Emergir após você ter quase se afogado te faz sentir aliviado, exasperado, inquieto, feliz e ao mesmo tempo desesperado. Sua respiração se descontrola e seu pulso acelera inexplicavelmente. Era exatamente assim que Clarke se sentia, como se quase houvesse se afogado.
Lexa era seu mar.
Os lábios quentes sobre os seus não a deixavam pensar, só sabia de algo: Precisava de mais e foi com tal pensamento que apenas permitiu a passagem da língua da menor, vibrando internamente com o contato.
Não era um beijo qualquer, era Lexa ali. Lexa Woods. Ela não podia acreditar naquilo, não conseguia cair sua ficha de que beijava a garota que...
Ela vetou seus pensamentos quando a menor chupou seu lábio inferior e enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, arranhando as unhas curtas em sua pele, causando a inflamação de todo seu corpo. Lexa voltou a aprofundar o beijo e Clarke a puxou mais para si, levando uma de suas mãos até os cabelos da nuca da mais nova e a enfiando ali, os puxando de leve, sentindo a textura sedosa dos fios entre seus dedos enquanto suas línguas se encontravam em um perfeito encaixe.
Lexa arfou contra sua boca e apertou sua cintura, tentando juntar ainda mais os corpos, como se os tentasse fundir.
— Detentas! — A voz firme e ríspida de uma das guardas fez elas separarem as bocas, sem se afastarem totalmente. — Aqui não é lugar para isso. — Ambas assentiram, se afastando de vez uma da outra.
— Não deveríamos ter feito isso. — Clarke, que possuía seu lábio ligeiramente avermelhado, falou e Lexa negou com a cabeça.
— Claro que deveríamos. — Disse, sem se importar com o fato de pouco tempo atrás ter pensado que deveria tentar não se apaixonar por Clarke.
— Você tem problemas de interpretação? — Clarke perguntou. — Raven disse para você não encarar e você me encarou; eu disse para não se aproximar e você vive criando conversas íntimas; agora digo que não deveríamos e você diz que sim.
— Não tenho problemas de interpretação. Apenas sei formar opinião própria. — Lexa rebateu e Clarke suspirou, indo em direção à sua cela.
— Pare de me seguir, Lexa! — Clarke pediu.
— Só quando me disser por que não deveríamos. — Lexa falou e Clarke entrou em sua cela, subindo em sua cama e se virando para a parede. Lexa suspirou e se encostou na parede de frente para o beliche. — Eu não sabia que te incomodava tanto assim. Desculpe.
— Não faça isso.
— Isso o quê? — Lexa perguntou e Clarke se virou para ela.
— Esse drama todo, me mostrando que estou reagindo exageradamente. — Clarke explicou e Lexa a fitou, sorrindo fraco antes de assentir e se deitar em sua cama. O silêncio perturbador fez Clarke suspirar. — Lexa?
Silêncio.
— Lexa?
— O que é? — Lexa perguntou e Clarke se equilibrou em seu peito, olhando para a cama de baixo.
— Está brava comigo? — Clarke perguntou e Lexa negou. — Então por que não me respondeu de primeira?
— Não faz sentido as discussões idiotas que temos. Você é um maldito ponto de interrogação que fica no final de toda frase minha. — Lexa disse encarando-a, vendo os olhos azuis refletirem um lampejo de tristeza.
— Desculpe. — Clarke murmurou e Lexa se surpreendeu. — Só há perguntas que para a minha proteção eu devo manter as respostas para mim. — Clarke falou. — Eu ainda tenho mais dois anos aqui, preciso manter meu foco.
— Bem, se a minha advogada não for eficiente o suficiente eu ainda tenho vinte e dois, então boa sorte com seus dois anos. — Lexa disse e Clarke mordeu seu lábio inferior, descendo da cama de cima.
— O que fez para pegar tanto? — Clarke perguntou curiosamente e Lexa foi para o canto de sua cama, esticando a mão para Clarke.
A loira encarou sua mão com hesitação, até finalmente segurá-la, sentindo a menor lhe puxar para seu lado. Clarke respirou fundo, sentindo o cheiro do condicionador de Lexa impregnado no travesseiro.
— Não fiz nada, mas fui acusada do assassinato do meu irmão e de ter tentado assassinar minha mãe. — Lexa disse, vendo Clarke arregalar os olhos completamente surpresa. — Eu não fiz isso, eu juro, mas sei que você não vai acreditar em mim. — Lexa disse, brincando com a bainha de sua camisa.
Ela se surpreendeu quando sentiu Clarke acariciar seu rosto, fitando-a com seu olhar carregado de afeto.
— Você poderá pegar uma boa grana quando processar esses babacas do Estado, uh? — Clarke perguntou e Lexa assentiu ainda cética.
— Você vai acreditar que sou inocente assim... fácil? — Lexa perguntou e Clarke assentiu.
— Já acreditei. — Clarke disse sorrindo de lado e Lexa se virou para ela.
— Eu não vou perder meu tempo processando eles. — Lexa disse e Clarke franziu o cenho.
— Por que não? -— Indagou sem deixar de acariciar o rosto da menor, que suspirou ante ao toque gentil.
— Porque eu quero viver minha vida, desfrutar das coisas que eu não dava valor antes, sabe? — Lexa perguntou. — Não quero ficar enfurnada em uma sala o dia todo diante de uma pilha de papéis. Quero ir no parque central e me deitar sobre o gramado enquanto admiro os pássaros no céu e sinto o ar fresco acariciar minha pele.
— O futuro amor de sua vida poderia estar junto e ambos poderiam alimentar os patos. — Clarke disse e Lexa sorriu, assentindo.
— Me soaria um bom lugar para eu dizer que a amo. — Lexa disse e Clarke suspirou. — Uma pena nada disso existir. — Falou e Clarke assentiu.
— Mas você tem chances de ser feliz quando sair daqui, sabe? Viver, receber de bom tudo o que já ofereceu a este mundo. — Clarke disse e Lexa subiu seu olhar, analisando meticulosamente cada palavra que Clarke havia dito.
— Por que sempre fala como se eu tivesse sido uma heroína lá fora? — Lexa perguntou e Clarke negou, parando sua carícia.
— Nada. — Respondeu baixando seu olhar. — Se sua advogada conseguir sua inocência você sai em quanto tempo?
— Cinco meses e duas semanas. — Lexa disse e Clarke assentiu, fitando os lábios tão atrativos da menor.
— Acho que mudei de ideia sobre nos beijarmos. — Ela sussurrou e Lexa a olhou cheia de expectativa. — Mas me prometa que não fará tantas perguntas.
— Não posso prometer isso. — Lexa disse, umedecendo seus lábios. — Mas gostei da ideia de voltarmos a nos beijar loucamente. — Lexa disse sorrindo maliciosa e Clarke riu. — Por que mudou de ideia? — Indagou curiosa e a maior suspirou, passando um braço por seu corpo, a abraçando.
— Porque sei que será inocentada e, bem, acho que eu gostaria de aproveitar o pouco que vou ter de você. — Clarke confessou ruborizando e Lexa sentiu um arrepio cortar sua espinha. Quanto mais tempo passava, mais encantadora Clarke se tornava aos seus olhos.
— Então pode aproveitar bastante. — Lexa sussurrou, levando uma mão até a nuca de Clarke para então arrastar as unhas ali, vendo um novo brilho nascer nos olhos da maior.
Ela gemeu quando sentiu Clarke beijá-la e então a menor a puxou mais para cima de si. Aparentemente os próximos meses não seriam nada ruins trancafiada ali com a mais velha.
Entretanto, de alguma forma, incomodava se imaginar saindo daquele presídio e deixar Clarke para trás. Ela espantou seus pensamentos ao ver o rumo que estavam tomando. Focaria no "agora" e, bem, o "agora" possuía a língua de Clarke se encontrando com a sua enquanto sua mão direita adentrava a camisa de Lexa para acariciar diretamente sua pele.
É, o "agora" era bem atrativo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Presa Por Acaso - Clexa
FanficO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Lexa Woods não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o melho...