Sylvie Karlsen não sabe muito bem o que fazer agora que terminou um relacionamento de três anos com o homem que aparentemente era perfeito para ela. O
Natal está chegando - a melhor época do ano em sua opinião - mas é difícil se alegrar qua...
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"Posso entrar?", Sylvie perguntou, com a cabeça já para dentro do quarto.
Tom estava de costas para ela, parecendo observar o quadro de uma paisagem nevada que ficava pendurado na parede. Quando ele se virou, ela percebeu que o líquido âmbar em seu copo estava quase no fim.
"Você bebe uísque demais."
Tom girou o copo na mão, analisando a bebida com certa curiosidade.
"Me ajuda a não pensar."
"Sua cabeça é um lugar tão ruim assim?", ela perguntou, meio brincando, meio falando sério.
Tom não desviou os olhos quando respondeu.
"Na maior parte das vezes."
Sylvie soltou a respiração que estava prendendo e fechou a porta atrás de si.
"Se quer dormir, vou pegar minhas coisas e ir pra sala", Tom começou a dizer. "O sofá não é tão desconfortável e eu vou ficar bem lá."
"Não, Tom..." Sylvie pousou a mão em seu braço. Ela percebeu a tensão em seus ombros diante do toque e se afastou devagar. "Eu só vim conversar."
"Certo", ele disse, bebendo o uísque. "Só para saber, não pretendo me debulhar em lágrimas novamente. Não se preocupe. Ontem à noite... foi um erro."
"Um erro chorar? Ou dividir a cama comigo?"
Ele engoliu em seco.
"Chorar."
O coração dela disparou. Sylvie precisou de todo o seu autocontrole para não dar tanta atenção ao fato dele ter gostado de ficar perto dela. Ou, pelo menos, não ter se incomodado. Com Tom, nunca dava para ter certeza.
"Não é um erro chorar", ela falou. "Ainda mais depois do que você enfrentou ontem com o Levi."
Tom desviou o olhar e se afastou dela.
"Não importa. Não vai acontecer de novo."
"Você não precisa ser durão o tempo todo, sabia?"
"Sylvie, está tarde. Vamos dormir." O cansaço em sua expressão o fazia parecer muito mais velho do que de fato era.
"Não. Quero conversar."
"Sobre o quê?"
"Sobre você."
Tom olhou para ela por sobre o ombro.
"Não."
Sylvie suspirou, sua postura desmoronando.
"Por que você é assim, Tom? Não precisa ficar sozinho a todo instante. As pessoas se escutam e se entendem. Você não confia em mim?"
Ele ficou em silêncio por um bom tempo. Sylvie estava quase desistindo quando ouviu sua voz outra vez.
