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Sylvie não se surpreendeu com a rapidez com que o pai pareceu se esquecer de Arvid assim que ela mencionou o nome do príncipe herdeiro

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Sylvie não se surpreendeu com a rapidez com que o pai pareceu se esquecer de Arvid assim que ela mencionou o nome do príncipe herdeiro. Os dois estavam à mesa do café da manhã quando ela começou a falar, lutando contra uma dor de cabeça terrível e uma voz irritante que parecia sussurrar em seu ouvido para não fazer o que estava prestes a fazer.

Mas ela fez.

Ainda não estava muito certa do por quê.

"Espero que o senhor não me julgue por estar vendo outra pessoa depois de tão pouco tempo", ela falou por sobre a xícara de chá, enquanto seu pai batia palmas e se remexia na cadeira, como se a qualquer momento sua felicidade fosse o transformar em um foguete e lançá-lo direto para o espaço. "Mas nessas duas semanas em que Thomas e eu conversamos, percebi que temos muito em comum."

Era estranho a maneira como a mentira saia fácil de seus lábios. Na noite anterior, quando ela e o príncipe tramaram seu plano no labirinto do castelo, tiveram o cuidado de construir uma história simples e sem furos, para não acabarem sendo pegos naquela farsa. Sylvie ficara um tanto assustada com o modo como a mente diabólica e brilhante de Thomas Hylen funcionava. Em menos de dois minutos, ele tinha pensado em tudo, nos mais mínimos e sórdidos detalhes.

"Julgar? Jamais, minha filha!" O primeiro-ministro se levantou da cadeira e foi até Sylvie, afrouxando a gravata enquanto caminhava apressado. Ele era um senhor de cinquenta anos, o loiro de seus cabelos um tanto mais pálido do que o da filha, mas ele carregava os mesmissimos olhos azuis que ela. "Tudo que quero é que você siga seu coração, querida. E se seu coração bate por Thomas...", seu rosto ficou vermelho de contentamento, "Ora, então eu não poderia estar mais feliz!"

Sylvie escondeu o sorriso por detrás da xícara de chá.

Devia se sentir mal pelo modo como seu pai agia em relação aos relacionamentos dela, mas, para ser sincera, já havia aceitado aquele traço um tanto fútil em sua personalidade. Ele era um bom homem e tinha cuidado dela com todo amor e devoção quando sua mãe morreu, mas era um tanto apegado demais à imagem e à reputação da família.

"Quando vocês vão?", o pai perguntou, se referindo à viagem que ela tinha mencionado.

"Amanhã. Não vamos ficar muito tempo longe. É só uma chance de nos conhecermos melhor."

"Claro, claro. Acho uma ideia excelente, querida. Sua mãe e eu, por exemplo, logo no primeiro mês de namoro, fizemos uma viagem de duas semanas para Moscou." Um sorriso doce e saudoso surgiu no rosto do pai. "Aqueles dias foram... Bem, não posso descrevê-los. Serviram para abrir meus olhos. Para me mostrar a mulher incrível por quem estava me apaixonando."

Muitos anos tinham se passado desde a morte de sua mãe, mas Sylvie ainda gostava de ouvir o pai falar sobre ela com tanto amor e carinho. Aquelas lembranças do passado o faziam se afastar um pouco de todo o estresse relativo ao trabalho e mostravam um homem que não se revelava muito a filha.

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