Capítulo 2

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Sentado na mesa de seu quarto, observando um barco menor que o comum aportar no cais, tentava se lembrar da palavra perfeita para usar na carta que estava mandando. 

- Espera, expectação, esperança, delonga, não são nenhuma dessas. - Ele passa as mãos em seus exasperado, nervoso por esse lapso de memória quando sua porta se abre com força e sua irmã se lança dentro. 

- O papai te aguarda no escritório. - Falou e respirou fundo para recuperar o ar.

- Essa era a palavra. - Exclama ele. - E o que é que você está fazendo aqui? - Perguntou voltando a escrever. 

- Uma irmã não pode vir visitar seu irmão mais velho de vez em quando? A não ser que você esteja escrevendo uma carta para a sua namoradinha novamente. 

- Ela não é minha namorada, Andrômeda, e você sabe disso. 

- Ainda não, mas já já o papai vai mandar você pedi-la em casamento. Ele é o único motivo pelo qual você fala com ela, de qualquer maneira.

- Isso não é verdade. Ela será uma ótima rainha. 

- Isso se o papai abdicar do trono em seu favor, e nós dois sabemos que isso só acontecerá quando o céu sangrar azul. 

- Eu não vejo o porquê.

- Vamos concordar que você não é lá um dos príncipes mais responsáveis.

- Eu sei que tem um elogio aí no meio e eu vou aceitá-lo. E até porque, não fui eu que coloquei fogo no laboratório e correu pra cá para eu te salvar da ira da sua dama de companhia.

- Seu merda. - Andrômeda grita. - Você sabia porque eu vim para cá então.

- Não dá muito para esconder. À esse ponto minhas roupas já devem estar cheirando fumaça. - Ao ouvir isso, a adolescente dois anos mais nova que seu irmão, cai em sua cama derrotada. 

Suas feições se contraíram, e o príncipe olhou para ela preocupado.

Seus cabelos platinados caíam em cascatas em cima do seu vestido marrom de camareira, seu uniforme para seu laboratório de alquimia, e seus olhos em um tom de azul naval com pontilhados de prata que encaravam o teto eram os mesmos que a olhavam agora. Todos diziam que ela era a cópia quase exata da mãe deles, Elena, assim como ele era uma versão mais bonita do pai. 

Andrômeda sempre foi a mais inteligente da família. Desde pequena teve uma paixão por alquimia que a fez ganhar seu primeiro laboratório, um cômodo agregado ao seu quarto, que explodiu em chamas dois meses depois quando ela esquentou demais uma erva-leão numa pequena chama.

- O que aconteceu?

- É a terceira vez que é preciso reparos no meu laboratório. Neste mês. 

- E daí?

- O papai está dizendo que não vai mais me fornecer nenhum dinheiro para minhas pesquisas. 

- Se?

- Sem se. Ele disse da última vez que está cansado de ter que pagar para os guardas apagarem o fogo de um laboratório dirigido por uma mulher, uma vez que a mesma deveria estar procurando um marido.

- Eu vou falar com ele. Juro que tentarei fazê-lo não abrir mão do seu laboratório. 

- Como se ele te escutasse. - Ela revirou os olhos.

- Eu não tenho dedos do meio o suficiente para te mostrar como eu me sinto sobre a sua declaração. - E assim, ele saiu do quarto, a carta, agora lacrada, em mãos e entregou-a para um serviçal. 

Entre Mares e AnéisWhere stories live. Discover now