conseguisse ouvir da cozinha onde estava fazendo uma torta para ele.

- Sim, mas será por pouco tempo, também não sou obrigado a aguentar ele me encarando com cara de poucos amigos, acredita que quando entrei na sala que ele aguardava, me olhou dos pés a cabeça e disse para eu não me reportar a ele - já havia colocado a torta no forno e sentei no sofá de frente pra Jimin.

- Ele está ficando meio louco príncipe, não está no normal dele - Jimin falou olhando para o teto todo pensativo.

- Ele tem me tratado como se não me conhecesse Minie, não sei como ele está de verdade, ele não fala comigo, passa por mim como se eu fosse uma parede e Edgard quer que eu fique grudado nele, ele com toda certeza está me odiando.

- Ele está odiando o mundo todo príncipe, não é nada pessoal, acredite em mim - ele ria sem humor.

Comecei a proteger Hoseok faz uma semana e os olhares que ele tem me lançado não tem sido nada amistosos, não tenho certeza se estou fazendo o certo, de início não pensei muito bem, estava preocupado e aceitei praticamente sem pensar ser seu guarda costas pessoal, mas agora tendo que conviver com ele percebo que vai ser um inferno para ambas as partes.

「...」

Meu inferno começou mais cedo do que eu imaginei, no final de semana seguinte Hoseok decidiu ir em uma balada, uma equipe foi designada apenas para o acompanhar, Edgard comandava tudo e me pediu para ficar na parte de dentro com ele, subimos para o espaço vip, os seguranças do local também estavam a postos haviam vários espalhados pela boate, quem subiu primeiro com Hoseok fui eu enquanto Edgard verificava todo o local, fiquei parado em um canto do espaço e Hoseok foi para um sofá que ficava perto da grade de onde tínhamos a visão geral da festa, Hoseok me encarava de forma provocativa mas não era algo como tensão sexual, não, ele parecia uma cobra prestes a dar o bote.

Algum tempo depois chegaram Jungkook e Namjoon e se sentaram no sofá a frente do Jung, eles se cumprimentaram e permaneceram ali conversando entre os três por um tempo, até chegar um menina e sentar ao lado de Hoseok, esse que sorria de forma atraente - sorriso nada parecido com aquele que um dia me encantou - a menina sorria para ele de volta e o tocava sempre que podia, eu estava sendo obrigado a assistir aquela cena pois era o único segurança naquela parte da boate cuidando dos meninos.

Em determinado momento Hoseok já meio bêbado puxou a menina para seu colo, Namjoon olhava a cena nada contente e Jungkook me encarava tentando desvendar o que eu sentia, quando olhei para ele seus olhos me transmitiram calma, como se aquele olhar tivesse perfurado minha alma e feito tudo se acalmar, Jungkook é uma força sobrenatural pisquei para ele para o tranquilizar e ele sorriu pequeno para mim, olhei para Edgard numa súplica para que ele me tirasse do posto, ele fez um gesto com a mão indicando para que eu verificasse o local e assim eu fiz, me retirei dali o mais rápido possível.

Hoseok foi para a casa com a menina, a casa que eu nunca visitei, chega a ser irônico pensar nisso agora mas comigo era tudo tão escondido que me chocou o fato dele entrar pelo saguão do seu prédio com a menina enroscada em seu pescoço como se quisesse mostrar ao mundo que ele estava acompanhado, quando a porta do elevador se fechou e eles subiram eu fui liberado para também ir para casa.

Todos, sem exceção, todos os finais de semana dos meus últimos quatro meses correm da mesma forma, Hoseok indo em baladas e baladas, levando mulheres e homens diferentes para sua casa a cada fim de semana, dando trabalho tanto para nós que o protegiam quanto para os meninos que sempre tinham que abrir mão de seus lazeres para o acompanhar em boates.

Em um desses finais de semana nenhum dos meninos conseguiu o acompanhar, e sou grato a todos os seres divinos por impedir deles estarem lá nesse dia.

O motivo ?

As semanas haviam passado e Hoseok não recebia mais ameaças, apenas eu e Edgard o acompanhava para uma festa particular, com convidados contados, não havia razão para levar toda a equipe então éramos nós dois.

Um ledo engano.

Assim que Edgard parou o carro no estacionamento do prédio que acontecia a festa, um projétil perfura o vidro da janela de Edgard atingido certeiramente na cabeça - filhos da puta, eles sabiam que hoje estávamos sozinhos - verifiquei o pulso de Edgard e não senti nada, olhei para Hoseok enquanto tirava minha arma da cintura, ele estava branco, totalmente aéreo olhando Edgard morto no banco do motorista.

- Hoseok olhe para mim, nós temos que sair daqui, você vai abrir a porta e pode ser que eles disparem contra você, você tem que se jogar no chão, você está me entendendo Hoseok ? - eu tentava chamar atenção dele para mim, mas ele não parecia totalmente atento, mesmo assim assentiu.

Abri a porta e não houve disparos, o mesmo aconteceu quando Hoseok abriu a porta de trás para sair também, nada de disparos, eles nos querem vivos ?

Não acredito, é a porra de um sequestro, assim que entendi o que estava acontecendo um carro entra em alta velocidade no estacionamento.

- Corre para o lado de fora Hoseok, agora - sussurrei para ele, Edgard foi inteligente em parar numa vaga próxima a saída e Hoseok correu para fora do estacionamento, eu permaneci ali mirando o carro que estava parando, então escuto Hoseok gritando e se debatendo e um homem entra no meu campo de visão com ele na mira de uma arma, olha para mim sorrindo e me pede para passar minha arma e assim que o fiz eles nos apagam.

Nos levaram para um galpão escuro e isolado, nós estamos um de frente para o outro a certa distância, amarrados a uma cadeira, Hoseok ainda está desacordado e não há ninguém ali conosco mas quando Hoseok acorda, um homem aparece.

- Olá, Hoseokie quanto tempo - o homem começou falando - você achou mesmo que não conseguiríamos chegar até você garoto ? Nos trouxe de presente essa delicinha parceiro ? - agora ele estava atrás de mim e passava levemente o dedo por minha bochecha e pescoço, Hoseok não parecia nem um pouco incomodado.

- Vamos Hoseok, desembucha, onde esta a mercadoria que veio da Coreia ? Os traficantes da minha área estão putos com você garoto, se você vendeu para a gang rival considere-se morto e essa belezinha aqui, vai ser nossa putinha particular. - ele ainda mantinha as mãos em mim e Hoseok o encarava entediado.

- Ah vamos lá McGriph, você sabe que eu não faria uma coisa dessas, ela está bem guardado, só estou esperando para ver quem paga melhor - um sorrisinho irônico pintava sua face.

- Por que não consigo acreditar em você Hoseok ? - ele engatilhou a arma e apontou para minha cabeça - te dou dez segundos para me dizer onde está a mercadoria ou ele...

- Vá em frente - Hoseok nem deixou ele terminar a frase.

Eu já estava morto, claro que não no sentido literal da palavra, mas morto por dentro depois de ouvir a sentença de Hoseok.

Na literatura eu sempre admirei o amor do vilão pela mocinha ou pelo mocinho, ele é capaz de mudar, revirar e destruir o mundo todo pelo bem do seu amado, ninguém mais importa na porta do mundo, somente o bem estar daquele quem ele ama, mas nós nunca pensamos no que pode acontecer se o vilão não o ama verdadeiramente, quando tudo é forjado e fingido.

Eu acabei de descobrir o que acontece, da pior forma possível, prestes a morrer na frente da pessoa que eu arrisquei a vida tentando proteger.

A verdade é que o vilão abre mão do mocinho na primeira oportunidade, afinal, quem importa nessa história é ele mesmo.



Clichês também podem ser perigososOnde histórias criam vida. Descubra agora