Os cabelos claros de Sylvie estavam espalhados pelo travesseiro. Ela dormia tranquila, aconchegada contra seu corpo e sem fazer ideia de que Tom a observava por minutos.
Ele poderia ficar ali por horas. Poderia admirá-la por mil anos.
O que isso significa?
Ele não sabia. Não conseguia entender.
Geralmente, depois de dormir com uma mulher, ele ia embora para casa e nunca mais pensava em nenhuma delas. Tudo era conversado antes, e tanto ele quanto as mulheres com quem se envolvia não esperavam algo a mais depois de uma única noite. Mas, com Sylvie, Tom não desejava ir embora. Ele queria ficar ali e esperar que ela acordasse, para que passasse cada segundo possível do seu dia ao lado dela.
Aquilo nunca tinha acontecido antes. Não fazia sentido nenhum.
Sylvie se remexeu em seu sono.
"Shhh", Tom sussurrou baixinho, a embalando.
No instante seguinte os olhos azuis mais hipnotizantes e maravilhosos se encontraram com os dele. A cor dos olhos de Sylvie o fazia pensar em geleiras enormes escondidas nos confins do mundo, lugares onde poucos homens tinham conseguido alcançar. Era engraçado que alguém com olhos como aqueles pudesse ser tão calorosa.
"Bom dia", ele disse para ela. "Dormiu bem?"
Syl abriu um sorriso preguiçoso e escondeu o rosto na curva do pescoço dele.
O corpo inteiro de Tom foi eletrizado.
"Maravilhosamente bem." Ela puxou as cobertas até os ombros. Tom soltou um murmúrio de descontentamento. "Você estava me observando?"
"Só por alguns minutos. Não pude evitar."
"Ah, isso é muito constrangedor. Não devo ficar nada bonita enquanto babo de sono..."
"Não seja assim, Karlsen. Nós dois sabemos que você é perfeita."
"Sabemos, é?" Ela riu e mexeu com os cabelos dele. Na noite anterior, Sylvie tinha revelado que aquela era sua parte preferida nele.
Aquilo foi o suficiente para Tom se convencer a nunca mais mudar o visual. Se ela gostava do seu cabelo comprido, ele o manteria assim até que ela mudasse de ideia.
"Eu nasci para conhecer um Thomas Hylen romântico", Syl disse, seus olhos brilhando. "Não é algo que se vê todo dia."
"Assim você me ofende." Ele passou um braço pela cintura dela. "Posso ser o próprio Romeu se você pedir com jeitinho."
Ele estava prestes a mostrar a ela como podia ser um exemplo de cavalheiro se quisesse quando a porta do quarto se abriu de supetão.
"Tio Tom, tia Sylvie, olha só o que eu encontrei na geladeira!"
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Princesa por um Natal
KurzgeschichtenSylvie Karlsen não sabe muito bem o que fazer agora que terminou um relacionamento de três anos com o homem que aparentemente era perfeito para ela. O Natal está chegando - a melhor época do ano em sua opinião - mas é difícil se alegrar qua...