"Você sabia que eu odeio o Natal", Tom disse à Sylvie quando conseguiu se acalmar o suficiente para voltar à limusine. "Você sabia e mesmo assim me trouxe aqui.""Eu não podia deixar de comemorar as festas para ficar escondida em algum outro lugar com você!", ela contra argumentou, rápida como uma bala. "Eu espero o ano todo para essa época e já me sinto mal o suficiente por tudo que está acontecendo para deixar de aproveitar o Natal."
"Era o nosso trato!", ele exclamou. "Você foge do seu pai e do ex-namorado irritante e eu consigo escapar da capital."
"Isso mesmo", ela disse, os olhos azuis fixos nos dele. "Você disse que queria ir embora do castelo, mas não mencionou que queria fugir do Natal. Estamos em uma cidade a duzentos quilômetros de Nytorv, longe do palácio e da sua família. A minha parte foi cumprida."
Ele queria rebater, mas as palavras ficaram presas na garganta. Tom soltou um rugido abafado e se afastou dela, o cabelo preto escondendo seu rosto do olhar penetrante de Sylvie.
"Thomas", ele a ouviu chamar baixinho, e seu nome pronunciado por ela fez algo estranho se remexer dentro dele. "Por que você odeia o Natal?"
Ele não diria. Não queria nem pensar sobre aquilo.
"Escuta, eu juro que não vai ser tão ruim quanto você está pensando", Sylvie continuou quando percebeu que ele não responderia. "Podemos aproveitar o feriado aqui, longe de todo mundo. Kvitfjell é uma cidade cheia de coisas para fazer, e você ainda nem viu a casa que eu arranjei para nós... Sei que vai gostar."
"Como achou que eu gostaria de vir para cá?", ele disse, ácido. "Caramba, Karlsen, estou puto com você. De verdade."
"Sinto muito."
"Não, você não sente, não." Mesmo sem olhar para ela, Tom sabia que Sylvie estava sorrindo. "Essa coisa de Natal é mesmo importante para você, não é?"
Ela não levou nem meio segundo para responder.
"Sim."
Tom respirou fundo e massageou as têmporas para tentar aliviar a dor de cabeça que tinha começado. Se olhasse pela janela, para aquela maldita cidade enfeitada com pessoas sorridentes vestindo roupas ridículas a cada esquina, corria o sério risco de enlouquecer.
Ele se virou para Sylvie, que parecia, pela primeira vez, um tanto apreensiva com sua presença.
"Podemos ficar aqui, Karlsen", ele disse, em um tom baixo e ameaçador. "Mas não vou comemorar esse feriado idiota, entendeu? Não importa que estejamos na maldita Kvitfjell. Quero ficar longe dessa baboseira."
"Isso vai ser meio impossível." Tom a encarou sem piscar, o maxilar tenso. "Mas podemos tentar", Sylvie acrescentou depressa com um sorrisinho. "Sua energia é tão pesada, que acho que nem o espírito natalino vai querer se aproximar demais."
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Princesa por um Natal
Short StorySylvie Karlsen não sabe muito bem o que fazer agora que terminou um relacionamento de três anos com o homem que aparentemente era perfeito para ela. O Natal está chegando - a melhor época do ano em sua opinião - mas é difícil se alegrar qua...