Golpe

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Rosie

Uma manhã de domingo. Cherry estava lá fora fazendo um balanço na árvore enquanto eu preparava uma limonada já que estava começando a esquentar um pouco.

Minha barriga estava grande. Aos 6 meses eu mal conseguia enxergar os meus pés. Ainda não compramos nada... Ela não tinha se quer um berço, mas os pais do Cherry disseram que tem o que ele usou então decidimos pegar ele já que pelo que disseram estava novinho.

Lavei os dois copos para fora segurando um comprimido de oxi contra um deles. Cherry realmente havia conseguido montar um balanço com uma corda grossa e uma tábua de madeira. Parecia 60% seguro.

- Com sede?

- Muita. - Entreguei a ele um colo junto com o comprimido. - O que acha do balanço?

- Eu gostei. Posso subir?

- Pode.

Tomei a limonada em poucos goles colocando o copo no chão antes de sentar no balanço, era mais resistente do que parecia. Comecei a me balançar um pouco.

- Acho que vou brincar mais do que a bebê. - Disse o fazendo rir.

Cherry colocou seu copo no chão junto ao meu ficando atrás de mim me dando um leve impulso me fazendo ir um pouco mais alto.

A sensação do vento soprando o meu cabelo junto as folhas do quintal era como um sopro de liberdade invadindo o meu corpo. Quando o balanço começou a diminuir a altura Cherry o segurou tocando as minhas mãos que seguravam nas cordas.

- Eu adorei. - Sorri virando um pouco para ver o seu rosto tendo o prazer de ter um sorriso em seus lábios.

- Hora de entrar.

Ele me deu um selinho antes de ir para frente me ajudando a descer do balanço. Pegando os copos entramos em casa de mais dadas.

Hoje tinha absolutamente tudo para ser um dia normal, um dia feliz, mas não foi...

Quando o relógio bateu 2 da manhã meus olhos se abriram. Havia uma pressão na parte baixa da minha barriga que começava a aumentar gradativamente de uma dor leve para moderada em pouco tempo.

A cama parecia molhada. Mesmo com aquela dor me estiquei acendendo o abajur vendo uma enorme poça de sangue manchando os lençóis que cobriam as minhas pernas.

Todo o ar que havia em mim pareceu parar. Todos os meus sistemas entraram em standby por um segundo negando o que estava acontecendo, voltei a mim quando uma forte pontada me atingiu.

- Cherry! CHERRY! EU TÔ SANGRANDO! EU TÔ SANGRANDO.

Ele se levantou atordoado tão em choque quanto eu, mas ligou para uma ambulância que não demorou a chegar. Dizem que quando algo ruim acontece ao filho a mãe sente.

Eu não senti... Não senti nada até aquele momento. O momento em que tudo ao meu redor pareceu andar em uma velocidade diferente da minha, todas as vozes e sons eram abafado como se eu estivesse embaixo d'água.

- Eu lamento... - Foi o que ouvimos da médica.

Minha filha não tinha sinais vitais... Ela já havia morrido dentro de mim a dias provavelmente e agora o meu corpo estava a expulsando de mim.

Me vestiram em uma camisola hospitalar e pediram para que eu fizesse força. A cada força que eu fazia o meu coração criava mais uma raxadura, eu já não sentia as lágrimas caírem já que havia se tornado uma sensação comum a minha pele.

Força... Força... Faça força...

Era o que a médica dizia, mas eu não tinha mais forças naquela maca, não tinha mais forças para respirar, todas as minhas forças estavam na intensidade que as lágrimas saiam.

Cherry & RosieOnde histórias criam vida. Descubra agora