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Lennon

Irmão, tá sinistro demais. Fico aqui nessa pilha, tentando entender o que rolou de verdade. Papo reto, não paro de pensar nela. Cada esquina, cada música, tudo me lembra ela. Parece que minha mente não consegue desligar.

Já liguei, mandei mensagem pra falar tudo que ficou preso e ela não me dar chance. Dá um aperto no peito, tá ligado? Quero tanto consertar as coisas, voltar a ser dela ao mesmo tempo, sem saber nem por onde começar.

- Vamos pra praia? - Léo vira e olha para mim.

- Tô sem pique irmão - digo olhando espelho o retrovisor do carro.

- Faz tempo que a gente não pega uma onda - negou com a cabeça - Quando tu voltar vai perder pra mim.

- Não fala isso nem de brincadeira - sorri de lado - Mas eu realmente tô sem pique - olhei pra ele rápido - Vamo marcar com o pessoal outro dia.

- Falou então - fala pegando na maçaneta do carro - Vai brotar na festa do Xamã? - olhou pra mim.

- Sei não, talvez eu dou só uma passada rápida - falei e ele concordou com a cabeça.

- Eu tava com a Nalu quando ela ouviu a caixa postal que tu deixou - diz.

- E mais uma vez ela não me respondeu, não mandou uma mensagem, nada - neguei com a cabeça.

- Tenta entender o lado dela irmão, ela tá magoada e não é pouco - olhou pra mim - Aquilo tudo que tu falou pra ela foi uma filha da putagem grande - pegou no meu ombro - Nenhuma mina iria gostar de ver o cara que ela gosta gritar com ela e ainda por cima na frente de muitas pessoas, tu tem sorte de não ter vazado nada.

Por mais difícil seja reconhecer o meu erro, eu sei que errei muito feio, ainda mais com a mulher que eu amo. Fui moleque e mesquinho, talvez eu nem mereça mesmo o perdão dela. Mas vou seguir minha vida, já fui atrás e tentei tudo que eu podia, se ainda me quiser tô aqui porque quero ela também, mas correr atrás não vou mais.

~

- Tô entrando mãe - falo alto da sala assim que abri a porta.

- Pode ir entrando - responde no mesmo tom - Tô na cozinha.

- Como vai coroa? - pergunto me sentando na cadeira da bancada.

- Tudo na paz de Deus - diz fechando uma bacia com comida dentro.

- E isso aí é pra quem? - olhei para pote que ela segurava.

- Teu irmão - olhou pra mim.

- Qual foi? Tá assim porquê? - cruzei os braços.

- Você ainda pergunta Lennon Frassetti? - falou abrindo a geladeira.

- Que saco, já chega desse assunto - neguei com a cabeça - Tô cansado dessa parada já, eu sei que eu fui um filha da puta com ela e pronto - resmunguei.

- Me respeita - diz me mandado um olhar mortal - Você não era assim Lennon e nunca foi - cruza os braços - Eu nunca te dei essa educação pra você se torna uma homem explosivo, o que deu agora?

- Não sei, não entendo o que foi que aconteceu comigo aquele dia - suspirei fundo - Não sei se foi o fato de ser o meu irmão mais novo entre a vida e a morte ou sei lá.

- Eu tenho certeza que você não iria achar nada legal se alguém ou principalmente a pessoa que você gosta te chamasse de assassina, maluca, filha da puta e outros insultos que me dar até nojo de pronunciar - jogou na minha cara mesmo.

POR ACASO - L7NNON Onde histórias criam vida. Descubra agora