SN.
Já fazia uma semana que eu estava naquela casa enorme e impecável, e, para ser sincera, estava começando a me acostumar. O homem que havia me comprado no leilão, o "Sr. Min", ainda não havia aparecido. Nenhum sinal dele, nada. Hoseok me ligou no terceiro dia, dizendo que ele estava resolvendo algumas coisas no exterior. Fiquei sem saber o que pensar. Eu estava sozinha, mas de alguma forma, isso não me incomodava tanto quanto deveria.
Eu estava morando em um lugar tão luxuoso que parecia surreal, e a casa com seus móveis caros, o espaço gigantesco, a decoração refinada me fazia sentir como se estivesse vivendo em um sonho. Eu estava começando a me acostumar com essa nova vida. Eu comia bem, dormia bem, e até estava me permitindo fazer coisas que antes pareceriam impossíveis.
Passava as manhãs lendo livros que nunca teria tempo de ler antes, explorando cada canto da casa, me perdendo nas horas. Às vezes, sentava na frente da TV e assistia a uma maratona de dramas coreanos, aqueles clichês românticos e melodramáticos que me faziam sentir algo que eu não conseguia entender. Um tipo de saudade, talvez, de uma época mais simples, de uma pessoa que parecia ter desaparecido da minha vida.
Comia besteiras sem culpa, chocolates, biscoitos, doces que antes seriam proibidos. Estava me entregando a tudo aquilo que sempre foi negado para mim, sem me importar com o que isso significava. Não pensava em nada, só em aproveitar o momento.
Mas não era só diversão. No meio disso tudo, algo me perseguia. Pesadelos. Eu acordava no meio da noite, suando, meu coração acelerado, um peso no peito. Era sempre o mesmo sonho. Eu corria, tentando escapar de algo que eu não conseguia ver direito. Uma sombra. Uma presença que parecia me seguir, sempre mais perto, sempre mais forte. Eu sentia o ar ficando pesado, mas não sabia de onde vinha a ameaça. Não sabia quem estava atrás de mim, mas sentia o pavor me engolindo. Acordava e, por um momento, não sabia se estava segura ali.
Me sentia perdida novamente. Mas era um tipo diferente de perda. Era como se tivesse uma parte de mim ainda lá, no meu passado, me puxando de volta. Algo que eu não conseguia entender, mas que, ao mesmo tempo, sabia que estava me incomodando.
Mas havia algo mais. Algo que eu não conseguia afastar. Durante esses dias, em meio aos meus sonhos, havia alguém. Um rosto que parecia se desvanecer à medida que eu acordava. Alguém que me abraçava, que me segurava forte, que me fazia sentir segura, como se estivéssemos em um mundo só nosso, onde nada mais importava. Ele me olhava de um jeito tão cheio de carinho e desejo, mas também com uma dor silenciosa, como se tivesse algo não resolvido entre nós. Às vezes, no sonho, a sensação de estarmos distantes, de não sermos mais os mesmos, me fazia querer chorar.
Eu sentia que ele me conhecia de uma forma que ninguém mais conhecia, como se fosse capaz de tocar minha alma, mesmo nas pequenas coisas. Mas a cada manhã, eu acordava com aquele vazio. Ele estava lá, em meus sonhos, mas ao abrir os olhos, tudo o que restava era o eco da sua presença. Ele parecia estar tão perto, mas ao mesmo tempo, tão distante. Eu queria entender o que significava, o que isso queria me dizer.
Hoseok ligou mais uma vez, me dizendo que o "Sr. Min" estava resolvendo outras coisas, mas que ele estava bem. Ele parecia entender o que estava acontecendo, ou pelo menos queria parecer que sim. Eu não sabia o que pensar, mas ao mesmo tempo, me sentia estranhamente aliviada pela ausência dele. Não sei por quê. Talvez porque eu ainda não o conhecesse o suficiente. Não o suficiente para confiar, mas também não o suficiente para não sentir algo. Algo que eu não sabia o que era.
Às vezes, me peguei pensando sobre o que realmente estava acontecendo. Eu estava ali, em um lugar tão seguro, tão confortável, e ainda assim não conseguia me livrar daquela sensação de que algo estava prestes a mudar. Eu não sabia se era o medo de ser observada, ou o medo do desconhecido, mas essa sensação de estar sendo controlada por algo que eu não entendia, ainda me perseguia.
E os pesadelos... cada vez mais vívidos, como se meu próprio subconsciente estivesse tentando me alertar para algo que eu ainda não estava pronta para enfrentar. Eles começaram a se tornar mais reais, e cada vez que acordava, sentia uma parte de mim ainda perdida nas sombras. Mas também, no meio dessa escuridão, o rosto daquele homem, o que aparecia nos meus sonhos, me dava algum tipo de consolo. Mesmo sem saber quem ele era, me fazia sentir que algo em mim ainda estava inteiro.
Eu me olhei no espelho. Os olhos cansados, o rosto pálido, tentando esconder a inquietação interna. A dor estava lá, em algum lugar profundo, mas ainda não queria admitir para mim mesma. Eu estava tentando me enganar, dizendo que estava tudo bem, mas no fundo eu sabia que havia algo que eu não estava conseguindo entender. Algo que estava prestes a acontecer e que, no fundo, me fazia temer o que viria.
Eu só queria saber o que estava acontecendo comigo.
Continua...

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O leilão
FanfictionMin Yoongi foi o meu primeiro amor. E também o meu maior sofrimento. Éramos dois jovens tolos que acreditavam que o amor bastava para enfrentar o mundo. Mas meu pai fez questão de me provar o contrário. Ele arrancou Yoongi da minha vida com a mesma...