Mau Presságio

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Enquanto realizava tarefas domesticas, Stretch ocasionalmente observava Blue que assistia TV com uma expressão tediosa. Deis de pequeno, seu pequeno irmão sempre foi um imã de perigos, deis de querer se tornar um guarda real até enfrentar o pior que o multiverso tem a oferecer. E como esperado, o pequeno guardião não levou de bom grado a notícia que o mesmo era praticamente um prisioneiro em sua própria casa.

Mas sendo incapaz de viajar pelos AU's por conta própria e com seus supostos amigos não fazendo a menor questão em leva-lo junto, não havia muito o que Blue pudesse fazer além de aceitar a derrota.

Constantes argumentos foram feitos por parte de seu irmão para convencê-lo a ficar, inicialmente estes argumentos geravam discussões e brigas, mas após finalmente aceitar a decisão os mesmos apenas causavam preguiçosos acenos positivos de cabeça. Apesar de que a aceitação apenas serviu para distanciar ainda mais os irmãos ao invés de junta-los. Mas isso era algo que Papyrus estava destinado a mudar.

- Os ataques de pânico pararam? – Questionou o mais alto dos irmãos enquanto continuava a realizar o trabalho doméstico.

- Sim. – Assim como as últimas conversas, Blue utilizava respostas curtas e rápidas como uma demonstração que já estava cansado de discussões.

- E os pesadelos?

- Pararam também. – Mentiu Blue.

- Como era?

- Não quero falar sobre isso, sonhos ruins não vem com manuais de instruções então é difícil explicar.

- Eu quis dizer como era a sensação de matar todo mundo?

- O que? – Com um tom de voz que finalmente se diferenciava de um robô, Blue se assustou com a pergunta.

- Quando Error controlou sua alma e te forçou a matar todo mundo, como era a sensação? – Apesar do tópico sensível, Stretch continuou realizando suas tarefas calmamente sem nem ao menos fazer contato visual.

- Achei que você não queria nunca mais falar sobre isso, por que tão de repente resolveu trazer esse assunto? – Disse Blue conforme abraçava as próprias pernas, assumindo assim uma postura defensiva para tal assunto.

- O que aconteceu naquele dia é o que causou sua condição atual, não é? Continuar evitando isso claramente não está ajudando, então vou perguntar de novo. Como era a sensação?

- Eu não quero falar disso. – Afirmou Blue conforme aumentava a força do aperto em volta de suas pernas.

- Então vou mudar a pergunta, por que quer tanto proteger estranhos que nem sabem que você existe? – Silêncio foi sua única resposta. – Está tentando provar algo para outros ou si mesmo? Ninguém está exigindo isso de você, então você não... – Sua fala foi interrompida por um grito.

- Foi repugnante! A sensação de não estar no controle de seu próprio corpo e matar aqueles que você conviveu sua vida inteira é horrível! – Finalmente perdendo a paciência, Blue finalmente fez seu irmão olhar em seu rosto. – Por que você quer reabrir essas feridas?

- Porque elas nunca vão cicatrizar se as coisas continuarem assim. – Papyrus finalmente parou suas tarefas e se sentou ao lado de Blue. – Você viajou por vários mundos semelhantes ao nosso e viu vários juízes, então você deveria saber melhor do que eu que todos os Sans que escolheram suportar todo o peso e responsabilidade sozinhos se tornaram depressivos na melhor das hipóteses, enquanto outros enlouqueceram. E ao se fechar e não falar sobre isso com ninguém você está apenas repetindo os mesmos erros daqueles que você luta tanto pra proteger.

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