Capítulo 8

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- Merda, merda, merda! - Ace exclamou enquanto corríamos para a casa de Izo

- T-temos que chegar a tempo, ele tem que está bem - Eu falei ofegante 

- Não percam tempo falando crianças, temos que chegar lá o mais rápido possível - Depois dessa fala do pai, ficamos em silêncio e aumentamos a velocidade dos nossos passos 


Chegamos a casa de Izo e o cenário inicial não era nada bom, a porta estava escancarada e tudo estava silencioso, assim que entramos, percebemos que era tarde demais. Não havia sinais de Izo ou Thatch, e a única coisa estranha no cenário eram duas gotas de sangue próximas ao sofá

- Isso não pode ser real, não pode ser... - As lágrimas começaram a cair. Meus joelhos cederam e Ace teve que me segurar para que eu não caísse

- Isso é uma merda! - Ele olhou o pai - O que fazemos agora? Temos que procurá-lo, talvez ainda dê tempo e....

- Vocês não vão a lugar nenhum- Ele ordenou - Vocês vão voltar para minha casa e dormir lá, sem abrir para nada nem ninguém, agora!

Sem forças para contrariá-lo, voltamos para a casa. O pai prometeu avisar ao meu pai e a Luffy do nosso paradeiro, mas isso não nos tranquilizava em nada. Um Thatch morto tinha visitado Izo e agora ele estava desaparecido, eu só queria voltar no tempo e me trancar com todos os meus amigos em um local seguro e bem longe daqui.

O pai tinha ido procurar Izo sozinho, enquanto eu e Ace nos torturávamos mentalmente, sem saber o que fazer ou agir. Apesar de não ter sono, acabamos desmaiando de exaustão no sofá do pai, eu estava preocupada com ele e sua aparência abatida, ele estava claramente doente. Eu não aguentava aquela situação, e aposto que o Ace também não. 

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*Jerusalem's Lot, 8 A.M*

Acordamos com o barulho da porta se abrindo. Um Newgate exausto e abalado passou por ela, se jogando rapidamente em outo canto do sofá e suspirando pesadamente.

- Sinto muito crianças, não fui capaz de encontrar Izo, e nem mesmo vi algum rastro daquela coisa que um dia foi o Thatch - Ele me olhou - Falei com seu pai ontem, ele também está preocupado e prometeu ir até o posto policial oferecer auxilio

Apenas concordei com a cabeça, não tinha forças para falar nada.

- Tomem isso - Ele jogou um saco para nós - Tem comida aí dentro, peguei hoje de manhã no mercado. Acredito que vocês não queiram comer nada, mas jejum não vai nos ajudar e eu preciso de vocês 

Eu e Ace concordamos e fomos comer, ele estava certo. Na sacola havia suco, torradas e barras de cereal, era tudo muito leve então deu para comer um pouco. Oferecemos um pouco ao pai, mas ele recusou dizendo que veio de uma lanchonete; eu não acredito, mas não adianta discutir

- Pai, você disse que precisa da gente - Ace o olhou - O que é? 

- Muito bem. Eu vou explicar meu ponto de vista sobre o que está acontecendo, e cabe a vocês a decisão de acreditar ou não 

Nos endireitamos no sofá. Não importa o que ele disser, eu acredito que só o pai pode explicar esse maldito pesadelo.

- Thatch é um vampiro. O fato de ele voltar dos mortos e pedir para entrar na casa daqueles que o conhecem é uma evidência forte disso. Os moradores novos fizeram isso com ele, porque é isso que eles são. Desconfio que o tal Barba Negra já está morando aqui, ele está escondido para poder agir como quiser e Laffite é seu cúmplice, enquanto eles estiverem aqui mais desaparecimentos iram acontecer, essa cidade afastada é o cenário perfeito para seres como eles tomarem o controle.

Vampiros... então é isso? Apesar de medo do sobrenatural, vampiros e lobisomens não me assustavam tanto assim,  até porque eu nem acreditava na existência deles. O comportamento de Thatch é realmente semelhante aos vampiros dos livros, mas não eram os livros que diziam que os vampiros dormiam durante o dia? Laffite estava acordado de dia enquanto procurávamos Thatch.... Sou tirada dos meus pensamentos com o grito de Ace

- VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COMIGO, VELHO!? VAMPIROS NÃO EXISTEM! - Ele se levantou agressivamente

- Eu já disse garoto, esse é meu ponto de vista - O pai respondeu sem se abalar

- SEU PONTO DE VISTA É UM DESRESPEITO COM MEUS IRMÃOS, ISSO É UM ABSURDO! - Ele partiu para cima do pai, mas eu entrei na frente

- Pare com isso Ace! Não banque o cético uma hora dessas, você mesmo disse que aquela casa atrai coisas ruins, você viu com os seus próprios olhos!

- Você está acreditando nessa ideia absurda S/n? A existência dos vampiros é simplesmente impossível!

- Me diga Ace, desde quando é possível alguém que já morreu aparecer para as pessoas? Desde quando é possível você ver o que viu dentro daquela casa? - Eu o encarei - Se acalme e pense bem, mesmo não sendo um vampiro, o que o Thatch é agora não é algo desse mundo

Ace me encarou por um tempo, antes de sentar e suspirar 

- Mesmo que seja verdade, como vamos fazer a polícia acreditar nisso? O importante nem é a polícia, ela está sendo inútil de qualquer jeito, mas o que faremos se esse for realmente o caso?

- Vamos por partes garoto, não pretendo colocar vocês em perigo 

- Mas pai - Eu protestei - O senhor disse que precisava de nós, e nada vai impedir nosso envolvimento!

- Não pretendo privá-los de vingar Izo e Thatch, mas vocês ainda são novos e estão na escola, têm uma vida inteira pela frente que precisão manter - Newgate nos olhou - Só vou pedir uma ajuda extra a um dos meus filhos mais velhos, Marco. 

Eu e Ace aceitamos a ideia, Ace conhecia Marco e disse que ele era uma boa pessoa e seria de grande ajuda. Eu não tinha certeza se o conhecia, nunca precisei ir ao hospital da cidade e pelo que o pai contou, ele trabalhava como médico lá. 

Estávamos a caminho da minha casa, eu e Ace iríamos passar um período na casa do pai e eu tinha que buscar minhas coisas. Eu estava um pouco preocupada, desde que o Thatch desapareceu o pai soava abatido, mas eu não tinha dado a devida atenção porque dada as circunstancias, era algo completamente normal. Hoje porém, sinto como se ele estivesse tentando esconder isso.

- Pai.... o senhor está bem? - Pergunto quando vejo que estamos o deixando para trás. Considerando o tamanho do pai, ele deveria andar mais rápido que eu e Ace com tranquilidade.

- Claro que estou - Ele falou meio ofegante

Queria contestar, mas esperaria até chegarmos em minha casa.

Continuamos andando e, enquanto eu estava distraída olhando o cenário, ouvi um baque forte atrás de mim.

- Velho! O que foi? - Ace exclama e eu me viro

O pai estava apoiado em um batente na calçada, foi só o que o impediu de cair no chão. Ele estava muito ofegante e  segurando o peito, claramente disfarçando a dor. Ace me olhou atordoado

- Parece que veremos Marco mais cedo do que o previsto  

Salem - Portgas D. AceOnde histórias criam vida. Descubra agora