capítulo 54

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Clarke não sabia exatamente o que havia dado nela, entretanto, ver Lexa sofrer nunca seria algo que ela fosse ver sem tentar fazer algo para ajudar. Era quase como se o estado de alerta que ela havia adotado nos últimos anos na cadeia se despertasse instantaneamente naquela situação.

Ela estava quase arrependida de estar ali parada atrás da cama de Becca. A mulher não dormia, estava fitando a parede exatamente como quando Lexa havia entrado no quarto e, Clarke só não desistiu porque precisava ao menos tentar.

— Uh... Com licença... — Usou seu tom mais doce, fazendo a mulher suspirar.

— Eu estou cheia de remédio. — A voz saiu mole, a língua ligeiramente dormente. — Não preciso de mais, por enquanto. — Falou sem emoção na voz. Clarke mordeu o lábio inferior e se atreveu a dar a volta na cama, ficando de frente para a mulher, que ergueu demoradamente os cílios, levando os olhos de encontro aos azuis.

— Eu não, uh... Não trabalho aqui. — Explicou, ganhando a atenção da mulher ali sentada. — Eu vim conversar com você, mas você parece cansada. Por que não dorme um pouco? — Sugeriu, vendo a mulher negar levemente.

— Eu tentei, mas eu não consigo. — Ela disse baixo, vendo Clarke suspirar.

— Problemas com os sonhos? — Clarke indagou e a mulher negou com a cabeça, sentindo os olhos pesados.

— Eu juro que eu queria dormir. — Explicou. — Qualquer coisa é melhor que minha realidade. — Disse, passando a mão pelo rosto. — Eu não sinto a minha língua direito. — Disse rindo tristemente. Clarke mordeu o lábio inferior e se aproximou alguns passos.

— Posso, uh, te tocar? — Perguntou mansamente. — Sabe, para te ajudar a deitar. Sentada fica mais difícil do sono vir e acredito que você precise dormir, ao menos um pouquinho. — Os olhos castanhos da mulher analisaram Clarke, assentindo mansamente antes de sentir a garota lhe acomodar sob as cobertas e se sentar ao seu lado.

— Você veio para tirar a dor? — A mulher perguntou e Clarke franziu o cenho. Ela sabia que dizer coisas sem sentido às vezes era efeito da forte dosagem. Um riso amargurado saiu fraco por entre os lábios da mulher antes de suspirar. — Me sinto tão mole que não consigo nem fazer o que eu queria.

— E o que você queria fazer? — Clarke perguntou, iniciando uma leve carícia no dorso da mão da mais velha.

— Chorar. — A mulher sussurrou, fitando Clarke com os olhos quase fechados.

— É inevitável não sentir dor, só não é justo que você se culpe, uh? — Clarke falou calmamente. — Que tal descansar? — Mudou de assunto, vendo a mulher assentir.

— Só um pouquinho. — Becca murmurou, fechando os olhos.

— Eu vou deixar você dormir tranquila, assim que acordar eu volto. — O aperto em sua mão a fez parar eu voltar a fitar a mulher.

— Fique. — Foi tudo o que ela disse e, mesmo a mulher já estando de olhos fechados, Clarke respondeu baixinho.

— Eu não vou sair daqui então.

[...]

O barulho dos pássaros fez Clarke arregalar os olhos rapidamente, percebendo que ainda estava ao lado da cama da mãe de Lexa. Seu olhar foi de encontro ao da mulher e a viu encarando-a.

— Quem é você? — A voz saiu confusa, baixa e ainda arrastada.

— Ontem a noite eu...

— Eu me lembro. — A mulher disse. — Só quero saber quem é você.

— Sou a, hm, vim com a Lexa. — Disse, não sabendo o quão bem a mãe dela recebia algumas informações relacionadas à filha.

— Oh. — Ela respondeu. — Ela te mandou aqui? — Indagou e Clarke negou rapidamente.

Presa Por Acaso - Clexa Onde histórias criam vida. Descubra agora