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Sérgio estava parado na minha frente com a cerveja em mãos, perguntando se eu queria e eu morrendo de medo de dar uma desculpa ruim para não beber.

- Eu vou beber vodka hoje, não quero misturar. - dei um sorriso amarelo, esperando que ele caia na desculpa.

- Ah, então tá bom. - ele deu de ombros, indo até a churrasqueira em seguida.

Bento levantou uma sobrancelha e graças a Deus, fui salva pelo gongo. Na hora em que ele abriu a boca pra dizer algo, o irmão de Valeria chegou com as caixas de som e foi logo pedindo minha ajuda com o cabeamento, já que todos estavam ocupados.

- Vê se não quebra meu cabo, tampinha. - Ele disse, rindo

- Tampinha é o seu... - comecei a falar mas ele me interrompeu

- Meu o que? Hã? - veio me fazer cócegas

- Não, para, por favor! - gritei, rindo - Eu juro, não ia falar nada!

- Vocês querem ajuda? Eu ajudo vocês. - Bento interrompeu a brincadeira, passando no meio de nós dois e começou a conectar os cabos depois.

Júnior, o irmão de Valeria, me olhou com uma incógnita no rosto e eu dei de ombros, mas sabia exatamente o que Bento tinha.

Ciúmes.

Eu segurei o riso e fui pegar uma das caixas que continham os microfones, conectando a caixa em seguida.

- Tá tudo certo? - perguntei a Bento, que assentiu e deu um jóia em seguida. - Ok, então vamos testar o som.

Ele pegou o violão e começou a tocar uma melodia que eu já conhecia, era a música I Can't Help Falling In Love do Elvis Presley. Olhei pra ele e dei um sorriso mínino, sabendo que ninguém notaria.

- Testando... Som. 123. - falei, ao microfone, para ver se o som saía. - Wise men say, only fools rush in... But I can't help falling in love with you. - cantei, de olhos fechados.

- Ah que bonitinho! - Valéria disse, chegando mais perto - Mas eu quero ouvir rock!

- Elvis é Rock, Val. - eu ri, apoiando o microfone em cima da caixa de som - Ele quem inventou o rock.

- Discordo. - Bento disse - Quem inventou o Rock foi o Nirvana.

- Ah, lá vem puxar o saco. - Samuel riu, passando com a sua cerveja em mãos - Japonês, vem me ajudar com a carne aqui.

Bento assentiu e deixou o violão na cadeira ao lado do som, o que me deu um estalo mental para tocar alguma música.

- Ok, que música vocês querem? Se aproxeguem convidados! - chamei o pessoal que não estava ocupado - Vamos lá, a titia sabe tocar qualquer uma que vocês pedirem.

- Toca aquela! - Dinho disse, brincando - Aquela lá!

- Essa mesma, tem razão? - eu respondi, brincando. - Então tá bom.

Comecei a tocar "I'm Not Dog, No" do Falcão e todos cantaram junto, caindo em risadas.

- Ok, ok. Agora, eu vou tocar uma música séria, boa mesmo. - arrumei um tripé para o microfone e acertei em minha altura. - Todo mundo aqui conhece ela e se não conhece, vai saber cantar.

Comecei a tocar Fio de Cabelo da dupla Chitãozinho e Xororó, em seguida fui emendando mais músicas de repertório nacional e internacional. O melhor de saber tocar violão e guitarra é não precisar forçar a minha voz e sempre ficar só na água, o que desvia a atenção do pessoal na bebida que eu não estava bebendo.

- Deixa eu tocar agora, Ju. - Samuel disse - Vai comer, antes que acabe a carne, antes que o Dinho detone com o churrasco todo.

Eu ri e dei o violão na mão dele, levantando para ir em direção a churrasqueira. Peguei alguns pedaços de carne, coloquei um pouco de farofa e um pouco de maionese no meu prato e fui para a sala comer, pois detestava comer do lado de fora. Peguei um copo de refrigerante e sentei no sofá, entrosando em um assunto qualquer com os amigos de Valéria que estavam lá.

E agora, Creuzebeck?Onde histórias criam vida. Descubra agora