Capítulo 4

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Que gosto foi aquele?

Não, na moral. Que gosto horrível foi aquele que experimentei e me fez ficar parado no quarto por quase minutos, encarando o fato de que eu tinha recebido um fora e ainda ficado com a impressão de que sou um doido?

E então eu decidi que devia me situar. O maluco não era eu, era ela. Aquela mulher que fez o favor de vir estragar a minha noite. Ela era a culpada.

Saí do quarto e desci as escadas, não me importando com o fora.

Fala sério, quem sou pra agradar a todas as mulheres que cruzam meu caminho? Não tô nessa nem um pouco. Não agrado todas, mas a maioria, e isso é suficiente.

Quando cheguei na sala de estar, não vi mais Lucy, mas encontrei sua amiga Samara com o aspirador de pó no meio dos sofás, sendo observada por Douglas, Samuel e Nathan, que estavam sentados, estranhamente quietos.

— Que silêncio é esse? — pergunto.

Os três levantam os olhos para mim e Douglas é o que sorri.

— Estamos esperando a garota da faxina terminar — responde, olhando-a.

Samuel balança a cabeça em negativa.

— Você acredita que — Nathan começa, pegando um saco de chips que está no sofá ao lado do Douglas e virando para baixo, derrubando pó do salgadinho no chão — o Douglas derrubou todos os cheetos no chão pra garota ter o que limpar?

— Culpa sua, Ryan — Douglas se defende. — Ela chegou aqui dizendo que você tinha falado que alguém tinha derrubado algo no chão. Te fiz um favor pra ter dar algum tempo lá em cima com a mina.

A respiração funda de Samara ecoa pela sala enquanto ela leva o aspirador para limpar a sujeira recém feita por Nathan.

— Tá nervosinha? — ele questiona, empurrando o aspirador com o pé.

— Para com essa porra — Samuel dá um tapa na cabeça dele. — Deixa a garota fazer o trabalho dela ou tu vai pagar o dobro.

— O caralho que eu vou — Nathan se levanta. — Se eu estipulei um valor, ela tem que fazer e ponto final — ele se inclina na direção da Samara: — E não mexe nos meus troféus, ouviu?

— Que idiota — ouço a voz baixa vindo de trás de mim, me fazendo virar para encontrar Lucy de pé na entrada da sala, segurando uma pá de lixo e uma vassoura. Provavelmente ela foi buscar os itens, por isso não estava aqui quando cheguei.

Vou ao seu encontro, aqui cabe dizer que não sei exatamente porque fiz isso, e, como o esperado, ela não recua ou se afasta. Ao contrário, ergue o olhar para mim.

— Você ainda tá aqui — observo.

Ela me encara, não muito interessada. Parece entediada e coberta de ódio.

— Vou ajudar Samy até o horário dela acabar — informa.

— Tem certeza que não é pra ficar mais tempo pertinho de mim? — me apoio no batente da porta, dando um sorriso.

Lucy respira fundo, assim como sua amiga fez com Nathan.

— Não me leva a mal, mas quero ficar o mais rápido possível longe de você e desses seus... amigos.

— Por quê?

Não sei o que me deu pra perguntar isso, também. Talvez o lance de, também, pela primeira vez, ouvir uma mulher falando que queria distância de nós; mas a merda toda foi que perguntei, e a resposta da Lucy quase me fez rebater e dar motivos a ela pra mudar de ideia a nosso respeito.

Tempestade de Gelo #1 (NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora