I kissed a boy - Vmin

I kissed a girl

Existem aqueles dias fatídicos em que o azar resolve ficar no seu pé mesmo que você tenha acordado com o direito pra fora da cama.

É aquele tipo de dia em que você simplesmente deseja que a primeira pessoa que apareça na sua frente desenvolva intolerância a lactose em tempo recorde de um segundo e beba um litro de leite com chantilly pra depois expelir todos os órgãos internos pelo cú.

E não interessa se você é a pessoa mais legal, mais bacana, mais sussa na bagunça, mais entrosada da galera, um amorzinho, uma florzinha delicada com orvalhos reluzindo ao sol, esse dia de guerra vai chegar na sua vida, assim como chegou na vida de Park Jimin.

Já estava tudo dando muito errado. Recebeu a nota de duas provas, e em ambas as menções foram abaixo do que ele esperava; toda sua última semana no laboratório de genética foi jogada no lixo por conta de uma vidraria suja que fodeu com o procedimento todo; e, pra variar, estava preocupado por não ter acordado com Taehyung ao seu lado, tendo recibo mais tarde uma mensagem do mesmo, falando que teve de ir pra faculdade mais cedo e que voltaria pra casa um pouco tarde, mas que não se preocupasse porque já tinha carona. Hã! Como se o fato de alguém levar Taehyung pra casa tarde da noite o deixasse aliviado.

Quando pensou que não podia piorar, começou a chover. Ele e Jungkook tiveram de correr, nisso ele tropeçou e caiu de bunda numa poça e Jungkook quase não conseguiu o ajudar a se levantar, fraco de tanto que estava rindo.

Finalmente chegaram no restaurante universitário, famigerado R.U, ou apenas "bandejão", para os clientes mais assíduos, leia-se toda a faculdade; e, adivinhem, o prato do dia era a famosa e estonteantemente não saborosa sopa de casca de melancia da qual, obviamente, praticamente ninguém se servia, fazendo do almoço apenas um punhado de arroz e a salada, caso tivesse disposição de tirar os insetos em meio às folhas depois.

Jimin até pensou que das nuvens cinzas daquele céu um ínfimo raio de sol estava abrindo uma brecha, saboreando com gosto o suco de abacaxi, que, por um milagre, era bom, até que Jungkook acabou completamente com sua vibe ao lhe entregar a gota d'água daquele dia infeliz. Uma verdadeira síntese em laboratório de todo o processo de desventuras daquelas últimas horas.

— Você sabe que o Taehyung já beijou ela, não sabe?

Arregalou ao máximo os olhinhos e cuspiu todo o suco que ainda lhe restava na boca.

— Ah, não, hyung! Que nojo!

— O quê? Q-quê? Quê?! O-o quê?! Como assim, do quê cê tá falando!?

— A amiga dele, hyung. Do teatro, do último que a gente foi ver, que eles até dançaram lá, e que tu ficou puto da vida.

— Sim sim sim, sei quem é, só não assimilei a informação.

— Eles se beijaram, ele beijou ela, ela beijou ele... — Explicou através dos sinônimos. — Oscularam, tocaram-se com os lábios, trocaram saliva...

— Tá bom! Chega, caralho!

Passou as mãos pelos cabelos agora ruivos, os desalinhando, e o ato de ansiedade se repetiu tantas vezes ao longo do dia que, quando chegou em casa, estava parecendo um leão raivoso com a juba desalinhada.

Tinha de preparar uma janta que lhe sanasse a fome, tinha de tomar banho, tinha de se sentar pra estudar, tinha de preparar um café, mas Taehyung ainda não havia chegado, e de todas essas opções ele preferiu ficar andando em círculos pela sala.

Céus! Estava tão confuso!

Taehyung beijou uma garota? Mesmo? Então aonde, quando, por que, causa, motivo, razão, circunstância?