Capítulo 6

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Eu não sei dizer por quanto tempo fiquei parada, sem saber o que fazer ou dizer, tentando processar as palavras que eu havia acabado de ouvir.  Thatch estava morto.... isso é tão estranho. Eu tinha ido me despedir dele e de Izo na sexta-feira e ele tinha me dado o seu típico sorriso que refletia sua personalidade alegre, agora eu tinha que aceitar que nunca mais o veria. Lágrimas caíam pelo meu rosto e eu nem sequer percebia, estava em estado de choque.

Despertei do meu transe com o grito do Ace, me virei para ele e os outros e todos estavam chorando, até Coby parecia estar segurando o choro

- QUE DIABOS!? Como isso foi acontecer?- Ace agarrou Coby pela gola da camisa 

- N-não sabemos ainda, e-estamos investigando - Coby respondeu assustado, acho que ele não esperava uma explosão assim

- Essa cidade é pequena, não deve ser difícil achar o assassino, até porque todos nós sabemos que foi aquele Laffite!- Izo falou levantando a voz

- N-não podemos prender sem provas, m-mas é claro que vamos investigá-lo.

Coby não parecia muito feliz com a ideia de investigar Laffite ou aquela casa, mas é totalmente compreensível. Eu realmente acho que ele pode estar envolvido, mas não vou dizer a policia que desconfio dele porque o acho estranho, é besteira.

- Crianças - O pai envolveu os braços em nós três sem dificuldades - Vamos esperar, o corpo foi achado a pouco tempo. Não se preocupem, eu não deixarei que a morte de meu filho fique impune 

As palavras dele nos tranquilizou. Enquanto o pai estivesse conosco, o assassino do Thatch não teria paz.

Depois de alguns minutos, Coby pediu licença e afirmou que continuaria a investigação, se retirando. O pai se virou para nós muito sério

- Escutem garotos, vocês já sabem exatamente o que aconteceu com o Thatch, mas vou pedir para vocês serem cautelosos 

- O-o senhor também acha que o morador novo está envolvido? - Perguntei com cautela, ele estava confirmando nossas suspeitas baseadas em achismo? 

- Você sabe que sim mocinha, eu não vou bancar o adulto ético e dizer para vocês esperarem o trabalho da polícia, foram esses desgraçados que pegaram Thatch.

- Desgraçados? Pensei que só Laffite estava por aqui. Você viu o outro, pai? - Izo perguntou

- Não acredito que ele vá aparecer, mas esse que está morando na casa parece um capanga, é certo que ele fez a mando de alguém

- Fala sério, essa casa maldita só atrai gente ruim e poderosa - Ace finalmente falou algo, ele estava calado desde a hora que Coby saiu

- Essa parte é achismo meu crianças, eu já vi muita coisa ruim na vida e confio na minha intuição. Não quero colocar na cabeça de vocês que estamos lidando com um criminoso poderoso e que todos nós corremos perigo - O pai suspirou e se levantou - Eu vou indo agora, tentem dormir um pouco, embora eu ache que vocês não vão conseguir. Apenas tentem ir para a escola amanhã, Thatch não ia querer vocês deprimidos por ele. Eu prometo que cuidarei de tudo

Ele saiu pela porta, nos deixando em um misto de confusão, confiança e é claro, muita tristeza. 

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*Jerusalem's Lot, 2 P.M*

Eu já estava a mais de meia hora no banho, com pensamentos girando como redemoinhos em minha mente. Eu estava cansada e abalada, eu passei um dia inteiro procurando um amigo achando que ficaria tudo bem, mas ele estava morto. 

Aquele dia na escola foi realmente horrível, o clima estava pesado e ninguém sabia muito o que fazer ou dizer, era uma situação impensável em uma cidade tão pacata e eu não vi ninguém com um semblante tranquilo no rosto, estavam todos tristes, assustados ou preocupados. Eu estava em um misto dos três, mas passei o dia tentando consolar Ace e Izo; eles estavam tentando ser fortes, mas é óbvio que foram os mais afetados.

Me enrolei na toalha e fui buscar uma roupa. Pretendia passar a tarde com Ace e Izo na casa de Ace, íamos na delegacia perguntar sobre o andamento da investigação  e passaríamos o resto da tarde horando a memória de Thatch. Pretendíamos cozinhar e jogar, as duas coisas que ele mais gostava de fazer; já tínhamos decidido seguir em frente e em busca da justiça, a morte de Thatch seria vingada de qualquer jeito. Íamos deixar nas mãos da policia de inicio, mas estávamos prontos para fazer a nossa própria investigação, e não descansaríamos até acabar com esse maldito assassino. 


Me dirigi até a casa de Ace e Luffy abriu a porta para mim sem nenhum resquício de animação, nem ele consegue disfarçar sua tristeza. 

- Ace está te esperando no quarto - Ele falou

- Obrigada Luffy - Dei um sorriso mínimo e fui até o quarto de Ace

- Entra - ouvi a voz de Ace do outro lado quando bati na porta

- Cadê o Izo? - Entrei no quarto, encontrando apenas Ace sentado na cama com as mãos na cabeça 

- Ele saiu com o pai, foram resolver as coisas do enterro - Ele suspirou - Parece que teremos que deixar nossa tarde para outro dia 

- Entendi... você está melhor? 

Sem me responder, ele me puxou para seu colo e me abraçou forte, apoiando a cabeça em meu ombro e me apertando forte.

- É tão difícil me manter forte... Thatch era meu irmão e eu nunca imaginei que o veria morrer.  Eu quero vê-lo novamente S/n , queria ao menos poder dizer o quanto eu o amava pelo menos uma última vez - ele me apertou ainda mais forte - Eu não sei o que faço da vida agora 

- Ace.... - Eu segurei seu rosto em minhas mãos e o beijei

Eu não me importava se ele corresponderia ou não, eu queria mostrar o quanto ele não estava só e que ele poderia contar comigo para tudo. Depois de alguns segundo, Ace reagiu e nossas línguas se emaranharam desesperadamente, se separando apenas por falta de fôlego 

- Não se preocupe em ser forte Ace, você pode chorar ou gritar e está tudo bem, apenas lembre-se de seguir em frente por você, por Thatch e por nós que ainda estamos aqui, você não está só nessa. Vamos viver por nós e por ele, vamos vingá-lo e dedicar a ele todas as nossas conquistas que ele adoraria ver. 

- Você está certa, ele adorava acompanhar meu crescimento e o de Izo, e tenho certeza que ele estava se sentindo assim com você também. Ganhamos um membro novo em nossa família e ele nem pode aproveitar direito, queria que vocês tivessem passado mais tempo juntos....

- Não se preocupe com isso, eu não preciso de anos com Thatch para ver a pessoa maravilhosa que ele era, ele era maravilhoso comigo e eu me lembrarei dele para sempre. Agora chore, nós sabemos que você está precisando chorar de verdade.

Ele se enterrou no meu pescoço novamente, dessa vez chorando compulsivamente. Ace estava esse tempo todo guardando o máximo de lágrimas e desespero para si, isso não é certo.

- Obrigada S/n, você é tão boa para mim...

- Eu não estou fazendo nada demais - Lhe dei um beijo rápido - Não é só Thatch que se preocupa com você, sabe....

Ele me apertou e ficamos assim por horas, agarrados em um silêncio confortável. Nos separamos após ouvir um barulho na janela que soava como uma batida

- Ace, S/n querida, me deixem entrar - Uma voz muito familiar falou do lado de fora

Saímos desesperados em direção a janela, vendo Thatch parado em frente a ela. 

Salem - Portgas D. AceOnde histórias criam vida. Descubra agora