Na sexta, chego ao trabalho só em pé. Quase não consegui dormir à noite, o que vai me render um grande esforço hoje.
— Bom dia, Brad — tomo meu lugar, enfiando a bolsa debaixo da mesa e ligando o computador. — Qual a boa de hoje?
— Bom dia, raio de sol — ele me cumprimenta. — Parece que o mesmo de sempre. Shirley se sobressaindo aos outros chefes, clientes nunca satisfeitos, funcionários destratados e sofrendo…
Dou um sorriso, abrindo o navegador assim que o PC inicia para começar o meu trabalho. Preciso estudar duas empresas distintas hoje, uma academia e outra do ramo alimentício, preciso saber o que de melhor vai se encaixar para chamar mais clientes e dar destaque a elas.
— Você dormiu bem? — Brad quer saber enquanto viajo pela péssima página do site da academia.
— Não muito. Minha irmã fez uma festa do pijama com as amigas — balanço a cabeça. — Viraram a noite com risadas escandalosas e música alta.
Brad ri.
— Por que você não pediu para ela pegar leve com o som?
— Você acha que não pedi? — reprimo um suspiro de desgosto. — Preferi nem me estressar insistindo, mas acordei com uma puta enxaqueca mesmo assim.
— Caramba, que chato. Você quer que eu arrume um analgésico? — meu colega se solidariza.
— Tomei um já, comprei no caminho — sorrio para ele. — Obrigada.
Brad é um cara tão legal comigo, que às vezes eu fico até sem graça. Ele não se importa em demonstrar todo o carinho que sente por mim, e eu tento fazer o mesmo por ele, mas acho que não consigo ser tão carinhosa.
— De nada — ele me olha por alguns segundos antes de completar: — Precisando, estou aqui.
Eu sorrio, assentindo e destino minha atenção às minhas tarefas pelas próximas horas. Consigo fazer pelo menos metade do que pretendo, descobrindo melhorias e algumas estratégias, que passo para a equipe de criação, onde eles vão me devolver para analisar mais tarde e confirmar se está tudo como pensado.
No horário do almoço, vou com Brad para fora do prédio, precisando urgentemente de um pouco de ar natural. O ar condicionado às vezes pode ser um pouco severo com meus lábios, que ressecam mesmo com um protetor.
— Quer ir em um restaurante ou um lanche da barraquinha está bom? — Brad pergunta enquanto caminhamos pela calçada, desviando dos muitos pedestres.
— Acho que um lanche é suficiente — respondo, já que não estou tão faminta. O suco verde que tomei no café da manhã me deixou satisfeita por bastante tempo. — Vai dar para segurar, já é sexta mesmo.
— Você melhorou realmente?
— Melhorei que nem percebi — sorrio. — Nada melhor que uma distração, eu sempre digo.
— Distração? — ele ri. — É assim que você chama fritar os neurônios com o trabalho?
Rio também, balançando a cabeça.
— Querendo ou não, é uma distração. A gente se perde aprofundando no que tem que fazer, por isso que as dores só vêm quando relaxamos.
— Acho que depende do tipo de relaxamento — Brad pondera.
— É verdade, depende se é um relaxamento na ida pra casa ou uma massagem daquelas que faz nossos olhos revirarem.
Ele me olha, dando um sorriso.
— Alguém quer uma massagem?
— Não, não. Alguém precisa de uma massagem — corrijo.
— Se você quiser… — Brad se interrompe quando meu celular começa a tocar dentro da bolsa.
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Tempestade de Gelo #1 (NA AMAZON)
Chick-LitRyan Smith tem um sonho: escrever algo que possa compartilhar com o mundo. O problema é que sua única fonte de inspiração são seus três amigos vazios, com quem divide uma casa, os dias e os problemas. Lucy Waller não contava que seus dias poderiam...