A sala de julgamento, talvez este local possa atualmente ser considerado o lugar mais odiado do subsolo, ao menos para aquele que carrega o fardo de atuar como o juiz. O que antes era um belo corredor dourado que levava até a sala do trono, agora se transformou em ruínas com crateras espalhadas aleatoriamente pelo chão assim como janelas estilhaçadas e colunas quebradas. No centro de tudo isso, uma poça vermelha estava espalhada em volta do corpo de uma criança humana empalada por ossos, mas ao contrário do esperado, a criança em questão estava sorrindo como se a suposta dor que deveria estar sentindo fosse inexistente.
Não muito longe do corpo já quase sem vida, estava o agressor e o principal culpado por toda a destruição ao redor, um esqueleto que apenas exibia um vazio tanto em sua cavidade ocular como em seu sorriso falso. Sans o esqueleto, o último verdadeiro obstáculo que o humano precisava superar para então cumprir seu objetivo de eliminar toda a vida no subsolo. Por incontáveis vezes uma dança mortal entre duas raças diferentes ocorreu nesta sala, e incontáveis vezes o vencedor permaneceu o mesmo, assim como também incontáveis vezes tudo se reiniciou como se a batalha de vida ou morte nunca houvesse acontecido em primeiro lugar, apenas para ser recomeçada mais uma vez.
- Então, acho que estamos nos aproximando da tentativa com quatro dígitos. Se alegre criança, talvez na próxima você consiga. – Em resposta as palavras provocativas, o humano apenas riu por alguns breves momentos, até ser forçado a parar quando se engasgou com seu próprio sangue e foi forçado a cuspi-lo para fora. – Megalomaníaco!
Confrontado novamente com a falta do medo da morte de seu oponente, um osso sem hesitação perfura o crânio da criança assassina, mas antes que qualquer chance de aproveitar a vitória surja, tudo volta ao normal como se nada tivesse acontecido. Um brilho reluzente de uma estrela dourada pode ser avistado na outra extremidade do corredor de onde Sans está, e assim como o esperado o humano se aproximava novamente sem qualquer tipo de ferimentos e dotado de um sorriso ameaçador enquanto segurava uma faca afiada em mãos, arma está que ceifou a vida de incontáveis vidas inocentes.
- Vamos direto ao ponto. – Já acostumado com esta situação que se repetiu centenas de vezes, Sans é o primeiro a fazer um movimento.
O juiz do subsolo se lembrava muito bem como as primeiras batalhas ocorreram, ele mal precisava sair de sua posição original e apenas atacava com sua magia de uma distância segura, mas após algumas dezenas de vezes ele finalmente precisou começar a se mexer mais para sobreviver. Pois a cada tentativa, a cada vez que cumpria seu objetivo e seu adversário injustamente voltava dos mortos, a criança aprendia algo novo, afinal uma das maiores características dos humanos sempre foi se adaptar.
Para alguém com uma natureza preguiçosa, era apenas uma questão de tempo até que Sans ficasse sem movimentos e truques disponíveis para sobreviver. Portanto foi necessário improvisar e aprender novas táticas, afinal a falta de tempo e de um adversário para treinar não eram um problema para ele. Antes que qualquer um percebesse, humano e monstro estava evoluindo a cada confronto travado.
Entretanto, a distância entre ambos estava aos poucos desaparecendo, e como se houvesse previsto o futuro, a batalha cujo número consistia de quatro dígitos finalmente teve um resultado diferente. Apenas uma escolha errada no momento errado foi o suficiente.
Antes que percebesse, um largo corte horizontal atingiu o peito do juiz o fazendo colidir contra o chão. Tal desfecho resultou diferentes reações entre os participantes desta até então interminável luta, pois enquanto o humano exibia um sorriso eufórico e doentio, Sans demonstrava um sorriso surpreendente de aceitação. Pois a cada vez que o humano morria e logo em seguida retornava, uma pequena parte da vontade de continuar lutando de Sans se esvaia. Mas agora tudo havia finalmente acabado.
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Multiversos
FanfictionCada multiverso possuí seus respectivos heróis e vilões que carregam a responsabilidade de manterem um equilíbrio. Mas para aqueles que falham nesse dever, há um lugar para lutar por uma nova chance na vida. Ou fracassar novamente e conhecer um dest...