Capítulo 10: 🧁Luana🧁

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Após o rápido café da manhã na companhia nada agradável do meu mais novo desafeto, o dia parece ser promissor, Cláudia nos convida para passarmos o dia com ela, e aqui para nós, não tem como dizer não para ela. Sem falar, que ver no semblante do meu avô a paz e felicidade em que ele estava, dava para aguentar os olhares atentos do meu desafeto nada preferido. 

Louis com a ajuda do pai, coloca boias em seus braços e caí na piscina. Uma coisa eu tinha que admitir, Ítalo poderia ser um entojo de gente, mas era um bom pai, o sorriso e a alegria de Louis deixava isso bem claro. O menino nadava e brincava com os brinquedos da piscina alegremente, enquanto o pai, de fora da piscina,  o encoraja a brincar mais. Olhando os dois assim, tão unidos e felizes, quase não se dava pra notar que havia uma  ausência  na vida do menino, quase, pois, eu bem sabia que nada, absolutamente nada, pode preencher o vazio que uma mãe deixa na vida de um filho com sua ausência.

Houve um momento, que Ítalo precisou atender uma ligação, se afastou um pouco de nós mas estava no nosso campo de visão. Louis, apontava para algo na  mesa, olhei para sua avó e meu avô, e percebi que os dois cochichavam algo distraídos.

- O que você quer querido? - pergunto ao me aproximar. Ele continua apontando e penso que Louis pode estar com sede, afinal, era um dia quente e ele já estava a um tempo na piscina. - Espere aí. - digo e vou até a mesa.

Pego um copo com água e um canudo. Volto para a beirada da piscina e me agacho, colocando o canudo na boca de Louis. Aos poucos, ele vai bebendo a água. Sinto um leve incômodo em minha perna direita, e em seguida uma forte câimbra, droga! Pensei. Tento me equilibrar, mas é um pouco difícil quando se está com dor. Então, tenho a brilhante ideia de me levantar para sentar um pouco em uma das cadeiras, e é aí que acontece minha desgraça.

Tudo aconteceu rápido demais. Calculei tudo errado, e no mesmo instante que eu tentei me levantar, caí com tudo dentro da piscina. E pra piorar minha situação, eu não sabia nadar.

Sim, eu nunca liguei para aprender a nadar, na verdade, desde a última vez que entrei numa piscina ainda criança, e quase morri afogada, tento me manter longe desses lugares.

Engulo muita água, e logo começo a lembrar do meu afogamento anos atrás, a história está se repetindo. Consigo ouvir meu avô falar ao longe:"ela não sabe nadar!" E em seguida, um tchibum. Tento submergir, não engolir tanta água, mas parece ser impossível. Até que, sinto mãos me cercarem, abro os olhos ainda em baixo d'água pensando ser já o espírito da morte me levando, mas não era. Mais uma vez sou salva por Ítalo, e naquele momento conseguia ouvir o som do dinheiro fazendo barulho, era o  valor da minha dívida só aumentando.

Ítalo me pega em seus braços e me segura forte, por instinto, o agarro com todas as minhas forças, eu queria viver. E logo saímos de debaixo d'água.

Nunca vou esquecer do olhar que Ítalo lançara a mim depois que submergimos. Ele parecia preocupado, tenso, e... Afetuoso.

- Você está bem? - ele me pergunta olhando em meus olhos.
- Sim. - é tudo o que consigo responder.

Olho para meu avô e Cláudia que estão nos olhando atentamente e vejo alívio em seus rostos. Louis já não estava mais na piscina, ele estava ao lado de sua avó com um leve sorriso.

E sem dizer mais nada, ítalo caminha comigo presa em seus braços até o outro lado da piscina onde ficava a escada para a saída.

Sinto um calor conhecido me dominar, embora eu esteja completamente encharcada  pela água fria.

- Já é a segunda vez que te carrego em meus braços. - diz ele com uma voz rouca enquanto caminha olhando para a frente. Engulo em seco.
- Prometo pagar minha dívida que está ficando cada vez mais alta com você. - digo caindo na besteira de o olhar. Sim, caí numa cilada, se Ítalo já era bonito seco, imagine molhado com as gotas de água escorrendo por seus rosto, pescoço, até adentrar por sua camisa encharcada. Nunca  na minha vida desejei ser uma gota d'água, mas, naquele momento eu havia desejado. Balanço a cabeça de leve para espantar esses tipos de pensamentos. 
- Eu vou cobrar. - diz ele me olhando atentamente.

Nesse momento, sinto meu coração acelerar, e peço a Deus para que Ítalo não o  sinta. Isso seria constrangedor demais.

- Obrigada. - agradeço  depois que percebo o quão esquisito é o silêncio que se forma entre nós.

Ítalo sorri.

E não é como das outras vezes que sorri fraco ou por educação, ou até mesmo para me provocar. Desta vez, seu sorriso é alegre, pleno, verdadeiro, e, lindo. Um belo sorriso exibido por belos lábios que estranhamente naquele momento, desejei beijar. A ressaca, a solidão e alguns anos sem beijar na boca me deixaram matando cachorro a grito, penso. Se Igor estivesse ali, com certeza estaria zombando de mim, afinal, essa história já estava saindo do controle.

Logo chegamos a escada da piscina e Ítalo me ajuda a subir. Andamos até onde estavam nossos espectadores e Cláudia logo dá uma toalha branca para mim e para o filho.

- Você está bem Lua? - pergunta meu avô.
- Sim vovô, não se preocupe. Estou bem. - digo com um sorriso. Ele faz que sim parecendo mais aliviado.
- Lua querida, vamos tirar essas roupas molhadas. - diz Cláudia, faço que sim. - Samuel, por favor, olhe Louis por um momento. - diz ela olhando para meu avô.
- Sim, claro. - diz ele prontamente.
- Vamos Lua. - diz Cláudia me direcionando. - Você também Ítalo, trate de se secar e colocar roupas secas. - diz ela virando o rosto para trás enquanto caminha.

Não ouso olhar para trás, sigo em frente acompanhada por Cláudia. Aquela altura e depois do clima estranho que se fez enquanto eu estava nos braços de Ítalo, eu já tinha passado do estágio de constrangida para super, hiper, mega envergonhada.

Em um final de semana, consegui viver mais emoções que em minha vida toda.

Com Açúcar E Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora