capítulo 3

2.3K 270 244
                                    

Lexa estava emocionalmente frágil, mal havia podido sofrer pelo luto, ainda teve que lidar com a prisão e com o afastamento abrupto da pessoa mais importante de sua vida: Sua sobrinha.

Ela sabia que deveria ter internado sua mãe antes, mas ainda era nova quando ela surtava e agredia as garotas. Se ela pudesse voltar no tempo e modificar suas última semana, com certeza faria.

De forma alguma ela culpava sua mãe por tê-la acusado, ela sabia que aquela era apenas a doença falando e que provavelmente Becca, após estar medicada, não se lembraria do que fez. Era sempre assim.

Enquanto Lexa esfregava seu corpo, ela lembrava que sua mãe daria a vida dela pelos filhos. Se quando ela estiver medicada lhe disserem que matou seu próprio filho, ela jamais se perdoaria. Lexa sabia.

O barulho da porta sendo aberta fez Lexa encolher o corpo. Ela achara aquele presídio uma bagunça: As presas tinham que tomar banho com chuveiros lado a lado e sem uma parede para separá-las. As policiais apenas davam uma hora de banho para todo o presídio, o que resultava em presas empurrando umas as outras para poderem tomar banho logo, acabando em briga quase sempre, afinal ninguém gostaria de ficar sem banho.

Uma falta de respeito com as presidiárias, afinal as líderes tomavam longos banhos e ninguém se atrevia a tocar nelas ou expulsá-las, perdendo então um chuveiro em potencial.

Lexa deu sorte por ter conseguido entrar na hora que um dos banheiros estava mais vazio e agradeceu mentalmente por ter conseguido tomar um banho.

Seus olhos viram que o barulho na porta havia sido por outra presidiária. Era branca, cabelos azuis, olhos castanhos e muito linda aos seus olhos; aparentava ter seus trinta anos, aparentava ser tudo o que não era.

Mas Lexa nunca havia julgado ninguém pela primeira impressão e por isso ela fechou o chuveiro assim que viu a garota. Não queria encrenca e sabia que estar sozinha com qualquer uma poderia significar isso, uma vez que Luna disse que muitas ali estavam de olho nela.

— Você é a novata, não é? — A garota perguntou e Lexa acenou em positivo, pegando sua toalha e abrindo o plástico dela, para logo envolvê-la em seu corpo.

— Sim. — Lexa disse em um tom normal e a outra sorriu.

— Oh, não vai precisar dela. — A garota disse, se aproximando e tentando puxar a toalha do corpo de Lexa.

A mais nova segurou com força sua toalha, pedindo a Deus para alguém aparecer, alguma policial escutasse caso ela precisasse gritar.

— Não dificulte isto! — A outra disse contraindo o maxilar e Lexa sentiu suas mãos tremerem. Não poderia ser estuprada.

— Por favor, deixe-me ir. — Lexa pediu, não em tom suplicante ou que aparentava estar assustada, pois sabia que o medo mostrava às outras que já haviam ganhado.

— Tenho quinze mulheres que correm comigo aqui dentro, você não gostaria de me desrespeitar, não é mesmo? — Ela perguntou, puxando com toda a sua força a toalha da mão de Lexa e a jogando no chão, encharcando-a. As mãos brancas acariciaram a pele da cintura de Lexa antes de levarem um tapa nas mãos.

Por que mais ninguém entrava naquela merda? Pedido daquela ogra na sua frente?

— Não me toque. — Lexa disse irritada e a garota riu, retirando a própria camisa, fazendo Lexa engolir em seco.

— Olha aqui... — Ela disse, passando a rasteira em Lexa e fazendo-a escorregar e cair de joelhos. O chão escorregadio não a ajudou a manter o equilíbrio. Ela iria se levantar, porém mãos em seu cabelo empurraram seu corpo para frente, fazendo seus seios e barriga tocarem o chão. Ela sentiu a mulher se sentando em suas costas. — A gente vai transar nessa porra e você vai gemer tão alto mesmo que não goste, está me ouvindo?

— Não. — Lexa disse, sentindo o aperto em seu cabelo se intensificar. Uma das mãos da garota escorregou pela lateral do corpo de Lexa, mas o barulho da porta chamou a atenção de ambas.

Lexa engoliu em seco e enrubesceu quando viu que a dona dos olhos de azuis era a pessoa parada em frente a elas, fuzilando com os olhos a pessoa em cima de Lexa.

— Beatrice... — Clarke disse com seu tom frio e seco.

— Eu só estava ajudando a novata, pois ela caiu. — A garota disse, se levantando. — Não foi, novata? — A garota perguntou a fitando intensamente e Lexa engoliu em seco, assentindo.

Sabia que dedo duro não durava na cadeia, o corpo sempre era achado com algum aviso sobre ter morrido por ter abrido a boca, porém o culpado jamais aparecia. A dona dos olhos azuis fitou furiosamente Beatrice, sem sequer piscar, tendo o mesmo olhar de volta da garota.

Como Luna havia dito que se chamava? Carla? Clara? Clarke? Isso! Clarke. Lexa pensou.

Os olhos azuis se estreitaram para Beatrice, que cruzou os braços sem deixar de fitá-la.

Clarke deu um passo a frente e, apesar de ser mais baixa que a outra, ela não parecia intimidada. Seus olhos faíscavam. Elas travavam uma batalha intensa de olhares e Lexa assistia tudo do chão.

Até que a mais alta piscou e suspirou, abaixando a cabeça.

— Eu vou tomar banho em outro banheiro. — Beatrice disse e a outra assentiu seriamente, sem esboçar nada além de um olhar intimidante.

Lexa se levantou assim que a garota vestiu a camisa de novo e puxou sua toalha encharcada no chão, olhando para ela tendo a plena noção de que ficaria molhada. Seria impossível se enxugar com aquilo.

— Isso fica comigo, não é? Eu adorei o presente. — Clarke disse com o maxilar trincado, puxando a toalha embalada da mão de Beatrice assim que a garota estava saindo.

— Claro. — Ela respondeu com o maxilar trincado. — Pode ficar. — Terminou, saindo do banheiro a passos duros.

Os olhos verdes se abriram ligeiramente pela surpresa de ver a outra lhe esticar a toalha seca.

— O-obrigada. — Lexa disse, vendo a garota assentir assim que pegou a toalha de sua mão. A mais nova rasgou o plástico e removeu a toalha, a envolvendo em seu corpo.

Seu olhos acompanharam a outra a retirar sua roupa: Além de belas curvas, seus seios eram grandes e seus mamilos eram rosados.

Droga! Lexa adorava seios! Eram seu ponto fraco.

Após os longos segundos fitando os seios da outra, ela deixou de ficar focada na nudez alheia, estava apenas perplexa o suficiente, afinal havia sido ajudada por ela.

— Eu... me chamo Lexa. — Ela se atreveu a dizer, vendo aqueles olhos azuis perturbadores lhe encararem.

— Bom para você, mas não me lembro de ter perguntado seu nome. — Lexa enrubesceu e respirou fundo.

— Desculpe. —  Ela pediu constrangida. — Com licença. —  Disse, saindo dali e pegando o uniforme limpo na porta do banheiro com a policial.

Seu primeiro dia e quase foi violentada. Uau. Faltavam apenas mais 179 dias.

Presa Por Acaso - Clexa Onde histórias criam vida. Descubra agora