No sábado à noite, Brad vem me buscar em casa. Ele até gosta da minha mãe e troca meia palavra com o meu pai, que também não ajuda já que não é muito de papo, principalmente quando se trata de pessoas que ele não conhece.
Eu termino de colocar meus saltos e me levanto da cama para ir dar uma olhada no espelho. Não estou a típica Lucy de todo dia, sem graça e sem brilho. Meu vestido de alcinha e colado com comprimento acima do meio das coxas talvez seja um pouco provocante, e não seria tão chamativo se eu não tivesse colocado os saltos e enchido a cara de maquiagem.
Mas enchi. Chutei para longe a mesmice e acho que mereço um dia de diversão e ousadia. Afinal, eu não trabalho tanto para nunca desfrutar.
Pego minha bolsa, jogo o celular e o carregador dentro, e saio do meu quarto para ir ao encontro de Brad na sala.
Ele está sorrindo de algo que minha mãe está contando, ambos sentados no sofá, e, de repente, eu me pego parando no lugar.
Brad está lindo, preciso admitir. Momentaneamente, ele não parece mais o cara do trabalho, comum com seus olhos escuros, cabelos castanhos e sorriso fácil.
Ele cortou os cabelos, deixando-os baixinhos e espetados, e colocou uma camisa social, que o faz parecer mais alto e, estranhamente, sedutor. Eu nem sabia que ele poderia parecer tão... assim.
— Podemos ir? — ele se levanta, me fazendo perceber que estou parada, olhando em sua direção.
— Ãn, podemos — balanço a cabeça, em um agito anterior para me recompor. — Mãe, volto antes das duas — aviso.
Ela me olha com um pouco de apreensão.
— Tão tarde assim, filha?
— Não se preocupe, Heloise — Brad vem a meu favor —, eu fico de olho nela.
— Obrigada, querido — minha mãe fica visivelmente satisfeita e mais aliviada.
Nos despedimos e seguimos para o carro dele, que está estacionado em frente minha casa.
— Você está linda — Brad me elogia enquanto gira a chave, me tirando um sorriso.
— Sabe que eu ia dizer a mesma coisa? — dou uma piscadinha para ele, que desvia o olhar com um aceno de cabeça, sorrindo. — É verdade, adorei seu visual noturno.
— Meu visual noturno? — ele repete.
— Isso, ficou parecendo um galã — coloco o cinto.
— Obrigado — Brad dá um riso entrecortado. — Você não bebeu, né?
Dou risada.
— Você sabe que não bebo. Aceite o elogio. E, ah, podemos pegar a Samy no caminho?
— Claro que sim — ele concorda, dando partida no veículo.
***
Alguns bons minutos depois, nós três estamos entrando na boate lotada. Vasculhamos por um lugar na área de assentos, mas não encontramos, então decidimos ficar de pé perto do bar.
Samy parece estar um pouco fora do lugar com os olhos piscando por causa da luz que vem do globo de led, e olhando ao redor enquanto Brad pede uma bebida.
— Como se diverte aqui? — ela pergunta, puxando a barra do shorts jeans que usa.
Dou um sorriso, me virando para pegar a latinha de coca que Brad me oferece, e também passa uma para Samy.
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Tempestade de Gelo #1 (NA AMAZON)
ChickLitRyan Smith tem um sonho: escrever algo que possa compartilhar com o mundo. O problema é que sua única fonte de inspiração são seus três amigos vazios, com quem divide uma casa, os dias e os problemas. Lucy Waller não contava que seus dias poderiam...